20 de setembro de 2024

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Sem categoria admin 6 de janeiro de 2017 (0) (104)

Atletismo é novamente destaque nas Olimpíadas

Thiago Braz da Silva fez o Brasil comemorar como se tivesse conquistado um título no futebol na noite de 16 de agosto. O Estádio do Engenhão, inclusive, parecia mais o Maracanã em dia de final. O que resultou, inclusive, em reclamações do francês Renaud Lavillenie, o atual campeão, líder do ranking e então amplo favorito na prova do salto com vara. Porém, com um salto de 6,03 m (10 centímetros acima da então sua melhor marca pessoal), o brasileiro conquistou a medalha de ouro, bateu o recorde olímpico e entrou para um seleto grupo de apenas três brasileiros que já atingiram o primeiro lugar na história dos Jogos.
Adhemar Ferreira da Silva (duas vezes no salto triplo, em Helsinque-1952 e Melbourne-1956), Joaquim Cruz (nos 800 m em Los Angeles-1984) e Maurren Maggi (no salto em distância em Londres-2012) são os outros campeões olímpicos do país. Isso engrandece ainda mais o feito de Thiago Braz, natural de Marília (SP), e que há dois anos vive na Itália, treinando com o ucraniano Vitaly Petrov, que já trabalhou com o supercampeão Sergey Bubka e com a russa Yelena Isinbayeva (não disputou os Jogos do Rio devido à suspensão da Rússia do atletismo pelo escândalo de doping).
Atleta da Orcampi/Unimed, de Campinas, Thiago Braz vinha em grande evolução na carreira, porém não havia se destacado nos Jogos Pan-Americanos de Toronto (Canadá) e não estava entre os principais favoritos à medalha, apesar da boa colocação no ranking mundial (entre os 10 primeiros nos últimos três anos). Chegou à Olimpíada com o recorde sul-americano de 5,92 m (além de 5,93 m indoor, ou seja, em pista coberta). Porém, desde o início da final, Thiago Braz se manteve extremamente confortável e confiante nos saltos no Engenhão.
Foi passando as alturas sucessivamente até sobrar apenas ele e o francês Lavillenie na briga pelo ouro. A medalha de prata estava garantida. O líder do ranking mundial ultrapassou com facilidade 5,98 m na primeira tentativa e o brasileiro, não. Então, veio a decisão que definiu a Olimpíada. Ao invés de se contentar com o segundo lugar, Thiago Braz ousou. Subiu o sarrafo para 6,03 m (10 centímetros a mais do que já havia saltado na vida). Passou na segunda tentativa, bateu o recorde olímpico e, com os três erros de Lavillenie, tornou-se o quarto brasileiro medalhista de ouro da história olímpica. O bronze ficou com o norte-americano Sam Kendricks (5,85 m).
"Passar pela barreira dos seis metros era uma meta que estávamos buscando há algum tempo. Quando fiz 5,93 m e vi que já tinha conquista a prata, fiquei muito satisfeito, mas sentia que não tinha acabado ainda. Falei com o meu treinador (Petrov) e ele pediu que passasse para 6,03 m, que também era uma vontade que eu tinha naquele momento. Todos os ajustes que fizemos nos postes e nas marcas foram perfeitos. Não consegui na primeira tentativa, mas foi mais um ajuste, para saltar para valer no segundo", disse Thiago Braz, em entrevista à CBAt, agradecendo ao apoio da torcida. "Espero que a minha conquista incentive as crianças a praticar esporte, não só o salto com vara, mas o atletismo de uma forma geral."
Na história, também, Thiago Braz tornou-se o quarto atleta brasileiro a bater o recorde olímpico. Feito obtido duas vezes por Adhemar Ferreira da Silva e por Nelson Prudêncio no salto triplo e por Joaquim Cruz nos 800 m. O país tem, além dos cinco ouros, três medalhas de prata e sete de bronze desde 1896, o início da Olimpíada.

BALANÇO – Além do ouro de Thiago Braz, quem chegou mais próximo da medalha no atletismo do Brasil foi Caio Bonfim, na marcha atlética de 20 km. Ele obteve a quarta colocação, batendo o recorde brasileiro (1:19:42). Além disso, também superou a melhor marca nacional nos 50 km da marcha, com o nono lugar (3:47:02). O terceiro melhor desempenho foi de Darlan Romani, quinto colocado no arremesso de peso, que bateu o recorde brasileiro por duas vezes (20,94 m e 21,02 m). Na marcha atlética de 20 km, Érika de Sena obteve a excelente sétima posição (1:29:29).
Outros dois atletas fizeram uma ótima competição no Rio de Janeiro. Altobeli da Silva foi o segundo brasileiro a fazer uma final dos 3.000 m com obstáculos (o outro foi Clodoaldo Lopes do Carmo, em Barcelona-1992). Ele superou duas vezes seu recorde pessoal, com 8:26.59 e 8:26.30. Já no decatlo, Luiz Alberto Cardoso de Araújo foi o 10º colocado, com a melhor marca da carreira: 8.315 pontos.
Além disso, nove atletas ou equipes do Brasil fizeram os melhores tempos na temporada: 4×100 m masculino (38.19), 4×400 m masculino (3:00.43), 4×400 m feminino (3:30.27), João Vitor de Oliveira (13.63 nos 110 m com barreiras), Eder Antonio de Souza (13.61 nos 110 m com barreiras), Rosângela Santos (11.23 nos 100 m), Vitoria Rosa (23.35 nos 200 m), Flavia Maria de Lima (2:03.78 nos 800 m) e Geisa Arcanjo (18,27 m no arremesso do peso).
Por outro lado, o dado triste foi a despedida de Fabiana Murer no salto com vara. A atleta chegou ao Rio como uma das favoritas à medalha, mas sofreu com uma hérnia diagnosticada cerca de um mês antes da competição e não conseguiu passar para a final, sendo eliminada na fase de classificação. Além disso, houve atletas que pioraram muito as marcas, não conseguindo ficar nem perto do que obtiveram para a classificação olímpica, o que precisa ser analisado em todo o planejamento para os próximos eventos. No total, o Brasil foi representado por uma delegação de 67 atletas, a maior da história.

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