CALOR ESTRANHO
Acontece comigo uma coisa esquisita, que acredito não ser comum entre corredores. Sempre que entro numa competição forte, por exemplo 10/15 km, até o 5°km aproximadamente a minha temperatura sobe de tal forma que parece que irei pegar fogo. Mas logo depois tudo volta ao normal e chego a até sentir um pouco de frio. Transpiro muito. Quando acabo a prova volta o calor, mas após um banho estou novo, de novo. Existe uma explicação para isso? Não me sinto estranho e o fato não chega a prejudicar minha performance.
Juracy Almeida, via e-mail
Sem dúvida seu caso é bastante peculiar, mas não me parece que seja algum comprometimento mais sério que você deveria se preocupar. O único sintoma que sente é o aumento de temperatura no início da prova? Ou também palpitações, falta de ar, tonturas, ânsia de vômito? Quando realizou seu último teste ergométrico ou consulta com um cardiologista? Alimenta-se bem antes de treinos e provas? Creio que você deva realizar alguns exames, caso seus sintomas persistam.
FRATURA DO SESAMÓIDE
Sou assinante e acompanho a coluna de medicina da revista, excelente, por sinal. Gostaria de tirar algumas dúvidas sobre o meu caso. Corro há 11 anos e tenho o sesamóide do pé esquerdo (halux) calcificado irregularmente, em função de uma lesão ocorrida há 10 anos. Por conta disso, não posso usar salto alto e quando corro piso um pouco torto. Há uns 2 anos comecei sentir a perna esquerda queimar inteira, principalmente à noite.O problema é que quando corria a dor passava. Parei com a musculação e pernada na natação para ver se melhorava, mas continuei a correr. Continuei assim até a Maratona de Florianópolis este ano. Decidi parar e ver o que eu realmente tinha. Consultei um médico especialista em quadril e nada. Coluna lombar, e nada. Aí alguém sugeriu joelho. O diagnóstico foi de tendinite em ambos os joelhos (subpatelar e superior), além de edema entre o segmento distal da banda ílio tibial e o condilo femoral lateral em ambos os joelhos. Enfim, síndrome da banda, principalmente a esquerda e tendinite. Estou na 50ª sessão de fisioterapia, fazendo fortalecimento muscular e alongamento, principalmente da banda esquerda. Também estou mantendo a natação e iniciei Pilates. A queimação está concentrada nos joelhos agora. A banda queima na parte posterior da coxa de em quando. O problema é que a dor reaparece de tempos em tempos. Pedalei esses dias e senti queimação na parte superior e inferior dos joelhos. Será que isso tem a ver com o sesamóide quebrado? Quando corro ele não incomoda. Será que ele é a origem de tudo? Ou a falta de fortalecimento é que ocasionou isso? Gostaria de saber se retirando o sesamóide vou correr normalmente ou vai ficar igual. Porque do jeito que está dá para levar, ainda mais agora que estou usando tênis correto para pronada severa, que é o meu caso. O médico especialista em pé falou que retirar é simples e não incomoda mais. Será? Sobre o joelho, será que vou voltar a correr normalmente? É normal essas dores que vão e voltam? Será que o tratamento com a fisioterapia está correto?
Leila Maria Baranhuk, Curitiba, PR
A síndrome da banda ílio-tibial acomete aquela faixa de tecido conjuntivo que conecta o osso do ílio até a parte lateral do osso da perna (tíbia), e passa ao lado de uma proeminência óssea do fêmur, o côndilo lateral. O atrito que a banda causa em sua passagem pelo côndilo do fêmur durante o movimento cíclico de flexo-extensão do joelho na corrida é considerado um fator causal do processo de inflamação no local e conseqüente dor ao correr. A fratura do sesamóide que você sofreu há 10 anos modificou o balanço biomecânico de sua passada na caminhada e sobretudo na corrida, o que contribuiu imensamente para o desenvolvimento destas lesões que está apresentando agora. O uso de calçado apropriado é uma boa idéia, assim como as sessões de fisioterapia para as tendinopatias patelares. Enfatize os exercícios de alongamento e o uso de gelo em casa. Uma outra alternativa para a dor é a eletroacunpuntura. Não creio que deva enfrentar uma cirurgia para a retirada do sesamóide, já que por enquanto ele não lhe incomoda. Os ossos sesamóides atuam como polias para os tendões flexores dos dedos e têm uma função biomecânica importante e definida. Retirá-los pode lhe trazer problemas futuros.
LESÃO NO QUADRIL
Entrei no site e adorei as matérias! Gostaria de uma ajuda, na verdade é um pedido de socorro. Fui praticante de varias modalidades esportivas (balê, natação, atletismo, ginástica artística) e há mais ou menos 4 anos não pratico nenhuma modalidade, porque tenho uma lesão no quadril e sofro muito com isso. Sinto dores na região do ísquio; dói quando fico muito tempo sentada ou quando subo escada; tenho dificuldade para todos os tipos de atividades, até as mais simples como andar.
Aline Prates, via e-mail
Existem algumas possibilidades diagnósticas que devemos considerar no seu caso. Sua dor é na porção posterior da coxa, na palpação do osso ísquio? Sofreu algum estiramento da musculatura desta região? Está apresentando algum formigamento na região glútea ou na parte posterior da coxa? Você sofre de diabetes? Uma possibilidade seria a bursite isquiática, ou seja, a inflamação de uma "bolsa" localizada bem no ponto palpável do ísquio e que gera um desconforto, sobretudo ao sentar, ou também uma lesão músculo-tendínea envolvendo a origem dos tendões dos músculos localizados atrás da coxa (os chamados ísquio-tibiais). Seu caso merece um exame clínico detalhado e um exame de imagem criterioso para visualizar esta região e correlacionar os achados radiológicos com seus sintomas. Procure um ortopedista especializado em medicina esportiva para o acompanhamento de sua lesão.
BURSITE NOS DOIS JOELHOS
Sou militar e a atividade fisica mais freqüente é a corrida. Tenho bursite infra patelar nos dois joelhos, e por isso faço fisioterapia e fortalecimento muscular. Só que não posso ficar muito tempo parado, porque quando volto a correr sinto dores. Existiria algum tratamento que me ajude a recuperar mais rápido, ou realmente tenho que parar de correr e continuar a fisioterapia e o fortalecimento? Nessa situação é recomendado ficar mais ou menos quanto tempo parado? A dor que sinto somente me acomete quando corro mais de 30 minutos e mesmo assim é na parte lateral externa dos dois joelhos.
Sargento Silva, via e-mail
Creio que está fazendo tudo certo, porém enfatize os exercícios de alongamento durante suas sessões de fisioterapia para a musculatura anterior da coxa, ou seja, o quadríceps. Este músculo, quando demasiadamente encurtado, exerce uma pressão enorme nos tendões do joelho e pode propiciar um quadro de tendinopatia e bursite infra-patelar, como o seu. Também faça sessões de eletroacunpuntura para a melhora da dor, dessa forma você pode realizar exercícios com pouca dor. Procure não ficar parado e se necessário treine na água para manter alguma capacidade aeróbica.
CARTILAGEM DO JOELHO
Minha mãe perdeu a cartilagem da perna direita há 1 ano e 8 meses; ela ficou internada fazendo fisioterapia, Pilates na água e agora voltou a fazer Pilates de uma forma diferente para ver se melhora; ela sente muitas dores e manca com a perna direita. Nós estamos sofrendo muito porque ela sempre foi uma mulher batalhadora e gostava de caminhar. Se fosse possível gostaria que me ajudasse sobre o que mais pode ser feito para aliviar as dores, embora já tenha tomado muitos medicamentos, mas infelizmente nenhum resolveu.
Julcileia Augusta Prates, Vitória, ES
Infelizmente a condição da sua mãe é preocupante. Imagino que ela desenvolveu osteoartrose no joelho direito, ou seja, um comprometimento da cartilagem por desgaste e conseqüente dificuldade para caminhar por causa das dores intensas. A opção dos exercícios de Pilates é uma ótima idéia, assim como a hidroginástica, porém as caminhadas podem lhe trazer mais dor. Na medida do possível, sua mãe deve procurar perder peso, ou pelo menos manter seu peso atual para não aumentar a carga sobre os quadris e joelhos, além de fazer uso de substâncias ditas condroprotetoras, como os sulfatos de condroitina e glicosamina, que exercem algum efeito protetor e regenerador sobre as células da cartilagem humana. Converse com o ortopedista sobre esta possibilidade.
JOANETE COM OU SEM PINO
Fiz cirurgia há 5 anos no dedão do pé direito para extrair o hállux valgus, o popular joanete. Agora estou necessitando fazer o mesmo no pé esquerdo.Procurei várias médicos da cidade onde moro e todos usam o mesmo método, colocando um pino, e afirmando que é o mais moderno e mais confiável. No entanto, na minha cirurgia anterior não foi colocado e ficou excelente. Por favor esclareçam – colocar o pino é realmente o método mais indicado?
Nilva Teresinha Ben, Caxias do Sul, RS
A literatura científica ortopédica relata inúmeras técnicas diferentes para a cirurgia da correção do joanete, portanto não existe uma que seja melhor que outra. As técnicas são mais adequadas para determinados tipos de pacientes e para casos com características distintas, levando em conta a idade do paciente, tipo de trabalho, constituição física e grau da deformidade. Portanto, a técnica que foi utilizada em seu pé há 5 anos pode não ser a mais adequada hoje, daí que os médicos que você consultou mencionaram a utilização de um parafuso. Creio que você pode confiar nestes profissionais.
ACIDENTE DE MOTO
Sou assinante e gostaria de colocar o meu caso, para uma orientação na coluna medicina ou outra se for possível. Corro há aproximadamente 5 anos, faço parte da equipe Playteam (os laranjinhas) e do grupo Guias Voluntários da Corpore (os amarelinhos). Este ano consegui completar minha primeira maratona e estava sendo um ano quase perfeito, não fosse o acidente de moto que sofri no começo de setembro. Tive o osso escafóide da mão direita trincado, e para reparar precisei engessar o braço inteiro e por longo período. Para quem treinava todos os dias será um grande problema. Existe alguma foram de minimizar esse inconveniente?
Dalmiro Esteves Teixeira, São Paulo, SP
O escafóide é um dos ossos do punho, localizado abaixo do polegar, que necessita de um longo tempo de imobilização para sua consolidação após uma fratura. Por causa das características de sua irrigação sanguínea, a fratura do escafóide em alguns casos pode não cicatrizar completamente, gerando uma condição chamada em ortopedia de pseudoartrose, ou uma falsa consolidação do osso, necessitando então de tratamento cirúrgico. Durante o período inicial de tratamento será usado um gesso longo, durante o qual você pode tentar o treino na bicicleta ergométrica e realizar exercícios de musculação com os membros inferiores, mas sabendo que o suor vai deixar seu gesso com mau cheiro e você pode ter coceiras. Após algumas semanas, você vai passar a utilizar um gesso mais curto e aí pode tentar o uso do Transport (aparelho elíptico) e continuar com a musculação. A situação será desconfortável, mas o importante é você manter-se ativo e procurar combater o destreinamento com atividades aeróbicas alternativas. Ânimo!
DOAÇÃO DE SANGUE
Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pela coluna na CR. Apesar dos leitores procurarem esclarecer dúvidas muito específicas, a seção busca sair do específico para o geral, para benefício de todos os leitores. Penso que a minha dúvida é de interesse amplo, pois vem crescendo o número de doadores de sangue, para felicidade de todos. Pois bem, gostaria de saber se existe um prazo seguro para doação antes de uma corrida longa, como uma meia-maratona. Imagino que cada organismo deve reagir de uma forma e sei que os médicos recomendam repouso no dia da doação, mas no caso de um esforço maior existe alguma referência/estudo que indique um prazo de segurança? Nunca senti nada de anormal treinando no dia seguinte ao da doação, mas também nunca testei correr uma meia 7 dias depois, por exemplo.
Renato Chaves, Rio de Janeiro, RJ
A rigor não existe um prazo de segurança para o retorno ao exercício físico após a doação de sangue. Em se tratando de pessoas saudáveis, o esforço pode até ser realizado já no dia seguinte, mas se tratando de uma meia-maratona, convém aguardar pelo menos uma semana para a competição. Mesmo com a doação de sangue padrão (entre 300 e 500 ml), a dosagem de hemoglobina (proteína que carrega o ferro dentro dos glóbulos vermelhos) praticamente não diminui, mostrando que a capacidade do sangue transportar o oxigênio para os tecidos não está comprometida. De qualquer forma, alimente-se adequadamente nos dias após a doação e beba bastante líquidos.



