Sem categoria admin 29 de fevereiro de 2016 (0) (178)

Corrida e viagem em família, uma combinação perfeita

Já ouviu aquele ditado que família que corre unida permanece unida? Realmente, deve ser um grande prazer quando toda a família pratica esta mesma atividade. É mais fácil conciliar horários de treinos, provas e até viagens que incluem corridas e turismo. Mas e quando só você é corredor dentro de casa? Não deve ser fácil convencer a família de que aquele treino é importante e que naquele fim de semana tem uma prova fundamental dentro do seu planejamento. Se você é um corredor de longas distâncias, então, não são poucas as horas reservadas para os treinos, quase sempre nos fins de semana. O que significa ficar longe da família.
Mas há quem faça da corrida um ótimo argumento para promover uma bela viagem com todo mundo. O engenheiro Hélio Masakazu Ono, de 65 anos, corredor desde o início dos anos 80, investe nos treinos cerca de 1h30 durante os dias de semana e de 2 a 3h aos sábados e domingos. Isso sem contar as aulas de Pilates e treinos complementares. Hélio confessa que a esposa Sandra encara seus treinos com reserva.
"Ela acha que eu deveria me dedicar a provas mais curtas ou com menor grau de dificuldade, em que eu poderia me divertir mais e me cansar menos. Em alguns treinos em que preciso fazer ladeiras, trilhas ou areia, acabava demorando muito mais tempo devido à distância de casa. Atualmente tenho procurado adaptar estes treinos a locais próximos, mesmo perdendo um pouco da eficiência".
Em 2007, depois de algumas viagens pelo Brasil para correr, o engenheiro começou a unir seu gosto pelas corridas aos passeios mais longos em família. A idéia era fazer a Maratona da Disney, mas como não havia tempo hábil para a emissão dos vistos, a família optou pela de Paris. "Juntamos o meu sonho de correr a prova com o da família de conhecer Paris", conta Hélio, que viajou com a esposa e a enteada. Era o começo de uma série de viagens, numa perfeita harmonia entre a corrida e o turismo em família.
Desde então são viagens longas, curtas, nacionais e internacionais, que incluem muitos passeios e provas de asfalto e trail. De Nova Friburgo a Lucerne, na Suíça, passando por várias capitais brasileiras e lugares como Patagônia, Ilha de Páscoa, Ushuaia e Atacama, na América do Sul; e Paris, Amboise, Giverny (todas na França), Interlaken e Zurique (ambas na Suiça).
Segundo Helio, quase sempre a prioridade das viagens é mesmo a corrida. E o planejamento não é tão fácil, já que somente depois da inscrição tudo é providenciado. "É bem complicado às vezes porque em muitas corridas as inscrições se esgotam rapidamente. Então é preciso previamente fazer a inscrição, para em seguida planejar a viagem. E nem sempre todos podem viajar nos períodos previstos ou não se interessam pelo destino escolhido. Para 2016, por exemplo, já temos dois destinos escolhidos: Tóquio, para a maratona, e Cuzco, para o Mountain Do. Um destino que quase todos querem fazer é o Havaí. Então já iniciamos o planejamento para incluir esta viagem- corrida em 2017", diz Hélio.
Com vasta experiência neste tipo de viagens, o engenheiro sugere que o lugar tenha sempre atrativos turísticos variados, para que todos possam aproveitar. Ele conta que é preciso saber o que cada um gosta. "Há destinos mais isolados, mais populosos, em lugares inóspitos, onde é preciso ter um pouco de espírito de aventura, para enfrentar situações não muito confortáveis, como frio, altitude e isolamento. O importante é conversar e detalhar a viagem, ler sobre o local, o que há para fazer e os compromissos que devem ser respeitados, como horários para acordar, para passear".

DISNEY E OUTRAS. O cirurgião plástico Thiago Lino, de 39 anos, também do Rio de Janeiro, começou a correr em 2006 e já em sua primeira prova, a Meia Internacional do Rio, tratou de incluir sua esposa Bianca – na época, namorada – em sua programação. Coube a ela deixá-lo na largada, em São Conrado. Agora casados e pais de dois filhos, Thiago e Bianca sempre procuraram envolver a família nas atividades de corrida. Bianca até tentou praticar, mas a profissão e os cuidados com os filhos não permitiram. A saída, segundo Thiago, é organizar viagens de turismo e de corrida.
"Em 2014 fui fazer o Desafio do Dunga e coloquei o Rafael, então com um ano e dez meses, na corrida kids. Foi uma experiência muito legal correr os 100 metros com ele, incentivando-o a encontrar o Mickey na chegada. Nessa época a Larissa já estava a caminho. Em janeiro de 2016 foram todos para a Run Disney", conta o médico, que acaba de voltar da Alemanha com a família, onde correu a tradicional Maratona de Berlim.
Thiago procura compensar a dura rotina de treinos para provas longas, que deve se encaixar entre os compromissos profissionais e de família do casal, com boas viagens de lazer, que não raramente incluem uma ou outra corrida. E foi numa dessas viagens sua estreia em maratonas.
"Sempre li em revistas especializadas sobre provas fantásticas e inesquecíveis. E então pensei em fazer o Desafio do Pateta (meia e maratona em sequência), na Disney, mesmo sem nunca ter corrido uma maratona. A oportunidade surgiu em meados de 2013, quando Bianca estava grávida de Larissa e optamos por fazer o enxoval fora do país. As datas da viagem coincidiram com o Desafio do Dunga (5 km na quinta, 10 km na sexta, 21 km no sábado e 42 km no domingo), que estava sendo lançado. Viajamos os quatro, de férias, em janeiro de 2014 com destino a Orlando. A viagem foi ótima e completei o Dunga. Desde então as viagens tem sido planejadas em cima das minhas corridas. A prioridade é a corrida e depois aproveitamos todos os passeios".
Segundo o médico-corredor, o planejamento das viagens é feito de acordo com as provas em que consegue inscrição. Assim foi a viagem da família para Chicago. Dessa vez os sogros de Thiago aumentaram o grupo. A família já tem alguns destinos confirmados para 2016, mas um ainda está por vir. Talvez o mais aguardado.
"Me inscrevi para a Maratona de Nova York há dois anos, mas ainda não fui sorteado. Em 2016 por enquanto temos a Run Disney em janeiro e Maratona de Boston em abril. Já estamos nos organizando. Curtimos as viagens como qualquer turista, só que no meio dos passeios tem uma maratona para eu correr. O bom disso tudo é que vamos conhecendo outras pessoas com objetivos parecidos, surgindo novas amizades e parcerias. Até aqui tudo tem dado certo", completa Thiago.

PRIORIDADE É MARATONA. O executivo carioca Aristóteles Freire, de 53 anos, sempre foi um apaixonado pelo esporte. Na juventude usava a corrida para ganhar condicionamento para as modalidades que gostava de praticar. Por conta da vida profissional, praticamente deixou as corridas de lado de 1990 a 2007, e o resultado não poderia ser outro: ganho de peso, picos hipertensivos e muito estresse.
"Neste momento parei e pensei na minha esposa e meus dois filhos, de 10 e 11 anos. Precisava cuidar da minha saúde para aproveitá-los. Voltei às atividades em 2008 e em 2009 já estava participando de algumas corridas e aos poucos ficava cada vez mais perto das provas longas, que são as que mexem comigo. Minha esposa me conhece há mais de 30 anos e sabe quanto sou determinado e quando voltasse não seria de brincadeira", conta Aristóteles. Com uma rotina diária de acordar às 4h30 (o treino começa às 5h45), o executivo consegue fazer com que sua ausência para os treinos não seja muito sentida em casa.
A volta aos treinos e às maratonas fez com que o executivo incluísse em sua programação anual pelo menos uma viagem para disputar uma maratona. Hábito que começou em 2010. "A prioridade nesta viagem é a maratona, mas os passeios com a família também são importantes. Mas uma atividade não pode atrapalhar a outra. Houve um período em que participávamos de corridas aqui no Brasil, em montanha e meias-maratonas. Mas com o tempo cada vez mais escasso resolvemos nos dedicar às maratonas", diz o executivo, da área de saúde.
Aristóteles revela que tudo é muito bem planejado e que a esposa é quem articula tudo inicialmente, escolhendo os locais e ‘vendendo' a idéia para o restante da família. O executivo conta que a maratona escolhida dificilmente ocorre nas férias escolares, quando as viagens são reservadas para os passeios em família. Tampouco em março ou abril, obrigando que os treinos mais fortes e longos sejam feitos no calor do verão.
"Ainda temos que levar em conta que boa parte dos treinos deverá ser feita durante o carnaval, as férias escolares… Também é preciso levar em conta o calendário escolar. E sem os filhos nós não viajamos. Temos encaixado as viagens com maratonas em final de setembro e outubro. Tem dado muito certo", diz o executivo, que já esteve com a família em Buenos Aires, Paris, Boston, Berlim, Dublin, Patagônia e Budapeste. Cada uma delas, garante ele, com recordações inesquecíveis das provas e dos passeios em família.

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