Na Contra-Relógio de junho há uma matéria que recomendo a leitura feita pelo Sérgio Rocha sobre a importância da adaptação para correr com tênis mais baixos/leves e até com os chamados minimalistas (ou que tenham elementos minimalistas). Há atualmente informações desencontradas nesse assunto e no texto você ficará sabendo exatamente o que um tênis precisa ter obrigatoriamente para ser considerado minimalista e que os modelos de performance não são minimalistas, como muitos afirmam erroneamente. Há grandes diferenças. Agora, minha experiência na corrida com tênis mais baixos e leves é extremamente positiva. Hoje faço qualquer tipo de treino ou corridas com eles.
Minha adaptação foi mais “forçada” do que a ideal. Na reta final da preparação para a Maratona de Porto Alegre no ano passado, surgiu uma dor no joelho, diagnosticada depois, por ressonância magnética, como a fase inicial de uma condromalácia, para citar o nome “popular”. Porém, grau 1, o que aparece na maioria das pessoas que pratica alguma atividade física com mais de 35 anos segundo muitos médicos… Então, tanto o Sérgio quanto o Vicent Sobrinho falaram da possibilidade de correr com tênis mais baixos, sugerindo o KSwiss K-Ona (foto ao lado), que o Vicent já havia usado na Maratona do Rio de 2010. Fiz alguns treinos com ele e fui para a prova. A panturrilha doeu bastante depois (falta da transição correta, já esperada), mas nada do joelho apitar. Nem durante nem depois.
Hoje, após 12 meses, só corro com tênis baixos. Foi um caminho sem volta. Fiz a transição nos treinamentos. As quatro maratonas (duas de Porto Alegre, uma em Boston e outra em Punta del Este comprovam o sucesso da empreitada).
Tenho modelos de diferentes marcas – Mizuno, Saucony (o Fastwitch verde, abaixo), Nike, K-Swiss, Skechers (Go Run, o azul na foto) e Asics –, mas o que melhor me adaptei foi o Adios, da Adidas (foto ao lado) – será que é por que foi usado nos dois últimos recordes mundiais dos 42 km? Brincadeiras a parte, tenho meus três recordes pessoais com o Adios (1:26:35 nos 21 km, 39:37 nos 10 km e 3:04:45 nos 42 km). Bem leve e baixinho. Estreito, é verdade, mas deixo o cadarço mais solto e pronto. Porém, reafirmo, modelos bons não faltam. Em todas as marcas. Pessoalmente, só considero importante não ter tênis de uma só marca, o que ocorre com muitos corredores…
Não acredito também (principalmente pelo que já li e testei sobre tênis) na tese de que para peso corporal X, tênis X, altura X, tênis X, e assim por diante. Não há nada que prove essa relação. Nem as marcas falam sobre isso. O importante é como você está adaptado. O que não dá é correr um dia com um modelo cheio de amortecimento e, no treino seguinte, calçar um baixinho e fazer 20 km. Vai ficar com dores fortes e correrá sério risco de sofrer uma lesão. Esse procedimento vale também para quem está completamente adaptado aos tênis de performance (como eu) e vai partir para um minimalista puro. Paciência é a palavra-chave.
Sinceramente, já conversei com vários corredores que fizeram a mesma transição. Para todos, foi um caminho sem volta. Hoje, ocorre exatamente o contrário comigo do que a maioria pensa: se eu correr com um modelo com muito amortecimento, nem que seja por “apenas” 10 km, meu joelho doi. Nem arrisco mais.
Toda a preparação para a Maratona de Buenos Aires, dia 7 de outubro – treinamento por sinal que começa nesta segunda-feira, após uma semana de folga total, descanso puro, com zero quilômetro rodado – será com os tênis “baixinhos”. Na Argentina, vou de novo com o Adios (é melhor não mexer em time que está ganhando…) Mas na preparação, haverá a mescla já citada. Mas tem de ser leve e baixinho!