A Maratona de Barcelona (ainda) não é uma das mais badaladas do mundo. Ainda, porque esta corrida espanhola tem potencial de sobra para se tornar uma das provas de longa distância mais desejadas do planeta. A começar pelo site oficial (www.maratobarcelona.es/), que é extremamente rico em informações e que costuma ser um espelho da organização da prova.

No meu segundo dia em Barcelona, rumei para o bairro de Montjuic para retirar o kit da corrida. A organização optou por concentrar a feira, a corrida do café da manhã, o jantar de massas e a largada dos 42 km no mesmo local, que tinha acesso fácil por meio de uma estação de metrô.

Eu e mais um colega brasileiro (Marcelo Lisboa) fomos à feira da maratona no primeiro dia, pois tínhamos a intenção de também retirar um dos 1.000 números de peito da corrida do café da manhã disponíveis ao público. A feira é de médio porte, compatível com a dimensão da maratona, comportando alguns estandes de roupas e acessórios, suplementos, revistas e de divulgação de outras maratonas européias, sem a participação das marcas tradicionais de tênis.

No dia da maratona, a temperatura estava ideal (10°C), sendo que a segunda feira a neve tomaria de assalto Barcelona. A largada, na Praça de Espanha, foi realizada sem atropelos com apenas dois minutos de atraso, e os primeiros trechos são de leve subida, já se vendo a primeira atração turística: o imponente Camp Nou, estádio do Barcelona.

Exatamente nos 4 km e 195 metros, logo após passarmos em frente a uma das inúmeras e tradicionais lojas El Corte Inglês (a loja de departamentos mais famosa da Espanha) havia uma placa que registrava que 10% da maratona já havia sido percorrida. Muito animador! Na altura do km 8, protagonizei uma cena engraçada: ao passar com a bandeira do Brasil, despertei a ira de uma criança holandesa que estava com um grupo, e que passou a me seguir por alguns metros gritando impropérios (em holandês, é claro), certamente em razão da fama futebolística brasileira.

Meu ritmo estava constante (5:30/km) e começava a vislumbrar concluir a maratona abaixo de 4 horas, estimulado pelos gritos de animó e venga do público no percurso. Os postos de hidratação (com água, isotônico, esponjas e frutas) estavam fartos e bem distribuídos. Retornamos à Praça de Espanha no 12° km, e após uma leve subida seguimos pelo Passeig de Grácia, onde estão localizadas duas das principais obras de Antoni Gaudí, as casas Battló e Millá (La Pedrera) para, logo após, vislumbrar outra famosa obra do artista, a inacabada igreja da Sagrada Família (na foto à esq.).

Passei a marca da meia em 1h58, o que manteve minha esperança de finalizar abaixo de 4 horas. As pequenas e quase imperceptíveis subidas continuaram a surgir pelo percurso. A maratona ganhava as ruas e avenidas do extremo noroeste da cidade e uma segunda longa avenida no sistema ida-e-volta se apresentou. Meu ritmo continua constante e se conseguisse administrar minha passada até o final, poderia quebrar meu recorde pessoal!

A parte final da maratona foi um colírio para os olhos e pernas dos participantes, pois percorremos o litoral da cidade, seus portos, praias e calçadões em percurso completamente plano. Cheguei no km 40 com 3h45 e tinha tudo para fechar abaixo de 3h57, meu recorde pessoal em Berlim/08. No entanto, os três quilômetros finais em leve subida tornam a chegada muito sacrificante, mas o sistema de som ajuda a injetar ânimo nos corredores. E assim cheguei na minha nova melhor marca: 3:54:03!

 Encontrei o colega Marcelo Lisboa no guarda-volumes e comemoramos nossos resultados com muita festa e fotos, e com a certeza de que a Maratona de Barcelona é uma excelente opção para quebra de recordes pessoais em função do percurso inspirador e do ânimo contagiante da torcida catalã, não obstante as subidas discretas que integram o percurso. Se você pretende fazer parte desta festa no ano que vem, anote a data de 6 de março de 2011 em sua agenda e treine com muito "ánimo" até o grande dia!

MArcelo Jacoto é assinante de São Paulo