Notícias admin 24 de maio de 2016 (0) (108)

Dos 5 km aos 42 km, só deu Brasil na Disney

Mais uma vez o Brasil fez a festa na Disney. A maratona, prova principal, foi disputada sob alta umidade e acabou afetando a performance dos participantes e aumentando consideravelmente os tempos finais, mas não tirou o brilho do evento, que se supera a cada ano. Foram 19.838 concluintes nos 42 km, sendo 9.523 homens e 10.315 mulheres. Nos 21 km, os números foram ainda maiores: 21.497 terminaram a prova, sendo 9.194 homens e 12.303 mulheres.
Além de garantir o já tradicional título da maratona com o baiano Fredison Costa, que conquistou o pentacampeonato e que atualmente mora nos EUA, o Brasil marcou presença no lugar mais alto do pódio, com um único atleta, também nas três provas mais curtas (5, 10 e 21 km) que fazem parte da chamada Disney Marathon Weekend.
O autor da façanha foi Marcelo Avelar, que mora em São Paulo há 10 anos. Corredor há 6, o baiano, que é professor de Educação Física, tornou-se o primeiro participante da história da Disney a conquistar as três provas, que junto com a maratona, fazem parte do Desafio do Dunga.
Foi um sonho de criança que o levou a Disney. E conseguir unir esse sonho com corrida foi algo para lá de especial. Especialista em provas de distâncias menores, Marcelo acreditava que poderia se dar bem nos 5 km e talvez nos 10 km, mas vencer também os 21 km foi uma surpresa. "Nos 10 km eu arrisquei um ritmo forte. Teve uma briga até o km 3, mas depois liderei a prova toda. Já a meia-maratona foi dura. Estava um pouco cansado dos dois dias anteriores. Assumi a liderança por volta do km 10 e fui abrindo distância. Aí foi manter o ritmo e abraçar o Pato Donald", conta o atleta, que se emocionou ao ver os personagens que marcaram sua infância na chegada.

DOBRADINHA NOS 42 KM. Depois de três dias seguidos vendo a bandeira brasileira tremular no lugar mais alto do pódio, o domingo de maratona não reservou nenhuma surpresa, pois se esperava mais uma vitória verde e amarela. Os 42 km marcavam mais um encontro de Fredison Costa e Adriano Bastos, os atletas mais vitoriosos na Disney. Mas, dessa vez, Bastos, que é octacampeão da prova, surpreendeu a todos revelando, às vésperas da competição, que esta seria sua despedida da corrida que o consagrou e que correria apenas para completar. "O que eu tinha que fazer na Maratona da Disney já fiz. Escrevi meu nome na prova e chegou o momento em que não me vejo mais em condições de continuar brigando pela vitória. Resolvi então encerrar esse ciclo", revelou o ex-campeão.
O duelo esperado não aconteceu, mas isso não tornava o caminho da vitória totalmente livre para Fredison. O paranaense Matheus Trindade retornava à Disney depois do vice do ano passado, e dessa vez com a marca de 2h18 no currículo, obtida no mês de outubro na Maratona de Amsterdã, na Holanda.
Mesmo assim, Fredison não encontrou dificuldades para garantir o pentacampeonato. Depois de um início forte, para tentar fechar os 42 km em 2h15, o paulista não conseguiu manter o ritmo, mas em nenhum momento teve a liderança ameaçada. A umidade alta acabou atrapalhando os atletas, tornando a prova dura e os tempos finais bem mais altos em relação aos outros anos, e bem acima das marcas em centenas de maratonas pelo mundo.
Fredison cruzou a linha de chegada com 2:33:34! Na segunda colocação ficou Matheus Trindade, em 2:34:49. O pódio foi completado pelo americano Jeff Martinez, que terminou em 2:36:00.
Adriano Bastos fez sua despedida oficial finalizando em 2:51:19. O atleta paulista se despede da Disney com oito títulos e o recorde de vitórias na prova. Na edição de 2016, Adriano não deixou de levar mais uma lembrança para casa. Mesmo correndo sem buscar performance, foi campeão da categoria 35-39 anos.

SEM PÓDIO NO FEMININO. Na maratona feminina, nenhuma brasileira no pódio, dominado por americanas, tendo a campeã completado em 2:52:23, portanto também bem distante das mulheres sub 2h30, como acontece nas Majors e outras maratonas importantes.
A paulista Giovanna Martins, que defendia o título conquistado ano passado, parou por causa de uma torção no pé. Com o dia ainda escuro (a largada é às 5h30), Giovanna pisou num buraco. "Aconteceu algo que você nunca vai imaginar que podia acontecer numa prova destas. O buraco até estava protegido por um cone, mas acho que alguém esbarrou e saiu do lugar. E eu estava correndo no pelotão e o dia estava escuro ainda. Na adrenalina, mantive o ritmo e fui embora. Mas comecei a sentir o pé formigar e houve um momento que não estava mais aguentando de dor. Resolvi parar, perdi a 3ª posição, tentei voltar, mas já não dava mais", conta Giovanna até tentou seguir só para terminar, mas não deu.
A atleta tinha como objetivo parar de fazer maratona um tempo e se dedicar este ano às provas mais curtas, até como uma forma de tentar evoluir nos 42 km e fazer uma excelente marca em 2020. "Preciso chegar no Brasil e pensar direitinho porque agora essa prova ficou entalada. Ficou um nó na garganta e pode ser que eu volte em 2017."
Com a desistência de Giovanna, a melhor colocação brasileira foi da mineira Claudia Dumont, que terminou em 8º lugar no geral, com 3:08:47, e foi campeã na categoria 35-39 anos. Essa foi a quinta vez que ela marcou presença na Disney, sempre com bons resultados. Em 2013, foi a 3ª geral.
"Esse ano o clima estava bem diferente. Não estava frio e havia uma neblina baixa. Muita umidade. Eu senti muito as condições durante a prova e meu ritmo caiu consideravelmente", explica Claudia. "Não quis arriscar antes dos 21 km para não faltar energia no fim. Quando passei a metade da prova já senti que seria difícil. No km 30 percebi que o que me restava era completar a prova, já que o corpo não respondia bem", conta a mineira, que faz questão de ressaltar o quanto a prova da Disney é especial. "A forma com que cuidam de cada detalhe é incrível. A largada é em ondas e para cada onda há uma festa com fogos. No percurso, bandas e personagens da Disney dão a maior força. Passar por dentro do castelo da Cinderela é mágico. É uma prova alegre, que mesmo quando o resultado não sai como esperado, a sensação é de vitória."

DESAFIO DO PATETA. Outro destaque foi o gaúcho Jeferson Dias, que finalizou a maratona de mãos dadas com Bastos e Avelar e teve a melhor participação na soma dos tempos no Pateta, finalizando o Desafio com 1:18:57 na meia e 2:51:20 na maratona. Aos 33 anos e corredor desde 2007, Jeferson está acostumado a longas distâncias, mas não sabia como seu corpo reagiria a dois estímulos fortes seguidos, correndo a meia no sábado e a maratona no domingo. Apesar de o evento não premiar os melhores tempos dos Desafios do Dunga (também as provas de 5 e 10 km) e do Pateta, por considerar eventos festivos, claro que para Jeferson fica o gostinho especial de vitória.
"Desde o dia em que efetivei a inscrição a ideia era tentar fazer o melhor tempo do Desafio do Pateta. Meus amigos que já haviam corrido em edições anteriores comentaram que essa era uma prova diferente, mas sinceramente não achei que seria tão bacana correr dentro dos parques e cruzar com tantos personagens que fizeram parte da minha infância. Parece meio bobo, mas foi demais", conta Jeferson, que revela ainda que a maior emoção da prova foi ter tido a oportunidade de cruzar a linha de chegada ao lado de Adriano Bastos, que conheceu no dia anterior. "Ele é o maior ícone da Maratona da Disney, depois do Mickey", brinca o atleta. "Não fosse ele ter alavancado e divulgado tanto essa prova, talvez eu não estaria lá. Realmente foi algo que jamais esquecerei."
A ideia dele era manter distância de Bastos e ver de forma privilegiada sua despedida. "O Adriano estava no meu visual desde o km 38. Foi então que o Marcelo (Avelar) me ultrapassou e encostou no Adriano. Mantive a distância por mais alguns metros e em seguida encostei nos dois. Na mesma hora o Adriano me incentivou batendo palmas e dizendo para eu seguir em frente, que faltava pouco", lembra Jeferson, que preferiu respeitar o octacampeão e com ele ficar. "Eu não me sentia no direito de ultrapassá-lo, pois ele é uma grande referência para mim. Na mesma hora ele disse: 'Então cruzaremos os três juntos'." A chegada do trio foi anunciada com entusiasmo e emoção pelo locutor oficial da prova.

PAULA RADCLIFFE. Outro destaque brasileiro foi a atleta master Ana Luiza Garcez ("Animal"), que foi 2ª colocada geral nos 5 km (19:21), 5ª nos 10 km (40:21) e 6ª nos 21 km (1:27:09), vencendo na categoria 50-54 anos as três provas que participou e também chamando atenção dos locutores oficiais quando cruzou a linha de chegada na meia maratona, depois de ter corrido duas outras provas seguidas. "Incrível, ela tem 53 anos", falou em alto e bom tom o locutor.
O evento contou com a participação de uma convidada ilustre, a britânica Paula Radcliffe, ainda recordista mundial de maratona, que marcou presença nos 10 km e na meia-maratona.

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