Perfil André Savazoni 19 de maio de 2020 (0) (184)

Claudio Roberto Sousa fala da felicidade pela prata olímpica

Claudio Roberto Sousa está muito feliz com a notícia de que receberá a medalha de prata do revezamento 4×100 m dos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, depois de quase 20 anos de espera.

Desde o domingo (dia 17), quando a notícia foi veiculada não para de dar entrevistas, receber parabéns e conversar com as pessoas ainda por telefone e internet. Claudinho, como é chamado pela comunidade atlética, contou como se sente em live no Instagram da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), realizada nesta terça-feira (dia 19).

“Não vejo a hora que a pandemia passe para eu receber a medalha. A primeira coisa que vou fazer é levar a medalha para os meus alunos verem, para as crianças verem.”

Um documento do Comitê Olímpico Internacional (COI), enviado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) a Claudinho, confirma que a medalha de prata, um pin e o diploma de medalhista olímpico serão mandados ao Brasil entre agosto e setembro. O COB prometeu realizar uma cerimônia de entrega da medalha.

Claudinho, 46 anos (nasceu em 14/10/1973), foi a duas Olimpíadas, a quatro Mundiais e a dois Pan-Americanos e deixou o atletismo em 2008 – correndo 10.33 nos 100 m e 21.04 nos 200 m -, quando não se qualificou para a Olimpíada de Pequim – “eu tive muitas lesões na carreira, mas que foi muito vitoriosa”.

Continua ligado ao esporte por meio de seus projetos sociais, por quatro anos em Jaú, São Paulo, e agora em Teresina, no Piauí, e pelo programa Heróis do Atletismo da Caixa. “O atletismo promove a saúde e ajuda na educação das crianças”, afirmou. Seus recordes pessoais são 10.19 nos 100 m e 20.24 nos 200 m.

No momento está confinado, esperando a pandemia da COVID-19 passar, mas mantém contato com seus alunos do projeto para que façam as atividades que são possíveis. “Quero mostrar a medalha para eles”, repetiu. “Eu sentia uma angústia muito grande pela falta da medalha, compensada pela linda homenagem feita por André Domingos, na Assembleia da CBAt em 2016, em São Paulo. Antes de ganhar a medalha do André eu dava desculpas, dizia que esqueci a medalha em casa ou mostrava a prata do Mundial de Paris-2003. Agora vou poder mostrar a verdadeira e não a réplica. E é uma verdadeira mesmo, que está no Museu do COI, feita para aquela Olimpíada.”

Claudio observou que correu a preliminar e ajudou a classificar o Brasil para a final do revezamento 4×100 m em Sydney-2000. “Puxa, nos esportes coletivos todo mundo vai ao pódio buscar a medalha, quem jogou e não jogou. No atletismo não, o quinto homem do revezamento deveria poder subir no pódio também”, afirmou.

Quando recebeu a réplica da medalha ficou “mais tranquilo” e não foi mais atrás. “Nunca quis criar polêmica, prejudicar ninguém porque preferia que as coisas acontecessem de forma mais natural. Eu sempre brigava dentro da pista. Vai do gênio de cada um e o meu é esse e foi assim que esperei essa medalha”, explicou. “Mas nunca perdi a esperança e a fé. E olha o que aconteceu!”

Claudio Roberto começou no atletismo em uma escola em Teresina, no Piauí, com 15 anos. Três meses depois que conheceu o atletismo foi campeão brasileiro sub-18. Com 17 anos enfrentou o sarampo e a pneumonia no mesmo ano, ficou parado, mas quando voltou, foi campeão brasileiro sub-20. “Daí eu fui para São Paulo.” Mas não se esquece de todos os treinadores que estiveram na sua formação: “Os professores Batista e Amparo, os treinadores Ezio Magalhães e o espetacular Nakaya (Katsuhico Nakaya)”.

Conquistas e heróis – Foram 19 anos nas pistas, o tanto de tempo que esperou pela medalha. “Joaquim Cruz, Vanderlei Cordeiro de Lima e os próprios caras que correram comigo no revezamento – Edson Luciano Ribeiro, Claudinei Quirino, André Domingos e Vicente Lenilson – são meus ídolos sim, meus heróis… Somos amigos, o André então, nem se fala”, afirmou.

Perguntado sobre o revezamento ideal falou: “Vicente Lenilson abrindo, na reta Robson Caetano, na curva André Domingos ou João Batista Eugênio e fechando Paulo André de Oliveira ou o Claudinei… De segundo homem também tem o Edson. O revezamento do Nordeste teria Vicente Lenilson, Sandro Viana, Basílio Emídio e eu fechando, ou Codó fechando, o Bruno disputando vaga de segundo homem, grandes nomes do Norte-Nordeste.”

André Domingos já sabe que ele terá de devolver a réplica da medalha ao COI para receber a original. “Ele é muito tranquilo. Disse que sou merecedor.” Mas Claudinho reluta. “Vamos ver se tenho de devolver mesmo.”

Claudinho elogiou o trabalho dos jornalistas que escreveram sua história – Paulo Conde, pela Folha de S. Paulo e agora a TV Globo, e o repórter Guilherme Pereira, “que fez a reportagem para o Fantástico e se emocionou comigo”.

“Os jornalistas foram muito importantes para que a medalha viesse e também o COB. Tenho de agradecer ao presidente do COB, Paulo Wanderley, e ao Bichara (diretor de esportes do /COB), que fizeram todo o contato com o COI. Também tenho de agradecer aos atletas do revezamento – que, inclusive, defenderam minha presença no importante Programa Heróis do Atletismo da Caixa.”

Também agradeceu a CBAt, que tentou recuperar a medalha também, e deu espaço em sua assembleia para a homenagem feita em 2016. “Agradeço a todos que lutaram.”

Ainda elogiou o Heróis do Atletismo. “É um programa da Caixa em que a gente fala pra crianças e outros públicos sobre a nossa trajetória. Há uma correlação com o atletismo nas palestras para gestores. A gente viaja para corridas de rua, competições da CBAt e outros eventos pra mostrar a história do atletismo pela boca de seus heróis. Muito importante para inspirar pessoas!”

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