Notícias André Savazoni 13 de dezembro de 2020 (0) (124)

Claudio Roberto Sousa recebe prata olímpica 20 anos depois

Cláudio Roberto Sousa recebeu com grande emoção a sua medalha de prata do revezamento 4×100 m dos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, depois de 20 anos de espera, neste domingo (dia 13), no término do programa de provas do Troféu Brasil Caixa de Atletismo, no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo.

A cerimônia do Comitê Olímpico Internacional (COI), realizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), foi a única entrega de medalha olímpica do ano de 2020, marcado pela pandemia da COVID-19 e pelo adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021.

A medalha – que veio do Museu Olímpico, que fica em Lausanne, em Suíça – foi entregue a Claudio Roberto por Bernard Rajzman, representante do COI, ao som do Hino Olímpico, após um emocionante revezamento na pista simulado pelos titulares do time brasileiro em 2000. Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos, Claudinei Quirino participaram do revezamento simbólico na pista do Centro Olímpico até a passagem do bastão para Claudio que correu até o fim sob aplausos dos companheiros.

Rogério Sampaio representou o Comitê Olímpico do Brasil na cerimônia, que teve ainda o presidente do Conselho de Administração da CBAt, Warlindo Carneiro da Silva Filho, do vice-presidente Wlamir Motta Campos, e do presidente da Federação Paulista de Atletismo Joel Oliveira.

Claudio recebeu a medalha de prata e depois todos subiram ao pódio levando o medalhista às lágrimas. Claudinho, como sempre foi conhecido pela comunidade atlética, era reserva da equipe olímpica do revezamento e correu a eliminatória, vencida pelos brasileiros, em Sydney. Na final, foi substituído por Claudinei Quirino, que fechou o 4×100 m. O grupo era formado ainda por Raphael Raymundo de Oliveira, também reserva. O treinador era Jayme Netto Júnior.

O quarteto do Brasil recebeu a medalha no próprio estádio, na cerimônia do pódio, no dia 30 de setembro de 2000. A medalha de Claudinho ficou de ser entregue depois, mas nunca foi recebida por ele. O COB, em 2001, entrou em contato com o COI, que teria afirmado que a responsabilidade de prover a medalha era do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Sydney. Em 2003, nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na República Dominicana, Claudinho ganhou do COI um pin, destinado aos medalhistas olímpicos como compensação.

Sem novidades sobre o assunto por anos, Claudinho foi homenageado na Assembleia Geral da CBAt, da qual é membro com direito a voto, em 2016, em São Paulo, com uma réplica da medalha olímpica de Sydney numa iniciativa de André Domingos e Arnaldo de Oliveira. 

A cessão da medalha começou a se tornar realidade no fim de 2019, quando representante do COB encontrou Claudinho em Teresina, Piauí. Foram retomadas as tratativas com o COI, desta vez bem-sucedidas. Após uma troca de mensagens, apresentação e análise de provas e documentos, o COB recebeu o comunicado do COI informando que concordava com o pedido e enviaria a medalha ao Brasil. Em maio de 2020, Claudio recebeu a confirmação de que teria a sua medalha.

“É muita história pra contar, daria um livrão… Por tudo o que eu passei, por tudo o que eu vivi em busca dessa medalha e finalmente ela chegou. Eu não me arrependo de nada. Fui atrás da medalha do meu jeito, como tinha de ser, do meu jeito, sem agredir ninguém, sem criar polêmica. E ela chegou naturalmente”, disse Claudio Roberto, que integra o Programa Caixa Heróis do Atletismo.

“E agradeço a Deus e a toda minha família por toda a paciência. Agradeço ao COB, à CBAt, à imprensa que reviveu a história, e aos ‘meninos’ – Vicente, Claudinei, André, Edson, Raphael Oliveira que era o outro reserva, formamos uma equipe que foi medalha de prata. Tenho muito a agradecer a eles, ao Jayme, nosso treinador, que fez com que essa equipe ficasse espetacular. E em especial ao meu treinador Nakaya, o grande responsável por eu chegar na Olimpíada e fazer parte da equipe”, completou o piauiense nascido em Teresina, de 46 anos, referindo-se a Katsuhico Nakaya.

“Já faz alguns meses que venho curtindo esse momento, mas agora com a medalha no peito. Agora é exibi-la, olhar para ela, pegar. E agora sim posso mandar fazer o meu quadro de medalhas que até então eu não tinha feito porque uma estava faltando essa.”

Claudinho ainda tem no currículo as medalhas de prata no Mundial de Atletismo, em Paris, na França, e o ouro nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo, na República Dominicana, ganhas em 2003 com o revezamento 4×100 m. Atualmente, o velocista integra o projeto Heróis do Atletismo Caixa, da CBAt, e atua no projeto esportivo da Fundação Nossa Senhora da Paz, em Teresina.

O presidente do Conselho de Administração da CBAt, Warlindo Carneiro da Silva Filho, disse que a cerimônia no Troféu Brasil valoriza ainda mais o trabalho da comunidade do atletismo brasileiro. “Parabenizo o Claudinho, uma pessoa sensacional, pela tranquilidade com que esperou e o COB pelo trabalho. Estamos todos felizes e emocionados com mais essa vitória do atletismo brasileiro. E assim, teremos resgatado mais uma medalha olímpica, emblemática porque vai ser entregue no ano de uma Olimpíada que não aconteceu”, comentou.

Fotos: Claudio Roberto fecha revezamento simbólico e recebe a medalha (Wagner Carmo/CBAt)

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