Foram quatro anos com a imagem de Franck Caldeira passando feito um bólido pela orla de Copacabana durante a maratona do Panamericano de 2007 na cabeça: queria, um dia, correr feito o atleta, que levou o ouro na prova. Em 2011, quando voltou para aquele mesmo ponto da praia, perto de onde mora, para torcer pelo irmão, que participara de sua primeira meia-maratona, Edivan Barbosa resolveu que era a hora de começar a se mexer para transformar aquele sonho em realidade. O porteiro, então com 38 anos, sedentário, hipertenso e obeso, começou a caminhar na praia. Com muito esforço, começou a intercalar trotes e caminhada, até conseguir sustentar uma corrida leve. Dali a três meses já cruzava a linha de chegada de sua primeira corrida de rua.
Coincidentemente ou não, chamava-se 10k Rio Corrida Panamericana."Foi na segunda edição do evento, que agora virou a Corrida Eu Atleta 10k Rio, organizada pela Yescom. Eu sei que muita gente fala isso, mas a corrida mudou minha vida. Emagreci, diminuí consideravelmente minha dependência dos remédios para controle da pressão e me sinto muito mais disposto para trabalhar e ver meus filhos crescerem. Quero chegar aos 80 anos correndo", afirma Edivan, que aos 41 anos coleciona medalhas de diversas provas de 10km e já participou de três meias-maratonas. "Meu irmão foi meu mentor e grande incentivador, e um morador do prédio onde moro e trabalho virou um grande companheiro das corridas."
Além de conseguir afastar complicações cardíacas com a ajuda do esporte, Edivan também superou as dores na coluna que o perseguiam graças à corrida. O problema era aquele comum a quem vive no sedentarismo e, por conta disso, sofre as consequências do excesso de peso. "No meu trabalho fico muito tempo parado, sentado. Sem disposição para me exercitar, a coluna gritava, travava, às vezes não conseguia me mexer, me virar na cama. Agora muitos quilos foram deixados para trás, mas ainda faltam alguns para eu ficar magrinho e voar igual ao 'seu' Márcio", ri, mencionando Márcio Silveira, o morador do prédio de Copacabana que já completou quatro maratonas e é parceiro de muitos longões na orla da Zona Sul carioca.
Já inscrito para os 21 km da Maratona do Rio, em julho, Edivan anda meio preocupado. Acostumado a pular cedinho da cama para estar no asfalto às 5h30 da manhã, antes de ocupar seu posto na portaria, acabou arrumando umas horinhas a mais para dormir nas últimas semanas. Admite que a paixão falou mais alto e abusou um pouco do esporte. Resultado, se lesionou: encontra-se já no final do tratamento com fisioterapeuta de uma fasciite plantar. "Estou até triste nessas últimas semanas, sem poder correr. Mas logo, logo eu retomo aos meus treinos para participar da corrida ainda melhor. Até comecei a fazer reforço muscular para não ter outros problemas. Aprendi que quem corre também precisa descansar", destaca o corredor, que tem planos sérios para um futuro bem próximo: "No ano que vem, ano das Olimpíadas no Rio, quero fazer minha primeira maratona e aí vou poder realizar o sonho de virar um pouco o Franck Caldeira". Boa sorte, Edivan!