20 de setembro de 2024

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Performance e Saúde admin 4 de outubro de 2010 (0) (134)

Corredor precisa de leite?

Daí vem a crença de que todos precisam ingerir leite, já que este é indubitavelmente o alimento mais rico em cálcio encontrado na natureza. E, por tabela, você corredor também precisa de leite, certo? Não necessariamente! Apesar do leite ser riquíssimo em cálcio e proteínas, estes nutrientes nem sempre são bem aproveitados. É o que conhecemos como "paradoxo do leite" ou "paradoxo do cálcio". Vamos entender.  

Os nutrientes não agem sozinhos em nosso corpo e sim em conjunto. Por isto, a carência de qualquer um deles (magnésio, cálcio, boro, zinco, ácido fólico, dentre outros) altera o equilíbrio geral do organismo. Verduras, legumes, cereais integrais e frutas são fontes de todos estes nutrientes em quantidades moderadas e balanceadas. Já os laticínios são ricos em cálcio, proteínas e fósforo, porém pobres em todos os outros nutrientes. Disso podem resultar várias conseqüências indesejáveis, como a má mineralização óssea.

É por isto que países como Estados Unidos, Noruega e Suécia (grandes consumidores de cálcio) são recordistas em osteoporose, enquanto no Japão e em muitas tribos indígenas (onde o consumo de laticínios é baixíssimo ou inexistente) esta doença é muito menos observada. Isto se dá porque a construção de ossos fortes e saudáveis depende de cálcio, mas também de outros 24 nutrientes, pouco disponíveis no leite.

Quando temos muito cálcio, mas faltam outros nutrientes, ao invés de entrarem nos ossos estes minerais se mantêm no plasma sangüíneo, possibilitando a instalação dos mesmos em tecidos moles, provocando males como o endurecimento de artérias, o que favorece o aumento da pressão arterial, a formação de cálculos renais de oxalato de cálcio, nódulos na tireóide, artrite e bursite.

Outro problema é que toda vez que aumentamos a quantidade de um nutriente acabamos perdendo outros, também essenciais. Por exemplo:

– 600 mg de cálcio em uma mesma refeição impedem a absorção do zinco

– 300 mg de cálcio em uma mesma refeição impedem a absorção do ferro

– cada grama de sódio aumenta a perda urinária de cálcio entre 20 e 40 mg

– dietas hiperprotéicas aumentam a perda de cálcio urinário

A tabela mostra alguns alimentos fonte de cálcio e a quantidade absorvida.

PROTEÍNA INDIGESTA. O leite contém uma proteína (beta-lactoglobulina) que não é digerida por seres humanos. Quando nosso intestino está saudável, ela passa direto para as fezes. Preste atenção nisto: apesar do leite ser rico em proteínas, estas proteínas não são bem aproveitadas! E um excesso de proteínas no intestino favorece a fermentação das más bactérias intestinais.

Alimentos que protegem a parede do intestino (frutas, verduras, cereais integrais) impedem a absorção de compostos estranhos e melhoram a função do nosso sistema imune; já alimentos que não protegem a barreira intestinal, destruindo nossas "bactérias do bem", pioram processos alérgicos, o funcionamento intestinal e a absorção de nutrientes importantes.

Quando nosso intestino não está saudável, condição conhecida como disbiose, esta proteína não digerida é absorvida, porém não é utilizada (já que não é específica do nosso organismo), e acaba se ligando a órgãos ou tecidos, causando processos inflamatórios que se manifestam como rinite, colite, cistite, celulite, resistência à insulina etc.

Proteínas que entram na corrente sanguínea também deixam o sangue mais ácido, impedindo que muitas reações aconteçam. Para resolver o problema o organismo retira cálcio e magnésio dos ossos, restaurando o pH normal (entre 7,3 e 7,4). Epa! Retira mais cálcio dos ossos? Sim, retira e com isso os ossos ficam mais frágeis.

DEVEMOS BANIR O LEITE? Se você não tiver alergia ao leite este não será o caso. De qualquer forma tome cuidado com o consumo excessivo, pois como você já percebeu, isto pode causa um desequilíbrio que não beneficiará seu organismo. Consumo excessivo prejudica? Sim, já que o produto é utilizado com achocolatado, café, vitamina ou na forma de bolo, queijo, requeijão, chocolate, canjica, sopas cremosas, salame, barra de cereal, iogurte, pudim, sorvete, pão de queijo, leite fermentado, suplementos (wheyprotein, shakes, caseinato de cálcio…) e muito mais!

Existem outros alimentos que também causam desequilíbrios. Os refrigerantes entram aqui, já que são riquíssimos em fósforo e pobres nos outros nutrientes. O problema não é o consumo esporádico de leite ou qualquer outro alimento, mas sim o uso contínuo e crônico.

Dietas com muitos alimentos industrializados e laticínios acabam tendo menos frutas, verduras e cereais integrais, o que diminui a quantidade de vitamina B12 e ácido fólico no organismo. A falta destes dois nutrientes eleva os níveis de homocisteína, substância que acelera a perda de cálcio e aumenta o risco de doenças cardíacas. Frutas e verduras também fornecem antioxidantes que combatem os radicais livres produzidos durante as corridas.

CONCLUINDO… O objetivo da nutrição sempre será melhorar o equilíbrio orgânico. Se você tem o organismo em equilíbrio nunca vai precisar radicalizar. Já quando o organismo está intoxicado e desequilibrado, dietas radicais (que excluem leite, soja, trigo, industrializados, café e muitas, muitas outras substâncias irritantes) podem ser necessárias para restaurar o equilíbrio perdido.

ZINCO É FUNDAMENTAL
Para uma boa digestão precisamos de minerais como o zinco, que é fundamental para a produção de ácido clorídrico no estômago. O ácido clorídrico inicia a digestão das proteínas e aumenta a absorção de cálcio. Fontes de zinco incluem carnes, peixes, feijões, lentilha, ervilha, nozes, sementes e cereais integrais.

CONTRAÇÃO E RELAXAMENTO MUSCULAR
Para a contração muscular precisamos de cálcio. Já para o relaxamento precisamos de magnésio, presente em alimentos como tofu, soja, caju, tomate, salmão, espinafre, aveia e arroz integral.

Leia mais:

Os prós e contras do leite

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