Performance e Saúde Redação 11 de janeiro de 2012 (0) (125)

Bandagens: muito mais que apenas visual

A escolha, dentre os seus diferentes tipos, depende da lesão e do objetivo do tratamento. Para lesões de tendões e músculos, por exemplo, opta-se por fitas elásticas, enquanto as bandagens rígidas são geralmente utilizadas para o posicionamento e proteção articular.

O esparadrapo comum também é usado por alguns terapeutas. Este tipo de bandagem pode ser indicado para a estabilização e imobilização de articulações ou até mesmo no alívio da dor. Mas não deve ser usado diretamente sobre a pele; há bandagens protetoras que são usadas sob o esparadrapo para evitar feridas. O tipo micropore não é indicado, pois não é resistente o suficiente para suportar a tração necessária de estabilização da articulação tratada.

Existem as bandagens elásticas, não adesivas, mas muito usadas no tratamento de edema (inchaço) devido a cirurgias, lesões, inflamações ou problemas na circulação linfática. Sua técnica consiste em "enfaixar" o membro afetado da ponta para a direção do tronco, fazendo uma leve compressão. Esta compressão deve ser mantida apenas por alguns minutos, pois impede a circulação sanguínea adequada. Pode ser realizado junto com compressa de gelo, acelerando o processo de drenagem do edema.

No entanto, o tipo de bandagem atualmente mais usado é a bandagem elástica adesiva (tipo kinésio) além de ser mais segura, é indicada para tratamentos diversos e para prevenção de lesões, dores e câibras.

 

COMO A BANDAGEM AGE. A técnica das bandagens elásticas adesivas baseia-se em estimular a capacidade de auto-regeneração do organismo. Quando há algum tipo de lesão ou estresse, os sistemas circulatório (sanguíneo e linfático), muscular e neurológico são ativados, iniciando o processo de cicatrização.

Isso é possível, devido à ação que a bandagem elástica exerce sobre células do sistema nervoso, situadas na pele (receptores neurais). Dependendo da técnica e intenção do tratamento, as bandagens são capazes de inibir ou estimular os impulsos que estas células enviam para o cérebro. Estes impulsos controlam muitas funções do nosso corpo, como sensação de dor, contração muscular e propriocepção articular (capacidade da articulação de se adaptar a diferentes posições).

Ao aderir, a bandagem "enruga" a pele, aumentando o espaço onde estão localizados os vasos sanguíneos e linfáticos, promovendo a dilatação destes vasos. Esse processo facilita a drenagem do edema (inchaço) e leva maior número de nutrientes para os músculos. Isso permite maior velocidade de cicatrização de lesões, aumenta a qualidade da contração muscular e evita câibras e espasmos.

 

AÇÃO NAS ARTICULAÇÕES E MÚSCULOS. Através de estímulos contínuos sobre células específicas da pele (receptores nervosos), a bandagem promove maior percepção do movimento articular, isto é, aumenta a sua propriocepção. Esta técnica também é capaz de proporcionar a correção do alinhamento articular. Para isso, corrige-se o seu posicionamento pela força e direção da tração da fita.

Outra forma de reposicionamento articular se dá pelo re-equilíbrio e correção da função muscular que a envolve. Do mesmo modo, pela direção da tração da bandagem, é possível estimular ou diminuir a força de contração muscular.

Por outro lado, a elasticidade da bandagem permite uma função articular adequada, pois não a imobiliza totalmente, limitando apenas graus excessivos de mobilidade e favorecendo os movimentos articulares desejados.

Já em relação ao sistema imunológico, ao enrugar a pele, a bandagem diminui a compressão sofrida pelos receptores nervosos nela situados, inibindo os estímulos de dor que estas células enviam ao cérebro.

 

TRATAMENTOS DIVERSOS. As bandagens agem imediatamente no alívio da dor. Seu estímulo é duradouro (cerca de 3 dias) e sua aplicação é rápida e relativamente fácil. Conforme os objetivo e características da região a ser tratada, utiliza-se um método, força de tensão e direção da bandagem. Deve ser aplicada sobre a pele levemente tracionada e limpa.

Possui grande diversidade de indicação, mas principalmente na prevenção e tratamento de lesões esportivas como: distensões ligamentares, entorses, frouxidão articular, síndrome fêmuro-patelar, deformidades e desalinhamentos articulares, espasmos musculares, câibras, dores musculares, edemas, fraqueza muscular e tendinites.

Muito empregadas em lesões recentes (agudas), a bandagem é eficaz no controle do edema e da inflamação, além de prover maior rapidez de cicatrização. As compressas com gelo podem ser feitas sobre a bandagem, mas não é indicada a compressa quente.

Em fases mais avançadas do tratamento, esta técnica é muito utilizada com o objetivo de proteger a área lesada e antecipar o retorno do corredor à atividade esportiva. É muito comum, hoje em dia, observar tais bandagens sendo usadas durante competições importantes, por atletas de elite que sofreram lesões recentes.

 

DURANTE TREINOS E PROVAS.  Uma indicação comum é a inibição de movimentos excessivos de inversão (rotação para dentro) e de eversão (rotação para fora) do pé durante treinos e provas, favorecendo a movimentação correta desta articulação e evitando lesões. Mas alguns estudos mostram que esta estabilidade mecânica diminui consideravelmente após 20 minutos de corrida.

Outra finalidade para corredores é diminuir a sobrecarga articular e efetivar a recuperação muscular, aumentando a sua capacidade de cicatrização após microlesões provenientes do esporte.

Uma função, ainda muito discutida, é a diminuição da fadiga muscular. Acredita-se que, através de estímulos específicos e da melhora da circulação sanguínea, a bandagem pode otimizar a contração muscular.

 

CONTRA-INDICAÇÕES

Lesões não diagnosticadas, alergia ao material, fraturas, alterações circulatórias graves, lesões de pele, ruptura completa de tendões e ligamentos e perda da sensibilidade são as contra-indicações gerais desta técnica. Mas poderá haver alguma contra-indicação individual. Por isso, para aplicar a bandagem de forma segura, deve-se avaliar o caso criteriosamente.

CUIDADOS

A bandagem funcional não deve ser utilizada isoladamente, mas sim como auxiliar de outras intervenções terapêuticas. 

O correto diagnóstico da lesão, a técnica a ser utilizada, o material da bandagem, o tempo de utilização e a prática esportiva também são aspectos importantes para garantir o sucesso do tratamento.

Esta técnica possui grande capacidade de agir em diferentes sistemas do organismo e de exercer ou inibir diferentes tipos de estímulos. Portanto, há o risco de ser usada de forma errada, devendo ser realizada apenas por pessoas habilitadas.

MELHORA O DESEMPENHO DE UM ATLETA SAUDÁVEL?

A ação relevante de bandagem para atletas saudáveis ainda não é provada. Não há dados na literatura que justifiquem utilizar bandagem apenas para aumentar o rendimento ou a força muscular do atleta que não possui nenhum tipo de lesão.

Mas a bandagem pode ser indicada para promover o relaxamento muscular, evitar câibras, dores e espasmos pós- atividade física. Nesse sentido, ela seria aplicada apenas depois da corrida.

Alguns profissionais indicam o uso das bandagens em corredores saudáveis durante os treinos, talvez pela diminuição da sobrecarga articular e estímulo da contração muscular. Mas o seu uso, geralmente, não é indicado durante as provas.

 

 

 

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