Após correr a Maratona de Boston (16/4), que terminei em 3:04:52, resolvi participar de alguma outra prova em data próxima, para apro­veitar a viagem aos Estados Unidos. Descobri na internet que haveria uma meia em Indianápolis no dia 5 de maio. 

A cidade de Indianápolis é um dos templos do automobilismo mundial, em função das 500 Milhas que acontece todo ano no último domingo de maio no autódromo Indianapolis Motor Speedway, e sendo fã de automobilismo, ao saber que a prova faz parte do calendário das festividades que antecedem as 500 Milhas e que, ainda, em seu percurso estava prevista uma volta completa no circuito oval, resolvi fazer minha inscrição.

No momento da inscrição pela internet escolhe-se o tamanho da camiseta, participação do jantar de massas (pago à parte) e o tempo previsto para conclusão da prova para definição da baia na largada, devendo-se enviar posteriormente pelo correio o resultado de outra prova conforme estipulado para comprovação. Ao longo dos meses que antecedem o evento recebi alguns e-mails informativos.

Cheguei em Indianápolis dia 4 de maio e fui retirar meu kit, contendo número de peito com etiqueta indicando minha baia de largada, chip e um lacre para prendê-lo ao tênis, ingresso para assistir ao 1º dia de treinos para as 500 Milhas, e sacola para usar no guarda-volumes. No mesmo local aconteceu uma feira de esportes com vários estandes, porém bem menor que a da Maratona de Boston.

No dia seguinte cheguei faltando apenas 30 minutos para a largada, mas devido à ótima organização, pude levar minha sacola ao guarda-volumes, fazer meu aquecimento, utilizar o sanitário, e entrar na baia A, logo após a elite, sem problemas, apesar da presença de 35 mil corredores!

O clima estava ótimo, com temperatura em torno de 15ºC e céu nublado, um verdadeiro paraíso se comparado ao ocorrido em Boston semanas antes. A largada ocorreu no centro da cidade às 7h30 sem tumultos e além da tradicional buzina, também era agitada uma bandeira verde alusiva ao que ocorre nas largadas de corridas automobilísticas.

Inicio com cautela, sem forçar, afinal vinha de uma maratona desgastante há 3 semanas, mas aos poucos me sinto bem e aproveito o clima ameno para imprimir um ritmo mais forte. Ao longo do percurso quase todo plano foram montados 11 postos de água, 5 de isotônico, marcos a cada milha e de 5 em 5 km, cerca de 120 bandas tocando principalmente rock, e bandeiras coloridas indicando procedimentos emergenciais a serem tomados pelos atletas em função das condições climáticas e/ou algum fator externo.

Vamos nos distanciando do centro em direção ao autódromo, até que finalmente o avisto e passo a correr paralelamente a ele, até chegar numa de suas entradas; através de um túnel entro na pista oval de 2,5 milhas. Passo a contemplar tudo a minha volta, chegando até a reduzir um pouco o ritmo neste primeiro contato com a pista. Entro na reta principal e cruzo pela linha de chegada das provas automobilísticas, onde existe um pequeno trecho calçado com tijolos do piso original. Procuro aumentar o ritmo novamente e completo a volta na pista, saindo por outro portão para ganhar as ruas novamente em direção ao centro da cidade, onde a maioria da torcida estava concentrada nas proximidades da largada e chegada, com poucas pessoas assistindo ao longo do percurso.

Concluo a prova em 1:25:58 na 243ª colocação, sendo que até o 500º colocado recebia uma segunda medalha chamada Club 500. Após a chegada retirava-se o chip, recebíamos uma bonita medalha, cuja fita é quadriculada como a bandeira de chegada das provas automobilísticas, e na seqüência uma sacola plástica para colocar os alimentos oferecidos.

A saída deste longo funil era num parque com áreas determinadas para as pessoas reencontrarem seus familiares e depois aproveitar a festa comendo em algumas barraquinhas de alimentos/bebidas, porém a serem pagos por cada um. Os resultados foram sendo publicados em seguida, e a organização disponibilizou terminais para impressão de nosso tempo final e parciais ao longo da prova. A prova foi transmitida por uma rede de TV local.

No dia seguinte fui ao Indianápolis Motor Speedway, onde foram oferecidas panquecas como café da manhã e depois assisti ao primeiro dia de treinos para as 500 Milhas, tudo incluso na inscrição, encerrando assim a programação da meia-maratona.

Segundo informações dos organizadores esta é a meia-maratona com maior número de inscritos nos Estados Unidos e a terceira maior do mundo. Este ano contou com 35 mil inscritos dos 50 estados norte-americanos e de 7 paises (Austrália, Brasil, Canadá, França, Suíça, Grã-Bretanha, Hong Kong), dos quais 29.219 completaram a meia-maratona (15.246 mulheres!) e 3.549 a caminhada e corrida de 5 km.

Aos possíveis interessados em participar desta prova, o site da organização é www.500festival.com, onde podem ser obtidas maiores informações. Neste caso vai uma dica: as inscrições costumam esgotar no inicio de dezembro. Indianápolis esta situada no estado da Indiana, no meio leste dos EUA, a cerca de 3 horas de ônibus/trem de Chicago, possuindo também aeroporto. Sua principal atração turística é o autódromo com um museu dedicado ao mesmo.

De uma forma geral vale a pena participar desta prova, principalmente se conciliada com alguma outra que pretendam participar, ou se estiverem visitando Chicago ou a costa leste do país.

Rui Marcelo é assinante de São Bernardo do Campo