Foi a primeira meia-maratona que participei fora do Brasil e achava que pelo fato de estar indo para a França, onde tudo é muito bonito e organizado, só teria elogios a fazer. Mas me deparei com o oposto, pois desde o momento em que fomos (eu, minha esposa e mais três amigos também de Fortaleza) pegar os kits e a tão esperada camisa da prova com uma malha especial e muito bonita, recebemos uma camiseta de malha ordinária de cor laranja, totalmente sem graça, que nem tivemos a coragem de desfilar correndo na nossa beira-mar, ao retornarmos.
No dia da prova, fomos cedo de metrô até o Parc Floral e ao chegar no local de guarda-volumes, pois tínhamos muitas roupas para nos proteger do frio inesperado, nos deparamos com um galpão minúsculo pela quantidade de atletas que se esbarravam para chegar ao seu espaço determinado pela sua numeração.
Depois veio aquela vontade de ir ao banheiro e no galpão não conseguíamos chegar aos banheiros existentes e que com toda certeza estariam lotados; do lado de fora eles colocaram meia dúzia de banheiros químicos, naturalmente com filas imensas em cada um (eram 20 mil participantes!), e como era de se esperar, vi muitos atletas escondidos(as) nas árvores secas do parque fazendo suas necessidades. Para piorar, o frio estava muito além do que esperávamos, pois a previsão era de 7°C a 10°C quando saímos do Brasil, mas no dia, por conta dos fortes ventos a sensação térmica era de -10° ao longo do caminho.
Na largada foi uma festa, todos aquecendo com a música do Black Eyed Peas (I Gotta Feeling) bem alto e repetidamente. Muitas pessoas usavam um saco plástico em forma de colete para se proteger do frio e quando foi dada a largada você podia ver aquela massa de corredores se movimentando vagarosamente, para poder passar seus chips no tapete e dar início a contagem do tempo.
CASCA DE BANANA NO CHÃO! O primeiro problema enfrentado por todos nós foi quando nos primeiros mil metros os sacos eram jogados no chão e às vezes enroscavam nas nossas pernas, sendo necessário chutar para os lados para não tropeçar e cair; depois veio o primeiro ponto d'água e para surpresa nossa tinha banana e pedaços de laranja, que os atletas comiam e largavam no chão sem nenhuma responsabilidade para com os que vinham atrás. Imaginem então uma pista molhada com cascas de banana e de laranja espalhadas ao chão…
Continuamos correndo e apreciando as belezas de Paris, passamos duas vezes pela Praça da Bastilha, ao lado do rio Sena, e outras paisagens que por conta da época não estavam tão bonitas, pois no inverno o cenário é muito parecido com o nosso sertão assolado pela seca. No km 18 após encontrar um atleta do Brasil, mais precisamente de São Paulo (Arujá), trocamos algumas palavras e depois me despedi dizendo que meu objetivo era baixar tempo e segui.
Quando avistei o primeiro fotógrafo (que comercializam as fotos depois) foi uma alegria, pois o fim da prova estava se aproximando e a vontade de bater o meu recorde era grande; passei então por mais um fotógrafo, ainda com muita alegria e vontade de chegar, já visualizando o arco pelo qual passaríamos os nossos chips, mas avistei uma multidão pela frente e achei que fosse outro fotógrafo e as pessoas estavam tirando fotos em grupo ou algo parecido. Ledo engano, o que houve mesmo foi um engarrafamento de atletas desesperados para passar pelo pórtico e finalizar a prova.
FILA ANTES DA CHEGADA! Como estou acostumado a fazer em treinos ou provas, não zerei o meu cronômetro quando tive que parar bruscamente na multidão, pois só o faço na linha de chegada. Foi então que percebi a confusão armada. Que desorganização! Todos praticamente parados e imprensados, por uns 10 minutos cantando alguma coisa de protesto em francês. Quando consegui ultrapassar o tapete e zerar meu cronômetro, com vários minutos de atraso, que não sei precisar quanto, é que entendi o que tinha acontecido: a (des)organização da prova colocou várias pessoas sentadas em banquinhos para retirar os chips dos atletas logo após a chegada e isto gerou o congestionamento.
Logo depois aconteceu a entrega das medalhas e novamente uma situação absurda. Ao encontramos alguns amigos que estavam nos esperando, constatamos que eles também tinham recebido as mesmas medalhas, distribuídas aos montes por algumas pessoas da organização! Fiquei indignado com o ocorrido, e serve para reconhecermos o que de bom acontece por aqui.
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o comentário acima não pertence a mim, mas endosso tudo que foi dito porque sofri do mesmo geito que o colega corredor. ausencia de fotografos ou os que ali estavam pareciam particulares diferente da meia maratona de londres em 10/10/2010 onde fui fotografado do início ao fim da prova, não contratei nenhum, apenas aconteceu. jaime.