20 de setembro de 2024

Contato

Blog do Corredor Especial Redação 2 de setembro de 2011 (0) (158)

Corredoras gêmeas: emoções em dose dupla

Karina chegou ao mundo primeiro que sua irmã Ellen Guedes Ladeia Araújo, nascidas em setembro de 1982. "Tecnicamente foi a Karina, pois dizem que quem sai primeiro na verdade foi o segundo a ser formado. Eu sempre uso esta teoria com a Karina, pois quero ser a mais velha também. A nossa diferença é de apenas 2 minutos" brinca Ellen.

As duas descobriram a corrida quando foram pela primeira vez ao Parque do Piqueri na capital paulista e conheceram a equipe Marcorrer. "Eu comecei sem orientação nenhuma e por lazer, enquanto a Ellen um ano antes, no final de 1999," diz Karina. Ela conta que atualmente Ellen está um pouco mais rápida, mas sua irmã rebate, dizendo que sempre treinam juntas e há épocas em que competem no mesmo ritmo, não sabendo quem irá ganhar, o que é motivo para apostas dentro da equipe, quando participam de alguma prova.

A prova preferida de Karina é o 10 km do Circuito Flex Pé de Mogi das Cruzes. "Fui tricampeã na categoria e sempre brinco com a Ellen, dizendo que todos os troféus de segundo lugar são dela." A irmã responde: "É tudo diversão entre nós e sempre dividimos os prêmios. Só não dividimos os namorados!"

As gêmeas estão sempre em sintonia, principalmente em momentos delicados das provas. "Na nossa primeira São Silvestre, eu comecei a passar mal, por hipoglicemia, fiquei tonta e a Ellen ficou procurando algo doce para eu comer, e me acompanhou até o final," recorda Karina, que conta outro caso: em uma corrida foi derrubada por um corredor, a irmã a ajudou a se levantar e foram em busca do causador da queda, ultrapassando-o e debochando de sua atitude anti-esportiva.

As confusões são comuns hora da premiação ou durante uma prova? Muitas vezes, lembra Karina. "Acontece de uma chegar em primeiro e a outra em terceiro; aí a que ficou em segundo começa a reclamar, dizendo eu passei essa garota! Outra situação engraçada foi em um percurso que passava duas vezes no mesmo local; a Ellen passou e logo em seguida eu, com muita gente me acusando que tinha cortado caminho."

 Elas nasceram de 6 meses e meio numa época em que apenas 10% dos gêmeos nessa situação sobreviviam. "Os médicos disseram que a Ellen não viveria e que eu jamais andaria. Por ironia, vingança ou obra do destino somos corredoras e competimos como todo mundo que nasceu de 9 meses," finaliza Karina.

 

EM LONGAS DISTÂNCIAS. As gêmeas Fabiola e Fabiana Otero Falanghe – 41 anos, são conhecidas pela mancha branca nos cabelos, característica de nascença. Fabiola foi a segunda a nascer, mas nas corridas que fazem juntas é sempre a primeira a chegar. Ela começou nas corridas 8 anos antes da irmã e já fez uma prova de 24 horas (217 km) e este ano correu sua primeira Comrades, para 10h56.

As gêmeas, que treinam com o técnico Branca em São Paulo, embora quase univitelinas se consideram muito diferentes na forma de correr: "Eu já fiz 6 maratonas de São Paulo, e foi nessa prova que puxei minha irmã em sua estréia nos 42 km, em 2009. Acompanhá-la foi emocionante me senti vencedora chegando ao lado dela", diz Fabíola, que comenta ser mais rápida do que a irmã apenas porque tem mais tempo para os treinamentos.

 

UMA DUPLA RÁPIDA. Ser ultrapassado duas vezes pela mesma pessoa é de deixar confuso qualquer um, mas eu só descobri que não era bem isso que tinha acontecido depois da chegada. Foi há alguns anos aos quando primeiro passou por mim Mariana Takeishi e logo depois sua irmã Juliana, nascidas em maio de 1986, em Suzano. Mariana é administradora e Juliana agrônoma, e apesar dos muitos pódios não vivem de corrida, em que debutaram há mais de 15 anos.

"Começamos aos 9 anos, treinamos sempre juntas e não procuramos competir lado a lado; cada uma corre no seu ritmo, embora seja às vezes quase o mesmo," observou Juliana. A primeira treinadora, Neusa Asato, morava perto de casa delas e passava treinos três a quatro vezes por semana. "Treinávamos na pista da Associação Cultural Esportiva e Agrícola de Suzano (Aceas), nas ruas e às vezes no estádio municipal. Como éramos bem novinhas, só fazíamos provas curtas em competições da colônia japonesa. Mas logo percebemos que tínhamos mais chances em provas mais longas", recorda Mariana. 

A primeira corrida foi em Sumaré, de 3 km, quando tinha 11 anos. Mas o reconhecimento veio um ano depois. "Minha treinadora me inscreveu na prova de 5 km, em uma competição da colônia, e me saí muito bem, completando em 19:59", diz Juliana. 

Ela foi a primeira a levar a corrida a sério: "No começo eu corria um pouco melhor do que a Mariana e como tinha bons resultados as cobranças dos técnicos e familiares me estimularam no esporte." As gêmeas preferem provas de 10 km, mas Juliana já participou de duas meias-maratonas. E elas já correram 8 São Silvestres!

Em 2010 Mariana estava lesionada, sentia dores no joelho e na lombar, mas foram participar do Mountain Do Costão do Santinho, em quarteto feminino da Pro Runner Team, a equipe delas atualmente. A prova tinha oito trechos, com percursos de dunas, trilhas, praia, montanhas, estradas de terra com alto grau de dificuldade. "Cada uma deveria correr dois trechos seguidos. Eu sentia muitas dores e pedi para fazer apenas um. Minha irmã então encarou três trechos que totalizaram 24,8 km. Graças a ela nossa equipe foi campeã na categoria! Uma grande conquista!"

Juliana e Mariana são tão parecidas que é natural a confusão. "São muitas as brincadeiras com a gente, de que corremos apenas metade da prova, que uma começa e depois na metade a outra continua… Que combinamos quem chega na frente", comenta Juliana. 

"Queremos correr juntas até quando pudermos", diz Mariana, e ao ser questionada se competem uma com a outra é taxativa: "Nunca! Não nos consideramos adversárias. A Juliana é minha parceira de corrida, minha motivação e inspiração, competir sem ela é não ter referência e um tanto quanto solitário." 

 

A CORRIDA COMO PROFISSÃO. As irmãs Alina e Lidia Karwowski nasceram em maio de 1970 em São José dos Pinhais/PR. Começaram aos 14 anos a carreira de atletas profissionais. Treinavam no mesmo ritmo e competiam lado a lado, mas com o passar do tempo isso foi mudando. "Nós sempre levamos a corrida a sério, desde nossa primeira prova em 1984. Acho que a corrida foi a coisa mais importante de nossa vida!", ressalta Alina.

No início despontaram nas provas de pista, 3.000 m. Depois foram para as ruas, fazendo desde 5 km até maratonas, mas nunca abandonaram as pistas. "Eu corria as provas de 5.000 m e 10.000 m, depois a Lidia ficou nas de 1.500m e 3.000 com obstáculos", diz Alina. As gêmeas relembraram uma de suas provas preferidas: "Corremos várias edições do revezamento Pão de Açúcar em São Paulo, sempre subindo ao pódio, inclusive com alguns primeiros lugares em duplas femininas."

Um fato curioso aconteceu em 1992 na Corrida Rústica Avelino Vieira, em Curitiba, época sem chip, com senhas de papel sendo entregues na chegada. Alina venceu e Lidia ficou em segundo, mas os resultados foram invertidos. "Tentamos entrar na sala de apuração para pedir a correção, mas não deixaram e o resultado saiu errado mesmo. A imprensa local presenciou a situação, noticiou e o fato acabou indo para o Jornal Nacional".

As irmãs Karwowski, que representaram o Brasil em diversos eventos, tiveram na corrida sua principal fonte de renda em todos esses anos e continuam ligadas ao esporte, participando eventualmente de provas. Além disso, ambas são professoras de educação física, em faculdades diferentes.

Veja também

Leave a comment