20 de setembro de 2024

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Sem categoria admin 3 de maio de 2015 (0) (69)

Concentração ajuda na performance?

Você certamente já ouviu aquele ditado que se concentração ganhasse jogo o time do presídio ganharia tudo. Mas e na corrida? Será que o nível de concentração nos treinos e nas provas pode melhorar seu rendimento?
Tiago Duarte, mestre em Psicologia do Esporte e doutorando pela Universidade de Ottawa, no Canadá, estuda o tema há alguns anos e garante que sim. E isso não é exclusividade do mundo esportivo. O psicólogo cita o livro ‘Foco' de Daniel Goleman, autor de outros sobre Inteligência Emocional. Nele, o autor aborda diversos estudos empíricos e depoimentos sobre o impacto da concentração em diversas áreas.
"Não há dúvidas de que a concentração influencia, e muito, o desempenho esportivo. Ela é uma das habilidades mentais que mais se trabalha atualmente. Dos diversos livros que tratam do assunto o de Goleman é um dos mais badalados. Concentrar-se na tarefa a ser executada é importante para atingir não apenas o alto rendimento, mas um rendimento satisfatório".
Muitos imaginam que só é possível se concentrar em treinos solitários, mas nem sempre. Tiago explica que é preciso levar em conta a influência social. Segundo ele, os primeiros estudos da psicologia do esporte ocorreram com ciclistas em 1897. Na época os estudiosos queriam saber por que os ciclistas andavam mais rápido na presença de espectadores. "A esse aumento na performace deu-se o nome de suporte social. Porém, o inverso também pode ocorrer. A pressão social – quando o atleta é observado – também pode prejudicar o desempenho esportivo ou de qualquer outra natureza".
O ultramaratonista Rafael Sodré, cabo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro, faz sozinho a maioria dos seus treinos. Segundo ele, é dessa forma que a cada sessão reforça o seu foco e se concentra exclusivamente no que está fazendo. Algo que está acostumado a fazer também no seu trabalho. "O nível de concentração é crucial não só em provas, mas na minha vida profissional. Ele pode ser decisivo para suportar a dor, manter um bom ritmo e saber o momento de reação ou de forçar uma ultrapassagem. Claro que na competição existem as variáveis e o objetivo do treino é fazer o mais próximo do que queremos alcançar na prova."

AUTOAVALIAÇÃO. Atleta e treinador, Roberto Tadao, o "Dum", vencedor da Mizuno Uphill no ano passado, lembra que sem concentração o atleta não consegue executar a estratégia estabelecida para a prova, especialmente as longas. "Uma corrida não se resume a apenas ir lá e fazer. Temos que estudá-la antes, conhecer o percurso, definir pontos de alimentação e hidratação, o ritmo em cada trecho e até mesmo um plano B. Já os treinos são para ganhar condicionamento, mas também para se avaliar. Neles eu vejo como estou técnica e fisicamente, se está faltando velocidade, resistência ou até mesmo se é necessário diminuir a intensidade e me dar um descanso."
Triatleta e treinador, também no Rio, Rodrigo Pereira cita um trecho do livro "Lore of Running" de Tim Noakes, que trata da psicologia para esporte de alto rendimento. Segundo Rodrigo, o livro leva a uma boa reflexão sobre o tema. "Já parou para pensar o que é determinante para a vitória em uma maratona quando a diferença do vencedor para o segundo colocado é de apenas alguns segundos? Para mim a resposta é simples: concentração e psicologia do esporte aplicada. Há meios de se manter concentrado e há meios de se treinar isso", diz Rodrigo, que já fez cinco vezes o ironman e uma maratona em 2h45.
Segundo ele, uma das formas de manter a concentração quando algo começa a tirar sua atenção – o cansaço pode fazer isso – é dizer palavras ou frases positivas durante a competição ou o treino. Rodrigo diz que no seu caso, quando a mente tenta levá-lo para uma situação que pode enfraquecê-lo a saída é mudar o que está pensando. "Faço este exercício muitas vezes durante os longos. Outra forma é fixar o pensamento em como manter determinado ritmo, ou como aproveitar treinos e provas longas para tomar decisões relativas à vida pessoal e profissional. Mas o que pode ser bom para alguns, pode não ser para outros. Especialmente se estas decisões dizem respeito a coisas que o irritem ou entristeçam. Em casos assim o corpo não reage bem. Os músculos enrijecem e o cérebro segue para o caminho do desânimo."

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