A cobrança de taxas para assessorias esportivas que atuam no Parque Ibirapuera, em São Paulo, tem gerado questionamentos e discussões entre profissionais do setor, a concessionária Urbia — responsável pela gestão do parque —, e órgãos públicos, como o Ministério Público do Estado de São Paulo.
O tema ganhou novo capítulo esta semana 2025, com a divulgação de uma nota da Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo (ATC-SP), que contesta o modelo adotado pela Urbia e critica cláusulas contratuais consideradas desequilibradas. A associação também se manifestou após uma decisão judicial favorável à concessionária em ação contra a assessoria The Run, que, segundo a ATC-SP, teria recebido boletos de cobrança mesmo sem ter assinado contrato.
A Urbia administra o Parque Ibirapuera desde 2020, após vencer licitação de concessão. Desde então, passou a adotar uma série de medidas de gestão, incluindo regras para o uso do espaço por prestadores de serviço, como assessorias esportivas, que tradicionalmente realizam treinos no parque.
A proposta atual da concessionária prevê a cobrança de uma taxa mensal por aluno atendido pelas assessorias, no valor de R$ 10. Em contrapartida, a Urbia ofereceria benefícios como desconto em restaurantes e estacionamento, além da formalização da atividade dentro do parque. No entanto, treinadores e representantes da ATC-SP argumentam que as condições contratuais são pouco claras, incluem exigências de difícil cumprimento e que a negociação não ocorreu de forma coletiva.
Entre os pontos destacados pela associação estão a responsabilidade exclusiva atribuída às assessorias por ocorrências médicas com seus alunos, mesmo em um ambiente público com estrutura de atendimento emergencial, a exigência de envio de demonstrativos contábeis e financeiros, além da necessidade de aprovação prévia para qualquer conteúdo que mencione o parque, o que é interpretado por alguns profissionais como possível restrição à liberdade de divulgação.
A Urbia ainda não se manifestou publicamente sobre a nota divulgada pela ATC-SP, mas já declarou em ocasiões anteriores que a cobrança tem como objetivo organizar o uso do espaço e garantir uma convivência adequada entre os diferentes públicos que frequentam o Ibirapuera. Em entrevistas anteriores à imprensa, representantes da empresa reforçaram que as taxas são compatíveis com o tipo de uso e que a concessão prevê esse tipo de gestão. Outro fator que ampliou o debate foi o lançamento recente de uma assessoria esportiva própria da Urbia no parque — o “Corre no Ibira” —, com mensalidades entre R$ 170,90 e R$ 279,90. O pacote inclui acompanhamento técnico, uso de vestiários com chuveiro e descontos em estacionamento. Isso gerou reações das assessorias esportivas que atuam no parque, que pedem isonomia nas condições de atuação.
A ATC-SP afirma que continuará buscando diálogo com as autoridades e com a Urbia para construção de um modelo que seja, segundo a entidade, mais transparente e equilibrado.
Fonte: release Imprensa



