Notícias admin 12 de outubro de 2014 (0) (113)

Boston volta a ser Boston

Um ano se passou. E o ambiente em Boston mudou radicalmente. A tristeza, a incredulidade e a indignação com o atentado à bomba bem perto da linha de chegada, que teve quatro mortes e 264 feridos, deu lugar à festa prometida tanto pela organização quanto pelos moradores da região. Uma comemoração inesquecível, com a cidade (e a corrida) superlotada. Foram 35,7 mil concluintes de 96 países, incluindo 88 brasileiros. Mas antes, durante e após os 42 km, só houve alegria e comemoração. Com direito à apoteose: a vitória do norte-americano (nascido na Eritreia) no masculino na 118ª edição da Maratona de Boston. Nem no melhor roteiro esperava-se por isso.
O esquema de segurança foi amplo, mas feito de uma forma que não chamasse a atenção. Eles estavam lá, presentes e atentos, mas nada que tirasse a liberdade das pessoas. Na hora da largada, por exemplo, os militares ficaram "escondidos" nos telhados e sacadas das casas ao redor das baias dos corredores. Poucos viram. Foi assim durante os 42 km. E eles fizeram questão desse "anonimato". As revistas durante a Expo existiram, mas de forma tranquila. Na prática, o sistema mostrou-se eficaz.
A maratona em si contou com um número menor de corredores somente do que a edição do centenário, há 18 anos. E isso foi comprovado pelo grande movimento tanto nos três dias da Expo, de sexta a domingo, quanto pelas ruas. Aqui, vale um adendo: quem deixou para comprar produtos oficiais no domingo (ou chegou nesse dia), ficou sem as recordações. Praticamente tudo foi vendido em dois dias. Restavam pouquíssimos produtos. Em outras lojas, idem. Neste ano, em comparação com edições anteriores, a feira foi ampliada, com a separação da área de entrega dos kits para um outro andar do Hynes Convention Center, na própria (e famosa) Boylston Street, bem próximo da linha de chegada da maratona.

QUATRO LARGADAS. No dia da prova, os corredores foram divididos em quatro ondas de largada (normalmente são três), com nove currais cada uma (9 mil corredores em média, 1 mil por baia). A sorte foi que a organização ficou ainda melhor neste ano, pois como a maioria das ruas é estreita (duas faixas), o trajeto esteve muito cheio. Porém, como você larga (e corre) ao lado de atletas de mesmo nível, o fluxo segue tranquilamente. Mas sempre com os corredores cercados. Os postos de hidratação, dos dois lados das ruas e longos, ajudam, mas nos três primeiros, principalmente, a dificuldade para pegar água ou isotônico é grande.
Nos dias de véspera da maratona, fez muito frio em Boston, com a temperatura chegando a 1°C, mas no momento da prova, apesar dos 4 graus na madrugada, subiu rapidamente e, em cerca de 2 horas, foi aos 15°C, com um belo dia de sol.
Mas a sensação mesmo que ficou foi de um dia inesquecível para a maioria dos participantes na 118ª edição de Boston. "Vim pela primeira vez correr em Boston e não imaginava esse envolvimento que ela traz para a cidade. O evento é fantástico e tudo diferente daquilo a que estamos acostumados no Brasil. Meu alvo era correr a 4:15 por km e fechar próximo das 3h, mas tive cãibras nas pernas e até nos braços. Também cheguei aqui pensando em uma altimetria favorável, mas não é nada disso; tobogã seria um apelido justo. Mas não é chamada de ‘Maratona das Maratonas' por acaso, e devo voltar", disse Breno R. Júnior, de Porto Alegre, que fez 3h38.
Outro novo "apaixonado" por Boston é Fábio Gomes Martins, de São Paulo. "Nunca tinha feito uma competição tão técnica, com o tempo todo pegando descidas e subidas, o que vai enganando e minando a energia. Mas é absurda a participação da população! Corremos os 42 km com muita gente dos dois lados sempre incentivando e animando todo mundo que passa. Facilmente diria que tínhamos 1 milhão de pessoas incentivando do lado de fora", disse Fábio, que também sentiu cãibras, mas bateu o recorde pessoal com 2h53.
OS PRIMEIROS. A festa norte-americana foi completa com a vitória de Meb Keflezighi em 2:08:37 (recorde pessoal), superando a disputa com o queniano Wilson Chebet (2:08:48). O também queniano Frankline Chepkwon completou o pódio (2:08:50). Foi a primeira vitória de um corredor do país desde 1983, quando Greg Meyer chegou na primeira colocação. Agora, Meb acumula o troféu das duas principais provas dos Estados Unidos: Nova York e Boston.
Entre as mulheres, a queniana Rita Jeptoo garantiu o tricampeonato (ganhou em 2006 e 2013) e de quebra bateu o recorde de 12 anos do percurso, com 2:18:57. Em segundo lugar chegou a etíope Buzunesh Deba (2:19:59) e em terceiro outra etíope, Mare Dibaba (2:20:35).
Os americanos festejaram também o desempenho de Shalane Flanagan, a sétima colocada com a melhor marca pessoal de 2:22:02. Quem também se destacou foi a brasileira Adriana Aparecida da Silva, a 16ª colocada, com 2:31:18. Veja os resultados completos, bem como os índices para correr em Boston, no site oficial da maratona, o www.baa.org.

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