Notícias admin 12 de outubro de 2014 (0) (111)

Correndo no fim do mundo

Ushuaia integra a Ilha da Terra do Fogo, na Argentina. Esse foi o palco da primeira edição do Mountain Do Fim do Mundo, no dia 6 de abril. O segundo a expandir as fronteiras do circuito, depois do Deserto do Atacama no Chile (a terceira edição será dia 9 de dezembro). E, no ano que vem, a franquia chegará a Machu Picchu, no Peru, segundo informações dos organizadores.
Somando as três distâncias, foram 615 concluintes (182 nos 10 km, 237 nos 21 km e 196 nos 42 km). Na prova principal, a maratona, dobradinha argentina, com Javier Adrian Seco (2:39:25) e Walter Acuña (2:42:46). O pódio foi completado pelo brasileiro José Virgínio de Morais (2:44:41).
No feminino, o trio de vencedoras foi Rosana Lampet (3:30:43), Gleisi Fonseca Botelho (3:42:18) e Melissa Bertti de Oliveira (3:46:08). Nos 21 km, os ganhadores foram Gabriela Paula Santos (1:43:02) e Ricardo Morais Machado (1:27:59). Veja os resultados completos em www.mountaindo.com.br/provas/fim-do-mundo/resultados/.
A grande atração em Ushuaia é o contato direto com a natureza. Algo mais do que perfeito e ideal para uma competição de montanha. O percurso foi integralmente em terra (ou lama, em alguns pontos), nas três distâncias. E grande parte do trajeto, principalmente dos 42 km, foi percorrido dentro do Parque Nacional da Terra do Fogo. O local conta com fauna composta de guanacos, raposas vermelhas, castores canadenses e coelhos. Quem teve "sorte", ainda cruzou com alguns desses animais durante a corrida. Distante 11 km do centro de Ushuaia, o lugar está no extremo austral da Cordilheira dos Andes, ocupa 6 km do Canal de Beagle e faz divisa com o Chile.
Há duas formas de acessar o parque: pela estrada de terra ou pelo famoso Trem do Fim do Mundo, uma réplica do modelo que levava os presos até a floresta para trabalhar. Foi exatamente na estação que foi montada a arena do Mountain Do. Enquanto esperavam os corredores, os acompanhantes podiam fazer o passeio de trem. Quem quisesse, ainda podia passear de bicicleta ou de carro – o tráfego de veículos não foi suspenso durante a prova, mas restrito com a presença de policiais o tempo todo orientando.

SEM VENTO. Após a largada, os corredores partiam por estrada de terra em direção ao parque, e com o número de peito, a entrada estava liberada. O percurso era o mesmo para a meia e maratona até o km 7, quando os corredores dos 21 km entravam na trilha fechada – cerca de 6 km de mata, para cima e para baixo da montanha, com raízes, pedras soltas e bastante barro. Os participantes dos 42 km seguiram na estrada de terra até literalmente o final dela, o último trecho percorrido por chão no continente. Para frente, somente o mar e a Antártica. Durante todo esse trajeto, um silêncio absoluto. Os únicos sons vinham dos rios e dos passos dos corredores. Nem o famoso vento de Ushuaia esteve presente durante a prova.
No retorno da maratona, por volta do km 29, a parte realmente complicada (e única), com os participantes tendo de se guiar no meio da mata por estacas amarelas que delimitam o caminho para os visitantes do parque e faixas do Mountain Do colocadas em locais estratégicos. Foi realmente fundamental ficar atento às marcações, pois não era difícil errar o caminho.
A organização levou muita sorte também, pois no dia estava frio, mas longe das temperaturas comuns (e negativas) de Ushuaia nesta época do ano. Além disso, choveu muito em abril na região, porém, o clima firmou na semana do evento. A preocupação era tanta que houve até algumas mudanças no percurso devido a trechos muito molhados e, para evitar hipotermia, a organização montou um posto de troca de roupas na metade da maratona – onde há um centro de apoio do próprio parque, com restaurante, lojas e banheiros. Na entrega do kit, era dado um saco plástico que foi levado para esse posto, mas para a maioria dos atletas acabou não havendo necessidade.
Tanto o kit "recheado", como o Mountain Do gosta de destacar, quanto os postos de hidratação mantiveram o nível do circuito. Na chegada, chocolate quente, frutas, sanduíches, isotônico e uma toalha. Com exceção dos 6 km de trilha, em que era preciso tomar um pouco mais de cuidado, foi possível correr com tênis normal com tranquilidade. Tanto na ida quanto na volta, a organização disponibilizou ônibus para o traslado dos corredores.
CIDADE ENVOLVIDA. Outro ponto positivo foi o grande envolvimento da cidade de Ushuaia, incluindo a Prefeitura e, principalmente, a Secretaria de Turismo. Como a prova era basicamente para brasileiros, moradores se surpreendiam com o número de participantes. A cidade vive basicamente do turismo e, assim, a receptividade foi enorme. Aliás, se a intenção é unir viagem com corrida (incluindo uma ótima gastronomia), Ushuaia é um destino mais do que interessante.
Euclides Neto, o "Kiko", diretor técnico da Sports Do, adiantou que a segunda edição em Ushuaia, prevista para 2015, pode ter uma novidade: os atletas correndo na neve do Cerro Castor, a estação de esqui da cidade, com uma mudança na data. Isso será confirmado nos próximos meses. Mais informações e o calendário desta temporada, que terá mais etapas no Costão do Santinho, Visconde de Mauá, Lagoa da Conceição, Campos do Jordão, Canela, Fernando de Noronha e Deserto do Atacama (Chile) em
www.mountaindo.com.br.

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