Num sábado, 10 de setembro de 1960, três maratonistas neozelandeses já tinham realizado todos os preparativos necessários para o evento que estava a minutos de acontecer. A ansiedade já os assolava e entre olhares de pernas nervosas e as dúvidas sobre suas reais possibilidades, Ray Puckett, um desse trio, começa a rir. Atônitos, Jeff Julian e Barry Magee se perguntam o porquê da risada, logo esclarecida: "Oh, bem, esse podemos vencer de qualquer maneira", apontando para um corredor negro de shorts verde e camisa laranja, alto, magro, mas, sobretudo, descalço. Todos da roda começaram a zombar de tal figura esdrúxula.
Leia maisNos últimos tempos, não tem sido raro a descoberta de atletas que cortaram caminho ou burlaram o regulamento para conseguir vencer alguma prova, conseguir um "Boston Qualifying" ou simplesmente inflar seu ego nas redes sociais. Ledo engano aos mais saudosistas de que tal estado de coisa é uma novidade. Basta voltarmos no tempo e relembrar a Maratona Olímpica de 1904, na cidade americana de St. Louis. Provavelmente a mais bizarra que tivemos.Depois do sucesso que foram os primeiros Jogos Olímpicos da modernidade, em Atenas em 1896, os dois seguintes não tiveram o mesmo êxito. Na tentativa de fazer um evento
Leia maisA comoção foi geral, por conta da notícia do falecimento da atleta e treinadora Cristina de Carvalho, de São Paulo, no dia 25 de dezembro. Mulher linda, forte, determinada, ótima profissional, gente boa... Difícil acreditar que tivesse ido assim, tão cedo, aos 46 anos. O Brasil perdia uma grande esportista, admirada e respeitada por todos, vencida por um câncer que teve início no seio quatro anos atrás e alastrou-se para os ossos.Apaixonada pelo que fazia, Cris era polivalente e desconhecia limites. Tanto que ao longo da vida transitou e deixou sua marca pelos universos das corridas de rua, de aventura
Leia maisNa agradável tarde do dia 27 de julho, os mais de 70 mil espectadores se posicionavam em suas cadeiras do Estádio Olímpico de Helsinque, Finlândia, palco das Olimpíadas de 1952. A tão aguardada maratona olímpica estava para acontecer às 15h30 e, já na pista, alternando entre trotes, breves estímulos de velocidade e alongamento, estava o inglês Jim Peters. Principal maratonista daqueles tempos, tinha sido recordista mundial algumas semanas antes e, um ano depois, iria ser o primeiro homem a quebrar a marca de 2h20 na maratona. Nem é preciso dizer que era o franco favorito para a disputa, como jamais
Leia maisPOR NELTON ARAÚJO | @_nelton Entre os vários mitos que circudam o universo dos maratonistas, é provável que sua gênese e distância sejam os mais longevos. Embora não existam fontes históricas consistentes e consenso sobre a existência do famoso mensageiro grego Fidípedes e a bela história de que, após correr aproximadamente 40 quilômetros da cidade de Maratona até Atenas, para avisar ao povo sobre a vitória dos gregos sobre os persas, teria caído morto, ela continua no imaginário coletivo até hoje. As únicas certezas sobre os fatos acima é de que a história entrou para o folclore popular mundial como
Leia maisUma coisa que corredor adora é comparar, seja o tempo final numa prova, ou em relação ao ritmo, mas, sobretudo, quanto ao treinamento. Não é raro encontrarmos, nas rodinhas de corredores, discussões acaloradas sobre qual método é o mais eficiente para cada um chegar ao tão sonhado recorde pessoal. Seria usando e respeitando a frequência cardíaca? E os intervalados? Para a maratona precisa? Ou o que importa mesmo é a quantidade de quilômetros que você soma durante a semana? Sobretudo durante os últimos anos tem se travado uma constante "guerra" entre intensidade e volume. De um lado, uns pregam mais
Leia maisRomper limites. Eis uma das poucas "verdades absolutas" dentro da história do esporte, sobretudo quando falamos de atletismo e das corridas de rua. É que o iguala profissionais e amadores: quanto mais rápido ou mais longe, mais endorfina, mais prazer. Exige, para ambos, preparação intensa, sacrifício e, sobretudo, preparação psicológica: faz-se necessário acreditar que é possível. Foi assim que o grego Louis Spiridon conseguiu ganhar a primeira maratona olímpica em 2:58:50 (Atenas 1896), e pode ser uma das chaves de explicação para o sonho dos maratonistas amadores, desde o século 20, em completar os 42,195 km abaixo das três horas.
Leia maisDuas medalhas de ouro olímpicas nos 10.000 m, em Atlanta-1996 e Sydney-2000. Nove títulos mundiais da IAAF, incluindo quatro vitórias consecutivas nessa distância. Um total de 15 recordes mundiais oficiais ao ar livre (contando a maratona), além de cinco indoor. Um sorriso e carisma cativantes. Em uma carreira de sucesso, por mais de duas décadas, ele foi o "cara" das pistas e das ruas nas longas distâncias. No dia 10 de maio, após participar da Great Manchester Run, na Inglaterra, o etíope Haile Gebrselassie anunciou, oficialmente, a aposentadoria como corredor de elite, pondo fim a uma era.O mito começou a
Leia maisBoston é daqueles locais que você chega pela primeira vez e sente que sempre esteve lá. Ao deslocar-se a pé ou de transporte público por uma cidade praticamente sem ter de pedir informações ou olhar o mapa (ou GPS nos tempos atuais), a sensação é de familiaridade, de sentir-se em casa. De conhecer os restaurantes, as pessoas e saber onde comprar algo, supérfluo ou de primeira necessidade. A Maratona de Boston é, para mim, a única certeza ano após ano. Não sei que provas irei participar, mas sei que terei de trabalhar bastante para estar lá de novo. É assim
Leia maisFinal de 1978, dia de confraternização entre corredores do Ranelagh Harriers Running Club, no pub The Dysart Arms, em Londres, e o tema era um só: a monstruosidade da Maratona de Nova York. Alguns ali tinham acabado de vir totalmente enebriados do clima da competição na "Big Apple", exaltando a atmosfera vibrante, onde milhares de espectadores não permitiam que qualquer corredor desistisse. Ao lado desse grupo, dois ex-medalistas Olímpicos nos anos 1950 e que eram agora jornalistas esportivos olhavam aquele entusiasmo com um pouco de ceticismo. Chris Brasher, medalhista de ouro nos 3.000 m com barreiras em Melbourne em 1956,
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