Notícias Fernanda Paradizo 1 de outubro de 2021 (0) (574)

Maratona de Berlim tem participação de 193 brasileiros, entre os 24.796 concluintes!

A edição 2021 da Maratona de Berlim, realizada no último domingo (26/09), marcou o início da temporada das Majors e também o retorno das grandes maratonas, após a pandemia. A prova teve 24.796 concluintes – um número bem menor do que os 44 mil habituais – e aconteceu sob rígidas regras de protocolos.

Para participar da maratona, os corredores tiveram que apresentar comprovante de vacinação completa, documento que já haviam sido infectados pelo vírus e se recuperado nos últimos 6 meses ou teste PCR negativo de Covid (para a feira e para o dia da corrida). Segundo dados dos organizadores, 90% dos participantes estavam vacinados.

Além de menor número de participantes (na corrida e na prova de patins) e uma expo em tamanho menor, os organizadores tiraram da programação deste ano o Breakfast Run, o Pasta Lounge, a Bambini Run e a corrida infantil de patins.

Apesar da limitação de participantes, a edição de 2021 teve 138 países representados e o Brasil marcou presença com 193 concluintes.

Reunimos aqui depoimentos de alguns brasileiros que lá estiveram e que contam um pouco sobre as expectativas em relação à realização da prova, a incerteza da viagem e as regras e protocolos obrigatórios, para entrar no país e participar da corrida.

Aruane Bedran – São Paulo, SP
Tempo: 3:58:14

“Corro há 7 anos e essa foi a minha primeira maratona. Fui sorteada em 2019 e era para ter corrido em Berlim no ano passado, mas não deu certo. Conversei com o Nelson (Evêncio), meu treinador, e pedi para me orientar como se fosse correr uma maratona, mesmo estando tudo fechado. Na época da vacina, acabei tomando a Pfizer, aceita em várias parte do mundo. Quando a Alemanha resolveu abrir as fronteiras, a partir de 22 de agosto, tive que correr atrás da segunda dose feito uma maluca, colocando meu nome na xepa de várias UBS’s. Consegui tomar a segunda dose a tempo e antes dos 14 dias da viagem, que era a exigência para entrar na Alemanha. Na véspera de embarcar, acabaram liberando também a Coronavac. Eu viajava na terça e consegui comprar passagem para minha mãe no sábado.

Achava que a Alemanha estava bem mais rigorosa. Mas teve lugar que precisamos só assinar um termo, falando que estávamos vacinados, recuperados ou com PCR negativo.

Para entrar na feira, precisamos mostrar tudo e os participantes que comprovavamrecebiam uma pulseira para acesso à área de largada. Na prova, ficamos de máscara até a saída. porque depois era possível tirar. Aqueles que estavam com a máscara abaixo do nariz eram advertidos.

Durante o percurso, estava me sentindo muito bem e preparada, apesar de nervosa e ansiosa por ser a primeira vez. No começo, estava correndo com uma colega da mesma assessoria, mas ela sentiu o tendão de Aquiles e nos separamos por volta do km 18. A partir daí, consegui seguir num ritmo um pouco melhor. Quando faltavam 4 km, vi que conseguiria fazer abaixo de 4h e dei uma apertada. Foi muito bom. A energia estava surreal! Não tenho base de comparação, mas era uma sensação muito boa!”

Thiago de Oliveira – Louveira, SP
Tempo: 3:14:36

“Antes de viajar para a Alemanha, o site da organização da Maratona de Berlim já mostrava um guia com os protocolos de saúde a serem seguidos. Na expo (fomos no primeiro dia, quinta-feira à tarde), logo na entrada já pediram pra utilizar máscara e apresentar comprovante de vacinação ou PCR negativo (tomei Coronavac e apresentei os dois). O espaço na feira é muito grande e não teve filas no primeiro dia, nem aglomerações. Os staffs estavam a todo momento orientando por onde entrar e sair. A organização também colocou um teste PCR disponível em seu site para o corredor que não havia tomado nenhuma das vacinas reconhecidas pela agência europeia.

No dia, na entrada para a área de largada, já era solicitado a utilização de máscara, até o momento do começo da maratona. Ao final, deram uma máscara nova, e sua utilização para pegar medalha, poncho e gravação de medalha era obrigatória.

Após sair da área delimitada para os participantes, próximo ao portão de Brandemburgo, já não era mais necessário estar com ela.”

José Eduardo C. Araújo – Teresina, PI
Tempo: 3:34:07

“Corro desse 2015, é a minha sexta maratona e primeira Major. Corri Porto Alegre, Curitiba, Paris, Space Coast e Uphill. Quando comecei a treinar com o André (Savazoni), já programei para  fazer Berlim. Como aconteceu a pandemia, eu me propus a fazer uma coisa diferente, aumentando a velocidade, para fazer uma prova melhor.

Sobre o evento, pareceu até que aconteceu de supetão. Faltava um mês para a maratona e não tínhamos certeza se ia ter ou não e se iam autorizar a entrada de brasileiros na Alemanha. Nesse mês que faltava, fui tentando resolver as coisas. Eu me vacinei com a Pfizer e tomei a segunda dose dentro da data prevista para a prova.

Incertezas foram gerando uma certa insegurança, mas continuei trabalhando no treino. Para embarcar, o protocolo da TAP (via Lisboa) é mais rigoroso do que o da própria Alemanha. Ela exigia um PCR, enquanto para a Alemanha bastava a vacina. Quando fui embarcar em São Paulo, criaram mais dificuldades. Queriam que o PCR fosse em inglês e a própria TAP dizia que, para entrar na Alemanha, era preciso fazer novo PCR em Lisboa. Mas não foi necessário. Bastava a vacina. As inseguranças até o dia de entrar na Alemanha foram grandes. Na verdade, só relaxei mesmo quando peguei o kit. Aí a cabeça voltou para a prova.

Sobre a maratona, foi muito gostosa e fiz mais ou menos o programado. Estava um pouco mais quente que o esperado. Quando chegamos, eram 12 graus, mas no dia ficou entre 20 e 25. A população foi para rua fazer festa. Acredito que em regra deve ter até mais gente assistindo. Em nenhum momento senti as ruas vazias. Havia muitas bandas, muitas crianças pedindo para os corredores bateram na mão. Fiz a prova dentro do planejado, com uma diferença de apenas 30 segundos entre uma meia e outra. Berlim para em função da prova. O trânsito é zero. Vi várias pessoas de bicicleta serem expulsas da ciclovia. Conhecia prova europeia por Paris, que na minha opinião não deve nada a nenhuma Major. Se não for igual ou até superior.”

Júlia de Toledo M. Oliveira – Louveira SP
Tempo: 3:36:51

“Estávamos com viagem marcada para Berlim, já há algum tempo, mas sem a certeza se poderíamos entrar, pois o país estava fechado para brasileiros. Prestes a optar por adiar nossa participação para a edição de 2022, a Alemanha decidiu abrir as portas para nós, desde que totalmente vacinados com as vacinas aceitas pelo país. Meu marido tomou a Coronavac, que ainda não era aceita por lá. Estávamos apreensivos porque ele teria que fazer quarentena de 14 dias, já que entraria como não vacinado.

Mas, no decorrer dos dias, mais precisamente nos que antecederam a data da maratona, a Alemanha decidiu abrir as portas para todos os turistas, inclusive os vacinados com a Coronavac, sem precisar fazer quarentena, mas com o teste PCR negativo de no máximo 72h ou carta de recuperado. Tomei a vacina da Pfizer e apresentei apenas o certificado da vacina. Meu marido apresentou o PCR negativo. Partimos de Guarulhos, com uma escala em Paris. Foi tranquilo. Entramos sem problemas em Berlim.

Na Alemanha, o uso de máscara em lugares abertos não é obrigatório e nunca foi. Somente em transportes públicos e locais fechados alguns exigem que a máscara seja a N95, outros aceitam a cirúrgica descartável.

Já na expo da maratona, pediram o certificado da vacina. Não sei se não entendiam o inglês, mas aceitaram o certificado do ConecteSUS do meu marido, vacinado com a Coronavac. Com isso não precisamos fazer o teste PCR lá.

Para o dia da prova, máscara era obrigatória no pré e no pós-prova. Sobre a maratona, pra mim que estreei na distância, foi sensacional, apesar do dia ensolarado e quente. Superou minhas expectativas. Organização sensacional para o tanto de gente. Dizem que na última edição havia 44 mil corredores e este ano foram 25 mil. Achei bastante. Corremos o tempo todo com muita gente. Me surpreendeu muito positivamente.”

Alberto Banach – São Paulo, SP
Tempo: 5:12:46

“Já tinha corrido em Berlim em 2008 e 2010 e neste ano a prova foi muito bem organizada. Foram tomadas várias medidas de prevenção, como máscara antes da largada e depois da chegada. Tinha uma pulseira que eles fizeram para identificar os vacinados e os recuperados. Muita gente organizando isto o tempo todo.

Fui à feira na sexta-feira, com bastante gente e, como sempre, na capital alemã os preços não são os melhores do mundo.

Sobre a prova, esteve um calor bem forte e isso atrapalhou o desempenho de todos. Havia muito abastecimento como sempre, largada em ondas e tudo correu muito bem. Também bastante apoio popular e durante a prova em instante algum eu me lembrei da pandemia.

Minha filha (Karen) vive em Israel e quando descobrimos que a Alemanha estava aberta para os dois países, buscamos a inscrição cerca um mês antes. Estava correndo sempre, mas sem treinar para maratona, e minha filha idem. Ela participou de uma maratona virtual em Tel Aviv este ano, mas muito organizada, com roteiro sugerido. A partir daí só corria para manter a forma.

Quando fiz Nova York em 1997, logo após a prova, no hotel, todos estavam falando sobre seus sonhos. ‘O meu é correr uma maratona com minha filha depois de 20 anos’, eu disse. Muitos deram risada. Passados 24 anos este sonho foi realizado.”

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