Não é necessário ficar muito tempo na linha de chegada dos eventos que fazem parte da Disney Marathon Weekend, que aconteceu entre os dias 5 e 8 de janeiro, para ver uma bandeira verde e amarela tremulando na reta final. Na verdade, o fato é tão recorrente que assim que uma bandeira é avistada de longe os locutores logo se apressam em ressaltar em alto e bom tom: "mais uma bandeira brasileira".
Foram 1.069 concluintes brasileiros, considerando maratona, meia-maratona e Desafio do Pateta (meia + maratona). Em relação ao ano passado, o crescimento foi de 13% (950 em 2011). Mais uma vez foi expressiva a participação na meia-maratona, com 733 corredores, contra 139 na maratona e mais 197 no Pateta, números que ficaram estacionados. Vale lembrar que não estão considerados os brasileiros que moram nos EUA, e que não são computados na listagem de resultados oferecida pela organização, nem os do revezamento de 21 km que aconteceu (pela primeira vez) junto com a maratona e cujos dados não foram divulgados por país.
No total de todas as provas, terminaram 31.291, sendo 8.032 na maratona, 16.963 na meia, 5.472 no Pateta e mais 824 no revezamento. O evento comemorou 15 anos de existência.
DA MONTANHA PARA O ASFALTO. Não é de hoje que o Brasil faz sucesso também nos pódios na Disney. Das 15 edições realizadas, o país esteve no lugar mais alto na maratona 12 vezes no masculino e mais 2 no feminino (veja no boxe os campeões brasileiros na Disney ao longo dos anos). Só Adriano Bastos venceu sete vezes. Já na meia, a novidade deste ano foi a vitória de José Virgínio de Morais, que conquistou a primeiro título para o Brasil, finalizando os 21 km em 1:10:12. As duas provas não oferecem qualquer premiação em dinheiro, daí não contarem com atletas da elite internacional.
O brasileiro treinou para vencer a competição, que aconteceu no sábado e teve sua largada a partir das 5h30, dominando a competição do início ao fim. Considerado o Rei da Montanha, apelido herdado nos 600k da Nike em 2010, Virgínio mostrou que pode ser bom também em provas planas. "Foi muito bom. A corrida é rápida. Consegui liderar do primeiro passo ao último e esse era o objetivo. Foi um ano buscando isso. Fui convidado por um aluno para vir, que pagou todas as despesas para mim. Ele se machucou e não pode vir, mas eu fiz as honras da casa", disse, muito emocionado ao final.
Virgínio, que também é treinador, é tricampeão brasileiro de Corrida de Montanha; ele tinha a intenção de participar também da maratona, mas desistiu na manhã da prova. "Eu estava muito dolorido da meia, que corri forte. Minha intenção era correr por performance a maratona. Resolvi me poupar e quem sabe o ano que vem eu volte para tentar fazer as duas e buscar um resultado inédito para o Brasil, com uma vitória na meia e um lugar entre os três melhores nos 42 km."
DISPUTA BRASILEIRA NA MARATONA. Já na maratona, não era necessário bola de cristal para ver que este ano, mais do que qualquer outro, a prova prometia. E não havia dúvida, nem dos organizadores, que a grande disputa pelo título seria entre brasileiros. De um lado, Fredison Costa tentava defender o título conquistado em 2011, quando venceu pela primeira vez. Do outro, Adriano Bastos, que não escondeu em nenhum momento que estava retornando à prova para retomar o título perdido no ano anterior.
A largada aconteceu também às 5h30, noite ainda, no Epcot Center. Desde o início os dois atletas já tomaram conta da disputa, travada quase até o final, quando Fredison conseguiu escapar na última milha para conquistar sua segunda vitória. Ele finalizou em 2:19:02, batendo seu recorde pessoal na distância.
Bastos, que ano passado teve problemas com uma virose às vésperas da disputa e não conseguiu correr como queria, reconheceu a superioridade do adversário ao final. "Estou feliz com o resultado. Claro que não vencer me deixa um pouco decepcionado, mas sei que dei o meu melhor e fui superado por alguém que correu mais forte, fazendo inclusive a melhor marca dele aqui. Corremos ombro a ombro quase a prova inteira e no final ele começou a forçar. Ainda tentei resistir, mas vi que não dava", comentou Bastos. Mesmo chegando na segunda colocação, o atleta não deixou de fazer a surpresa já habitual que promove todos os anos. "Eu tinha preparado para chegar de Minnie. No momento em que vi que não dava mais para vencer a prova, coloquei a sainha, a tiara e resolvi promover a festa mesmo assim."
Fredison não escondia a alegria de ter conseguido superar Bastos, depois de uma dura batalha. "Estou vindo de várias lesões, mas consegui superar isso. Foi uma prova muito difícil, com ritmo forte desde o começo. O adversário tentou forçar o ritmo o tempo todo, principalmente na metade da prova e depois no km 35. Foi uma glória vencer e ainda com a minha melhor marca", conta Fredison, que diz só ter acreditado na vitória depois que cruzou a linha de chegada. "Quero voltar aqui o ano que vem em melhores condições para tentar o tri", falou o campeão, que dedicou a vitória aos filhos, Juliana e Gustavo, que ficaram em casa, e à esposa, que estava presente na prova.