Nestes tempos em que as pessoas estão correndo mais para se divertir, para maior convivência social, em que a palavra de ordem é apenas completar, qualquer que seja o resultado, pode ser interessante para alguns experimentar algo diferente e desafiador: fazer uma maratona pra valer.
Todos lembram da primeira prova de 10 km, de como foi difícil e emocionante, mas depois de algum tempo em que a distância vira rotina, participar dessas corridas perde um pouco a graça. Depois, para se motivar, muitos vão para a meia-maratona, e aí o desafio salta de patamar, porque o treinamento tem que ser encarado mais seriamente; porém, da mesma forma que aquelas primeiras provinhas, descobre-se que os 21 km não são um bicho de sete cabeças, desde que se proponha a completá-los numa boa.
Alguns, ainda, colocam no seu cardápio de corridas as ditas "de montanha", em que normalmente mais se caminha do que se corre, mesmo porque um acessório considerado indispensável nesses eventos é o celular, para fotografar a paisagem e principalmente se fotografar. Aqui, a emoção fica mais por conta das dificuldades do percurso (passagens por riozinhos, escaladas, despencadas) e menos pelo esforço na corrida, ficando em absoluto segundo plano o tempo de conclusão.

SUPERAÇÃO. Então, chega uma hora em que muitos corredores começam a se perguntar: por que esses tais de maratonistas se acham tão diferentes? Será que enfrentar os 42 km é mesmo algo assim especial, que motiva milhares de provas pelo mundo a se preparar para a distância? A resposta mais apropriada parece ser: só fazendo uma maratona para saber a sensação de superação que se tem.
E este sentimento não se restringe ao dia da corrida em si, mas começa bem antes, nos meses de preparação, compreendendo a dedicação aos treinos, a mudança de hábitos, a perda de peso, daí que no final dos 42 km vemos as pessoas gritando, chorando, esgotadas e felizes! Um visual difícil de constatar nas provas de menor distância…
Mas essa evolução no perfil de um corredor não termina com a primeira maratona. É verdade que muitos ficam numa experiência única, mas a maioria quer mais, em outros locais e, se possível, com marcas mais rápidas.

RANKING DA CR. Para estimular esse caminho, a CR lançou, logo em seu segundo ano (1994), o Ranking Brasileiro de Maratonistas, uma listagem seletiva por faixa etária, para valorizar aqueles que se esforçam para correr bem os 42 km, assim como para prestigiar as provas oficiais do país. E os que conseguem entrar no Ranking têm direito ao Diploma de Maratonista, um prêmio mais do que merecido, na medida em que apenas 1/3 dos que fazem maratonas por aqui são selecionados.
O ingresso no Ranking da CR não é algo fácil, mas absolutamente viável para os que se dedicam aos treinamentos, existindo atualmente 10 opções para a obtenção de marcas, apresentadas no quadro.
Ranqueado entre os melhores maratonistas por faixa etária no Brasil (a listagem sai na edição de janeiro), pode o corredor buscar a láurea maior: a qualificação para a centenária Maratona de Boston, a única a usar um critério seletivo para inscrição.
A dificuldade aumenta, pois significa conseguir resultados em torno de meia hora mais rápidos do que para o Ranking da CR, mas, da mesma forma que nessa primeira seleção, o esforço vale a pena, pelo sentimento de vitória ao se obter a qualificação para Boston e depois lá correr, sabendo que se estará entre os melhores do mundo.

Passos para chegar à elite dos maratonistas
1º – Complete uma maratona
2º – Ingresse no Ranking da CR
3º – Consiga qualificação para Boston

Tempos de qualificação para Boston

IDADE HOMENS MULHERES
18-34 3h05 3h35
35-39 3h10 3h40
40-44 3h15 3h45
45-49 3h25 3h55
50-54 3h30 4h00
55-59 3h40 4h10
60-64 3h55 4h25
65-69 4h10 4h40
70-74 4h25 4h55
75-79 4h40 5h10
80 + 4h55 5h25
Obs.: Idade no dia da prova; qualificação em maratonas oficiais entre outubro e setembro; para garantia da vaga, tempos 2 a 3 minutos inferiores aos da tabela.