Notícias André Savazoni 22 de novembro de 2016 (0) (218)

Daniela Santarosa treina para melhorar o tempo na TTT em janeiro

Dando sequência à cobertura da Contra-Relógio da Travessia Torres-Tramandaí 2017, hoje vamos bater um papo com a corredora Daniela Santarosa (www.santacorrida.com.br), uma “veterana” participante da TTT com quatro vitórias solo nessa prova. Confira a entrevista feita por Jorge Ritter.

daniela-santarosa-2Contra-Relógio: Para começar, nos conte um pouco da experiência como corredora. Você já tem um belo currículo em maratonas e ultras, não é?

Daniela Santarosa – Comecei a correr há cerca de duas décadas, como brincadeira, para manter o pique para o surfe, esporte que pratico desde a infância. Ia e voltava correndo do colégio onde estudava, distante há dois quilômetros de onde morava. Demorei a começar a competir, o que ocorreu há pouco mais de dez anos, nas distâncias menores (10 km). Aos poucos, fui evoluindo para as meias-maratonas e maratonas e, há seis anos (após ter filho), comecei a participar das ultramaratonas. Já participei de 4 TTTs solo, fiz 100 km na Patagônia, 160 km em uma prova de 24 Horas na Esteira, Mountain Do (que ganhei na categoria Insane, de 65 km, em outubro). Nos meus cálculos, já marquei presença em torno de 150 competições, nas mais variadas distâncias. Brinco que vou dos 10 aos 100 km sem problemas.

E a Travessia Torres-Tramandaí, como entra nessa história? 

Minha primeira ultra foi a TTT, em 2011, quando venci. Repeti o feito mais 3 vezes consecutivas, conquistando o tetracampeonato em janeiro de 2015 e marcando o atual recorde feminino da prova, que é de 7h45. A TTT mora no meu coração e minha história como corredora tem muito a ver com ela. Certamente foi por causa dessa competição que meu nome passou a ser conhecido como atleta. Apesar de todos problemas (e já mencionei eles em um texto logo após vencer pela quarta vez, em 2014), sempre incentivarei as pessoas a participarem dela – e, claro, a cobrarem melhorias na sua organização e logística. Fiquei um ano sem participar, na edição de 2016. Inaugurei nessa época um novo negócio e não tive como treinar, e, além disso, planejei ficar de fora para observar de fora e avaliar melhor. A conclusão é que fico chateada de não correr. Por isso voltarei em janeiro de 2017, para tentar bater meu próprio tempo. Estou bastante animada e forte para o desafio!

Estamos falando de uma ultra de 82 kms (categoria solo) em pleno Verão, na areia, com a possibilidade de ventar… É uma prova muito difícil mesmo?

Assim como não existe maratona fácil, não existe ultra que seja uma barbadinha. A quilometragem pesa, a areia ajuda no desgaste, pois não há o retorno de passada como no asfalto. Se venta forte (vento sul), a coisa complicada mais ainda. E se dá o azar de ocorrer como em 2014, quando rolou uma tempestade e ressaca no mar…daí sim o bicho pega! O que penso é que, se está difícil, é difícil pra todo mundo. Para minimizar o “coice”, somente com a experiência e treino para o pior – minha estratégia predileta. Sempre penso na pior hipótese. Para quem vai encarar pela primeira vez, aconselho um bom planejamento e, se possível, o acompanhamento de profissionais para desenvolver uma planilha adequada e traçar um aporte nutricional. Ah, e, claro, trabalhar bastante a mente para aguentar o tranco, que é forte, sobretudo após o km 60.

Li um artigo interessante seu em que você cita um amigo e ninguém menos que Sun Tzu de ‘A arte da Guerra’. A ideia seria que ‘a TTT termina na largada’. Nos explica um pouco melhor essa!

Essa frase na verdade foi citada por um amigo que é psicólogo e também corredor, o Rafael Homem de Carvalho. Ele fez uma alusão a esse livro, no qual o autor menciona a necessidade de ter uma estratégia bem elaborada para encarar o desafio – e que “a guerra é vencida antes mesmo do início da batalha, na escolha da estratégia”. De uma certa forma, acho válido, apesar de acreditar que uma boa dose de criatividade e jogo de cintura para driblar imprevistos também é muito importante – afinal, nem tudo ocorre sempre como o planejado.

Você dá treinos hoje em dia, além de correr também, não é?

Eu inaugurei uma academia (Santa Academia) no início de 2016, focada em treino personalizado e no preparo de corredores de todos os níveis. Além disso, tenho um grupo de corrida, o Santa Corrida. Mas apenas administro e sou a “incentivadora”. Contratei profissionais de Educação Física e fico apenas na retaguarda. Hoje estudo Educação Física e pretendo dar treinos em um futuro próximo, o que é um caminho natural. Porém, tudo tem a sua hora. O momento agora é de estudar, aprender e construir algo consistente. Não há mais espaço para aventureiros.  Profissionalismo e seriedade – é tudo. Minha ideia é ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos na corrida, pois tenho certeza que isso não tem preço. Mas é uma construção, um caminho de formiguinha. Quem busca muitos atalhos pode encontrar uma ponte quebrada pelo caminho.

Quer saber mais sobre a TTT? Clique aqui e leia a primeira reportagem da série, com todas as informações da ultramaratona.

 

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