20 de setembro de 2024

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Performance e Saúde admin 10 de março de 2015 (0) (164)

CORRENDO COM O MONITOR CARDÍACO

Muitos corredores incluíram na sua rotina de treinos e competições o uso da tecnologia. Aos cronômetros foram adicionados monitores cardíacos, GPS, altímetros e uma variedade de recursos que exigem do corredor o acompanhamento atento dessa evolução tecnológica para que não fique perdido em meio a tanta informação.
O uso do monitor cardíaco intensificou-se a partir de 1990, virando moda entre os corredores. Entretanto, alguns anos após, embora não tenha caído em desuso, o monitor foi superado por outras novidades que prometiam muito mais que o simples acompanhamento da frequência cardíaca (FC).
Muito já foi pesquisado pelos cientistas e discutido pelos fisiologistas e treinadores acerca da importância do monitoramento do ritmo cardíaco durante o esforço físico. Várias fórmulas foram elaboradas para desvendar os mistérios da FC e sua relação com o exercício físico. E inúmeros testes também já foram prescritos para se medir e avaliar a intensidade do esforço pelos parâmetros da FC.
Atualmente, os acessórios tecnológicos apresentam diversos recursos, que os corredores usam em seu benefício durante os treinamentos e as competições. Nos treinos diários, monitorando o ritmo por km, as velocidades média, máxima e mínima, os ganhos em elevação no percurso e, claro, a FC. Mas e nas provas? Como explorar esses recursos, no caso aqui específico, a FC, para um melhor rendimento atlético?
A relação da FC com as demandas do esforço realizado pelo atleta é proporcionalmente direta: quanto maiores às exigências do exercício físico em intensidade, maior o trabalho do coração em sua tentativa de suprir de sangue (assim como oxigênio e nutrientes) os músculos em ação.

LIMIAR DE LACTATO. É sabido, todavia, que o rendimento na corrida não é produto exclusivo do trabalho cardíaco. Ele depende de um conjunto de variáveis fisiológicas, sendo, uma delas – e talvez a principal – o limiar de lactato (LL). Este é o responsável por manter o vigor físico em níveis adequados em termos de demanda energética (economia de esforço). Se a exigência de esforço for maior que a capacidade dos músculos em produzir energia, então o limite será ultrapassado e o exercício será reduzido em intensidade ou mesmo abandonado.
O LL pode ser medido e avaliado com precisão em testes de laboratórios de fisiologia ou de modo empírico e aproximado em testes de campo. Cabe ao corredor e treinador decidirem qual a melhor opção aos seus propósitos. O importante, seja qual for o teste realizado, é conhecer qual a FC equivalente ao LL, isto é, em que intensidade do esforço físico o corredor alcança o nível de produção energética que esteja adequado ao seu condicionamento orgânico.
O teste que propomos para encontrar a FC do LL é uma corrida de 1 hora, em local plano e ritmo de moderado à forte, conforme a percepção de esforço do corredor. Com o auxílio do monitor cardíaco, ao final do teste verifica-se a FC média relacionada ao estímulo físico realizado. A FC média encontrada no teste de corrida de 1 hora equivalerá à FC do LL.
Com esse dado em mãos, o corredor e o treinador poderão determinar a intensidade do esforço físico em uma prova, a partir da FC de competição (FCc), calculada conforme a tabela abaixo:

FCc relativa ao LL

Distância da prova     % da FC relativo ao LL

10 km                     104,1

21 km                     98,4

Maratona                  94,3
Fonte: Training Lactate Pulse-Rate (Peter Jensen).

Exemplo: Um corredor que alcance no teste de corrida de 1 hora a FC média de 154 bpm – batimentos por minuto (valor equivalente ao LL) – deverá programar o monitor cardíaco para as competições conforme os seguintes valores médios de FC:

10 km = 160 bpm (154 x 104,1 / 100)
21 km = 151 bpm (154 x 98,4 / 100)
Maratona = 145 bpm (154 x 94,3 / 100)

Lembramos aos corredores que esses valores são aproximados e referem-se a uma intensidade de energia aplicada considerada como ideal para as respectivas distâncias. Sugerimos que antes de ir para a competição, os corredores façam uma ou duas aferições da meta programada nas distâncias de 3 km, 5 km e 15 km, respectivamente às distâncias das três provas acima. Nessas aferições, a percepção de esforço do corredor relacionada à FCc deverá estar no âmbito do confortável/moderado.

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