Blog do Corredor Redação 2 de agosto de 2018 (2) (273)

“Completei a Badwater mais quente da história”

Na edição de agosto da Contra-Relógio, na seção “Como Treinei”, contamos como foi a preparação do assinante Pedro Luiz Cianfarani, de São Bernardo do Campo, para enfrentar a Badwater 135, no final de julho, nos Estados Unidos.

A prova norte-americana é uma das ultramaratonas mais difíceis do mundo devido às altas temperaturas (neste ano, chegou a 56°C, isso mesmo, sendo a mais quente da história, de acordo com Pedro). Ele completou as 135 milhas (217 km) em 41:01:20.

Abaixo, confira o relato em primeira pessoa de Pedro sobre a prova (na edição de agosto, não deixe de ler como foi toda a preparação de 12 meses dele para a Badwater, além das características da ultramaratona norte-americana).

“Consegui completar esta que foi a mais difícil de todas edições anteriores devido ao calor extremo com incríveis 56 graus, causando o maior número de desistências da história da prova.

Minha estratégia seria aproveitar a noite para enfrentar uma das regiões mais quentes da Badwater, por estar a quase 90 m abaixo do nível do mar. Então, com um ritmo mais forte, tentei aproveitar a noite para me livrar desta região bem quente.

Porém, chegando ao 2 posto de controle, reparei que havia fugido da minha característica de cadenciar a prova em um ritmo mais confortável. Com isso, precisei rever a estratégia se quisesse terminar os 217 quilômetros. Estava nesse momento na milha 42 (67 km).

Então, dei uma parada para retomar o fôlego e pegar a primeira grande subida, com aproximadamente 19 milhas (30 km). Confesso que fiquei inseguro se teria forças para me recuperar em plena subida e foram umas oito milhas bem preocupantes, chegando a passar pela cabeça se realmente conseguiria.

Mas treinei muito para esses momentos e, na segunda metade desta subida interminável, fui me recuperando e vencendo este primeiro obstáculo, voltando a encaixar um ritmo confortável e constante até chegar ao ponto mais quente da prova, com 56 graus na milha 70 aproximadamente.

Nesta hora, o vento queimava o rosto, forçando a correr com um lenço úmido no rosto, óculos e uma toalha úmida na cabeça debaixo do boné. Tendo de molhar tudo a cada 10 minutos, no máximo. Foi fundamental o trabalho da  minha equipe de apoio, formada pela minha esposa, Claudia, e as amigas Ângela e Carle.

Após uma breve parada na milha 72 para alimentação e cuidado dos pés, que realmente são muito exigidos devido ao calor, parti para a segunda subida, esta com uma inclinação bem menor. A Ângela, que estava me acompanhando desde a milha 42 (o permitido pela organização), foi descansar no carro e a Claudia permaneceu ao meu lado nas 12 horas seguintes.

Chegou, então, o momento de fazer a última e mais pesada subida da Badwater, com o maior grau de inclinação e as intermináveis 13 milhas. A partir desta hora, não existe mais estratégia nem cansaço, apenas a vontade de terminar e agradecer a todos que ficaram no Brasil torcendo por mim, amigos de ultamaratona nas redes sociais, a equipe dos Ultraloucos, parentes (principalmente meu irmão, Beto) e, claro, minha equipe de apoio. Com essa ‘energia’, conclui a Badwater em 41:01.20. Podem aguardar mais desafios.”

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2 Comments on ““Completei a Badwater mais quente da história”

  1. Parabéns! Não me vejo fazendo uma prova tão longa, mas admiro profundamente quem o faz, a dedicação e foco são impressionantes para se completar uma prova tão intensa!

  2. Obrigado , realmente muita dedicação e esforço é isso vale para qualquer distância

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