Mesmo com febre e fora de suas melhores condições atléticas, o catarinense Darlan Romani (Pinheiros) conquistou nesta quarta-feira (dia 7) a primeira medalha de ouro do atletismo brasileiro na prova do arremesso do peso dos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Estádio de La Videna, no Peru.
O brasileiro fez uma prova excepcional, confirmando o favoritismo. Ele conseguiu nada menos do que os seis melhores resultados do evento. Venceu com 22,07 m, novo recorde do Pan-Americano. O anterior era do jamaicano Richards ODayne, com 21,69 m, estabelecido em Toronto, Canadá, em 2015.
Darlan fez uma série fantástica com a sequência de marcas de 20,81 m, 20,92 m, 21,19 m, 21,16 m, 21,54 m e 22,07 m. O norte-americano Jordan Geist conquistou a medalha de prata, com 20,67 m, seguido pelo mexicano Uziel Muñoz, com 20,56 m. O brasileiro Welington Morais ficou em sétimo, com 19,22 m.
“Só eu sei o que tive de superar nesta semana. Tive uma infecção de garganta na viagem de Madri, onde estava treinando para Lima. Tive febre alta. Pensei em pedir baixa e deixar a competição. Minha mulher, Sara, veio de emergência do Brasil para ficar comigo em um hotel, porque tive de sair da Vila. Passei uma noite muito ruim na segunda-feira. Tive de trocar oito camisetas. Acordei desidratado”, lembrou. “De qualquer forma me senti bem no aquecimento, superei de novo os 22 metros. Poderia ser melhor? Poderia, mas estou feliz com o ouro, graças às medicações e ao apoio da torcida.”
O técnico cubano Justo Navarro, que orienta o brasileiro desde 2010, comemorou o resultado. “Estou feliz. Foi um trabalho duro. Agora é focar no Mundial de Doha. O grande objetivo é a Olimpíada de Tóquio, no ano que vem”, comentou.
Darlan só competiu por insistência do médico André Guerreiro, da delegação, que o acompanhou depois de constatar 40.2 de febre, e da sua mulher, Sara, que cuidou dele na terça-feira (dia 6). “Eram remédios de quatro em horas, trouxe roupas dele do Brasil, porque não é fácil achar o número dele. Ele ficou preocupado com a nossa filha, a Alice, de 4 anos, que ficou em Bragança Paulista, mas tudo deu muito certo”, comentou.
100 m – Nas provas de velocidade, o Brasil confirmou que estava entre os favoritos e ganhou medalha de prata com Paulo André Camilo de Oliveira, nos 100 m masculino, com 10.16 (-0.5), e bronze com Vitória Rosa, na prova feminina, com 11.30 (-0.6). Rodrigo Nascimento ficou em quarto lugar, com 10.27, muito perto de um lugar no pódio.
“Foi por pouco. Vim correr pelo ouro, meu objetivo era o ouro, mas foi uma boa prova. Estou aqui no meu primeiro Pan-Americano e tenho de aprender”, disse Paulo André, paulista radicado em Vila Velha, no Espírito Santo, de apenas 20 anos, treinado pelo pai, Carlos Camilo. “Na realidade estou feliz e tenho de respeitar o Rodgers, um grande velocista”, afirmou, referindo-se ao norte-americano Mike Rodgers, vencedor da prova, com 10.09.
O Brasil não ganhava medalha nos 100 m nos Jogos Pan-Americanos havia 20 anos. A última tinha sido o bronze de Claudinei Quirino, em Winnipeg-1999, no Canadá.
Cejhae Greene, da Antigua & Barbuda, ficou com o bronze, com 10.23, deixando Rodrigo em quarto lugar. Os brasileiros vão se concentrar agora no revezamento 4×100 m, prova da qual o País ganhou a medalha de ouro no Mundial de Yokohama, no Japão, em maio. “Temos um grupo forte e apto a brigar pelo ouro”, disse Rodrigo. As semifinais do 4×100 m serão nesta quinta-feira (dia 8) e a final na sexta (dia 9).
Na prova feminina, Vitória Rosa fez uma prova perfeita e comemorou o bronze em seu primeiro Pan, apesar de ser crítica. “Estou preparada para um tempo melhor, mas o frio atrapalha muito os velocistas”, lembrou a carioca de 23 anos, que treina com Katsuhico Nakaya. “Enfrentei adversárias fortes e no fundo sei que estou um pouquinho longe de onde quero chegar.”
Vitória foi superada pela jamaicana Elaine Thompson, campeã olímpica no Rio 2016, com 11.18, e pela trinitina Michelle-Lee Ahye, com 11.27. A corredora volta à pista já nesta quinta-feira, a partir das 17:30 de Brasília, para as semifinais dos 200 m.
No salto em distância, Alexsandro Nascimento terminou na quarta colocação, com 7,77 m (0.6). Ele foi superado pelos favoritos. O cubano Juan Miguel Echeverria levou o ouro, com 8,27 m (0.3), seguido do jamaicano Tajay Gayle, com 8,17 m (0.3), e do uruguaio Emiliano Lasa, com 7,87 m (1.2). Lasa treina com Nélio Moura, em São Paulo.
No decatlo, Jefferson de Carvalho Santos terminou em 10º, com 7.317 pontos. O pódio foi formado pelo canadense Damian Warner, com 8.513 pontos, seguido de Lindon Victor, de Granada, com 8.240, e do canadense Pierce Lepage, com 8.161.