A Columbia Cruce de los Andes é uma prova de 3 dias, com 20 km a 30 km por dia, e que cruza a Cordilheira dos Andes entre Argentina e Chile. Cada ano a prova é realizada em um local diferente; este ano foi próxima a Bariloche, com a largada a 30 km da cidade e a chegada na fronteira do Chile. A participação é sempre em duplas, onde os dois devem fazer a prova juntos. O site do evento é www.clubdecorredores.com e a competição é realizada no mês de fevereiro.
Estiveram presentes este ano 15 duplas do Brasil. Meu parceiro era o Tim, de Curitiba, mas ele teve que fazer uma cirurgia nos dentes e acabei correndo com o Ernesto, de Buenos Aires. Dessa forma, nossa Equipe Brasil 1 acabou ficando binacional.
É uma prova grande, onde as inscrições se esgotam rapidamente, principalmente para os argentinos. Este ano foram 450 duplas de 12 paises. A prova tem uma estrutura complicada, pois todos ficam acampados em barracas. Imaginem 900 pessoas (sem contar o pessoal do apoio) em um mesmo local bem afastado. Os atletas precisam colocar seus materiais (incluindo a barraca) em um container de 1,20 x 0,50 m e a organização transporta para os locais de chegada de cada dia. Os corredores levam seu próprio abastecimento e alguns itens em pequenas mochilas.
A largada foi ao lado de um lago em três momentos, separados por 15 minutos. Logo tivemos de molhar os pés em pequenos riachos e sujar os tênis na lama preta. Depois de 2 km entramos em uma trilha estreita, onde havia congestionamento em alguns locais e muitas árvores caídas. Foram horas subindo e descendo em trilhas com muita poeira. Em uma descida forte, onde os corredores iam mais rápido, não dava nem para ver o chão direito.
Passamos perto de um lago com águas de um azul fantástico. Cruzamos um rio com água pela canela, muito limpa que pudemos aproveitar e reabastecer e jogar um pouco na cabeça para refrescar. Mais um pouco de trilha e tivemos de cruzar outro rio com água pela cintura, onde havia uma corda para evitar cairmos devido à correnteza. A água estava tão fria que parecia que íamos ficar paralisados. Então foram mais alguns quilômetros e chegamos ao primeiro acampamento, ao lado de um lago. Hora de pegar o container e montar a barraca.
O banho foi no lago de água fria, mas que com um pouco de coragem dava inclusive para dar uma nadada. Também foi o local de lavarmos a roupa e o tênis, que estavam imundos, é claro. Alguns reservaram comida fornecia pela organização, mediante um pagamento de 10 dólares e outros levaram seu fogareiro e fizeram a própria comida. Para pegarmos a comida sempre havia filas, pois os locais eram improvisados e muitos eram os participantes.
No dia seguinte foi um percurso fácil de 18 km, com poucas subidas, mas as pernas estavam doloridas do dia anterior. A chegada aconteceu em um acampamento perto do El Tronador. Esta montanha tem gelo permanente, inclusive glaciais. Era um visual perfeito do acampamento, olhar o alto daquela montanha de mais de 3.000 m. Mais uma vez a rotina de pegar container, montar barraca, comer alguma coisa e esperar o almoço. O banho ficou para o dia seguinte, pois o rio que passava perto tinha água que vinha das geleiras e era mais do que fria. O máximo que deu foi molhar os pés e jogar uma água nas pernas e no rosto.
O último dia da prova foi o mais difícil, com 33 km de bastante subida. Tivemos de levantar ainda noite, pois a largada era logo que clareava o dia. Estava frio, com 1 grau positivo e foi complicado desmontar a barraca, conseguir colocar tudo no container, tomar o chá e tudo isto com a luz da lanterna.
A largada foi com o El Tronador ao fundo e depois de percorrer uns 5 km de trilhas, veio o primeiro rio de águas límpidas e em seguida muita lama preta, onde não tinha local de escape: afundávamos até metade da canela. Depois tivemos uma subida bem forte, onde "tínhamos de caminhar". Chegamos ao topo de uma montanha, com gelo permanente e pessoas da organização que tinham montado acampamento à noite. Depois uma descida forte e mais lama e muitos troncos de árvores caídos nas trilhas. Escutei um barulho que parecia de um avião e perguntei a meu parceiro que disse ser das geleiras que desprendiam do El Tronador ao longe. Por isto o nome desta montanha. No final mais 3 km de subida em uma estrada de terra e cruzamos o portal de chegada, na fronteira do Chile.
Completamos a prova em: 4h06 – 2h04 – 5h08 para cada dia. Hora de tirar fotos, comer um lanche e retornar a Bariloche. Foi outra aventura, pois tivemos que tomar um barco, um ônibus, outro barco e mais um ônibus. Pela ordem de chegada, fomos no segundo barco, onde cabiam 300 pessoas. Nós chegamos a Bariloche em torno das 20h30, mas quem pegou o último barco chegou às 23 h. O último dia foi muito cansativo, pois além da corrida, foram muitas horas neste retorno. Mas faz parte da prova, que é bem organizada. Em fevereiro de 2009 estarei novamente indo e quem quiser mais informações me contate: carlos@ecofloripa.com