Na evolução dos recordes mundiais no atletismo, há barreira mentais que vão sendo quebradas e mostrando a todos: “Sim, é possível”. Quando eu e o Sérgio Rocha entrevistamos o queniano Paul Tergat neste ano em São Paulo, ele nos disse que ninguém acreditava ser possível correr na sua época a maratona sub 2h05. Tergat foi lá e quebrou o recorde mundial com 2:04:55 em Berlim.
O etíope Haile Gebrselassie fez o mesmo. Seu grande mérito na carreira foi ter quebrado a barreira dos 2h04, com 2:03:59 na mesma Berlim.
Porém, realmente, quem mudou a história da maratona foi uma dupla de quenianos, Geoffrey Mutai (que não tenho ideia onde esteja agora, porque não está confirmado nem em Chicago nem em Nova York, após não correr Berlim) e a fera Moses Mosop. A dupla mostrou em Boston neste ano (com descida, com ou sem vento, não importa) que não chegamos ao limite atual do homem nos 42.195 m, ao contrário do que pensam muitos especialistas. Ao fazerem 2:03:02 e 2:03:06, respectivamente, na centenária maratona americana (mesmo não sendo oficializado recorde mundial devido às regras da Iaaf), quebraram mais uma barreira mental. Talvez a mais importante das últimas décadas. Mostraram, como fez Tergat, como fez Haile: “Sim, é possível”.
Neste domingo (25), outro queniano, Patrick Makau, escreveu outro capítulo da história. Com 2:03:38, bateu o recorde mundial da maratona novamente na rápida, bela e importante Berlim. Baixou em 21 segundos a marca de Haile. Um feito. Ainda mais porque, lembre-se, apesar da hegemonia e da superioridade queniana, é apenas o segundo corredor do país a ser coroado “recordista mundial”. O outro foi Tergat.
Para quem gosta de números, as parciais do feito de Makau: 5 km (14:37); 10 km (29:17); 15 km (43:52); 20 km (58:30); meia (1:01:44); 25 km (1:13:18); 30 km (1:27:38); 35 km (1:42:16); 40 km (1:57:15); final (2:03:38). Para quem acha que recorde só é quebrado com split negativo, está aí a resposta: 1:01:54 na segunda meia. Foi constante, é verdade, só dez segundos de diferença.
Makau acaba de criar uma expectativa ainda maior para Chicago. Serão duas semanas de comentários e expectativas para a maratona americana. Moses Mosop estará na largada. Vive um grande momento e, agora, tem 14 dias com uma marca na cabeça – 2:03:38. Sinceramente, acho que ele vai buscar o sub 2h03. Se vai conseguir, diversos fatores terão influência, a começar pelo dia e pelo clima. Mas, no fundo, Mosop sabe: “Sim, é possível”.
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André,
Acredito que, com treino, e força de vontade, tudo é possivel.
Esses corredores podem diminuir ainda mais o recorde da maratona.
Ainda digo mais, em menos de 10 anos teremos um sub 2h.
Abç
Sim, mas na maratona não basta apenas o “yes, we can”. São pouquíssimas provas nas quais o recorde pode ser batido e é preciso todo um planejamento, com a contratação de pace makers fortes e etc. Em provas de altíssimo nível, onde tudo isso for feito e o clima estiver favorável no dia, o recorde pode ser batido. Infelizmente, não depende apenas de um maratonista super homem acordar naquele dia e dizer: “Vou pra bater o recorde”. Se a prova náo estiver preparada para o recorde, o recorde não sairá.
Fala André!!! Assisti a Maratona até os 25K + ou – e tive que ir pra Campinas correr a Integração. Estava na torcida pelo Haile, mas vi que o Makau parecia muito tranquilo…e ele sobrouuuuu!!! Em Chicago existe alguma possibilidade dos quenianos baixarem o WR ainda mais? E o Marilson…vai correr lá tbm né? Vc sabe o que o Marilson pretende fazer em relação à tempo, já que ele tem 2h06′? Grande abraço!
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Alan,
Acredito sim no recorde mundial em Chicago e num tempo muito próximo de 2h03. Claro que isso dependerá do clima no dia. Se estiver quente, ferrou. Agora, com frio, vão destruir o recorde, não tenho dúvida. O Marilson vai para Chicago sim. Oficialmente, a todos, ele fala que a intenção é correr no índice olímpico, garantir a vaga em Londres, mas esse é o plano B, de segurança. O A é o recorde sul-americano, com 2h05 alto. Isso que ele buscará e tem grandes, mas grandes chances de conseguir. Ainda mais porque é uma prova que ele conhece e terá um nível técnico muito bom.
Abraço,
André Savazoni
Vale lembrar que o novo recordista mundial também quebrou o recorde dos 30 km. Fazendo uma continha rápida: 2:03:38 para 42,195 km, ou seja, 2:56 min/km de média, somente 20,45 km/h. Você já tentou correr na esteira nesta velocidade? Inacreditável o ser humano ser capaz disto ai. Fantástico!
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Leo,
E pegando a estatística, que está disponível no site oficial, ele perdeu bons segundos entre o km 35 e o 40, além de um pouquinho no erro na chegada. O resultado, realmente, foi fantástico, mas se o tempo ajudar (isso será fundamental, como já falei), o recorde cai em Chicago e ficará muito próximo de 2h03 ou vai entrar na casa do 2h02 alto, algo em torno de 2:02:58… O Makau, com alguém ao lado, tenho certeza que poderia ter chegado abaixo de 2:03:20.
Abraço
André Savazoni
Este tempo do Makau em Berlim fortaleceu uma convicção que eu já tinha.
A de que os 2:03:02 do Geoffrey Mutai em Boston não pode ser creditado apenas às variáveis climáticas daquele dia, conforme amplamente discutido.
O fato é que há uma galera “nervosa” prestes a estabelecer novos parâmetros para a Maratona. Não é mesmo Haile?
E se estiverem num dia bom, com clima propício, irão pras cabeças. E isto pode ser em qualquer lugar Boston, Berlim, Chicago, Londres, etc.
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Manoel,
Concordo plenamente. Para mim (claro que devemos respeitar as regras), mas já considero os tempos de Boston como recordes mundiais (mas não sou a Iaaf, rs). Também acho que o vento pode ter dado uma mãozinha, mas em Chicago o Moses Mosop vai comprovar isso. E acredito, ainda, que em pouquíssimo tempo (que sabe já em Chicago), veremos um recorde da maratona sub 2h03.
Abraço,
André Savazoni
André, a estratégia é quebrar o recorde de 1 em 1 segundo. Ou seja, quebrá-lo várias vezes e embolsar o prêmio tantas vezes quanto possível. Acho que baixar em 21 segundos foi até um exagero. Também acho que teremos novo recorde em Chicago. Abcs!
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Leo,
Essa é a estratégia do Usain Bolt, rs. Ele segura para ir quebrando de centéstimos em centésimos, colocando mais dinheiro no bolso! Na maratona, é mais difícil ter esse controle. É claro que, quebrar o recorde quatro vezes seguidas com cinco segundos em cada, é muito melhor financeiramente do que baixar em 20 segundos de uma vez! E você será nossa testemunha do recorde lá em Chicago então.
Abraço,
André Savazoni
Fiquei com a impressão de que o tempo seria mais baixo caso tivesse mais alguém junto com o Makau até o final.
Pelo jeito, tudo é possível para esses super atletas. Agora fica a expectativa para Chicago!
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Eijiro,
Também fiquei com essa expectativa. Por isso que acredito em um tempo bem próximo de 2h03 ou um pouquinho abaixo em Chicago, devido às disputas. Coisa que não houve em Berlim. Se tivesse, por exemplo, mais dois ou três grandes competidores em Berlim, o tempo teria sido ainda mais baixo, com certeza.
Abraço,
André Savazoni
Deu pra ver, pelo menos minha impressão, que o Makau realmente cansou e usou os kms 35 a 40 pra “descansar”. Concordo que o recorde poderá cair em Chicago ainda mais pelas pernas de Mosop, porém creio que ainda não será dessa vez que ficará abaixo das 2:03… aposto em 2:03 baixo… Em Boston realmente estava ventando muito nas costas dos corredores, os ajudando.
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Rafael,
Realmente, pela recupeação do Makau nos dois últimos quilômetros, ele deu uma respirada mesmo do km 35 ao 40, que foram fundamentais para apertar o ritmo de novo. Mas se tivesse alguém ao lado dele, não tinha essa de respirar, rs.
Por isso, numa disputa acirrada, com mais de um concorrente, acho que pode sair um 3h02 alto, porém, a tendência se alguém disparar, com grandes chances para o Mosop, daí o que você falou está mais próximo: 3h03 baixo.
Abraço,
André Savazoni
Gente qual corredor deixa de pensar em quebrar, pessoal ou mundial, o RECORDE! É claro que condições de tempo e coelhos ajudam, mas a verdade é que estão surgindo corredores capazes de bater o bom (Lenda viva, Monstro, Fenômeno, etc…) velhinho Haile!!