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Notícias admin 24 de maio de 2016 (0) (104)

Correndo em grupo, para ir mais rápido

Quem acompanha as competições de ciclismo, como o Giro da Itália ou a Volta da França, conhece bem o assunto. Assim como boa parte dos triatletas (sendo que, em muitas destas competições, pegar o "vácuo" é proibido). Correr em blocos/pelotões, mesmo em ritmo mais lento, traz bastante benefício. E isso pode ser transferido também para a corrida, tanto nas provas de rua ou pista, quanto nos treinamentos.
Mentalmente e fisicamente você acaba tendo benefícios ao correr em grupo. Uma das sensações, por exemplo, é de sustentar o ritmo proposto com "menos esforço". Até de correr um a dois segundos por quilômetro sem "sentir" essa diferença. Isso é extremamente comum na elite. Tanto que muitas maratonas contam com os famosos "coelhos", os marcadores de ritmo, que são contratados para desempenhar um determinado ritmo até por volta do km 30.
É bom deixar claro que, nesse caso, não estamos falando de marcadores de ritmo, mas sim de formar pelotões com corredores de níveis parecidos (conhecidos ou não) durante uma meia ou maratona, principalmente. Em provas maiores, no exterior, como as Majors, essa estratégia acaba sendo facilitada, pois, na maioria das vezes, os grupos acabam se formando aleatoriamente, durante o percurso, pelas proximidades de ritmo. Nas competições em pista, seja pelo jogo de equipe ou de adversários mesmo, o pelotão fica nítido.

COMPORTAMENTO. Um estudo publicado no final de 2014 no "Journal of Sports Ciences", elaborado pelo pesquisador Brian Hanley (http://migre.me/sBHbz), mostrou o comportamento dos pelotões tendo como referência os resultados no Campeonato Mundial de Meia-Maratona entre 2007 e 2014. Inclusive, com base nos resultados, Hanley pode determinar as estratégias mais interessantes e as que acabam não sendo benéficas para os corredores. O estudo é para a elite, claro, mas tranquilamente pode ser transferido para os amadores.
Esse trabalho apontou que os corredores que ficaram a maior parte do tempo em pelotões com um ritmo constante tiveram um desgaste menor ao longo da corrida. Em segundo lugar, vieram os que optaram por "pelotões nômades", ou seja, com divisões a cada 5 km. Traduzindo: você corre um tempo em um grupo; sente-se bem, avista outro pelotão, acelera, fica um tempo nele e segue em frente. Dessa forma, está na maior parte do tempo correndo em grupo, mas não necessariamente com os mesmos companheiros o tempo todo.
Resumindo a história: como estamos no começo do ano, caso tenha aquele grupo de amigos que faz os longos de final de semana, por exemplo, com ritmos bem próximos, se optarem por correr a mesma prova de 42 km, poderão buscar um recorde pessoal juntos, com um ajudando realmente o outro durante a prova. Quanto mais participantes nesse pelotão, melhor. O que aquele estudo mostra, por outro lado, é que se você entrar logo no início em um pelotão mais forte do que ritmo que treinou, a chance de dar errado será enorme! Isso foi provado na análise dos participantes no Mundial de Meia-Maratona.

MELHORES ESTRATÉGIAS. De acordo com a pesquisa, por sequência, as melhores estratégias são as seguintes:
Pelotão contínuo – Os corredores que tiveram o melhor desempenho, mantendo um ritmo constante em boa parte da meia-maratona e acelerando no final, foram aqueles que correram no mesmo grupo do início ao fim. Nesse caso, o grupo teve companheiros de equipe ou atletas de nível muito similar. Para os amadores, o interessante pode ser montar o pelotão dentro da assessoria onde treina, com grupo de amigos ou até por conhecidos de provas – aquele corredor que sempre está perto de você, até não se conhecem bem, mas acabam se encontrando em muitas competições! Em provas maiores, claro, é possível perceber um grupo e se encaixar nele aleatoriamente logo nos primeiros quilômetros. Lembrando, sempre, que como quem está à frente faz um maior esforço, o fundamental nos pelotões é ir trocando o "líder" a cada momento, como ocorre no ciclismo, por exemplo.
Pelotão nômade – Essa estratégia ficou em segundo lugar com melhor desempenho pelo estudo. Ou seja, você corre em grupos, mas não no mesmo pelotão do início ao fim. Como exemplo: junta-se a um, faz três, quatro, cinco quilômetros. Se desgarra, acelera um pouco. Chega em outro pelotão. Fica nele por um tempo e vai seguindo. Um ponto positivo é que, dessa forma, mantém a concentração em níveis bem altos e, consequentemente, a motivação. Apenas é preciso tomar cuidado na hora de acelerar para buscar o pelotão da frente para não passar do ritmo.

QUEBRA. Dentro do trabalho citado, pior do que correr sozinho o tempo todo é entrar em um pelotão muito mais rápido do que você está preparado. O levantamento mostrou que quem fez isso, literalmente, "quebrou" a cara e as pernas. Saber as passagens a cada cinco quilômetros, por exemplo, pode ajudá-lo a "pular fora" caso perceba que o ritmo está complicado.
Isso ocorre também com a elite. Na Maratona de Londres em 2013, o primeiro pelotão passou muito rápido os 21,1 km, em 1:01:34, o que complicou demais a segunda metade. Assim, sempre, mesmo seguindo o grupo, é fundamental analisar periodicamente como estão suas passagens e ritmo para não se deixar levar e ter problemas para frente, principalmente nos 42 km.
Agora, na questão da tática, depois de encontrar o seu pelotão, é importante estar sempre atrás de alguém, em uma distância pequena, mas suficiente para não tropeçarem. Isso ajudará a quebrar a resistência do ar (mesmo que não esteja ventando), que se nota mesmo no ritmo modesto de 6 minutos por quilômetro.
O ideal é correr em "fila indiana", de preferência, com um revezamento entre os líderes. A ideia, para os amadores, mesmo que não se conheçam, é pensar que estão trabalhando em conjunto, em equipe, especialmente, até perto do final.

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