Para começo de conversa, é necessário explicar porque as aspas na palavra rápidas do título. É muito comum se falar que determinada maratona é favorável (ou não) para se conseguir bons resultados, recorrendo-se às marcas obtidas pela elite ou mesmo fazendo-se uma média dos tempos de todos os concluintes nos 42 km.
Apesar do segundo critério ser mais real para expressar as características de determinada prova, ele dificilmente é citado, ficando-se mesmo em como foi a atuação dos profissionais. Não por acaso, algumas maratonas oferecem altos valores em dinheiro para quem chega ao pódio, especialmente se conseguem recordes, de forma a alçar a prova ao status das mais importantes do mundo, pelos resultados lá
alcançados.
Daí voltamos às aspas, porque nem sempre são o percurso plano e o clima frio os grandes responsáveis pelos resultados rápidos (válidos para os amadores…), mas sim os recursos disponibilizados pela organização, para pagar a vinda de atletas de ponta e acenar com prêmios bastante altos.
Feita essa introdução, é necessário inserir mais uma variável, que também poucas vezes é lembrada. Trata-se da “qualidade” do pelotão geral de participantes, ou seja, da percentual de corredores competitivos na prova, aqueles que se dedicam ao extremo na preparação, para encarar muito bem os 42 km.
Por vezes há o estímulo de valores em dinheiro nas faixas etárias, mas isso que já foi comum há 20 anos é algo raríssimo atualmente, só sendo encontrado (ao que parece) na Maratona de Foz do Iguaçu, onde, aliás, este editor foi premiado pelo 4º lugar na faixa 70/74 anos, em 2019. Porém, a motivação maior para os amadores, competitivos ou não, é mesmo a dupla percurso plano e temperaturas baixas, vindo depois a
organização geral e o abastecimento no trajeto.
Agora podemos abordar o tema do título deste post e explicar os números que aparecem no quadro abaixo, referente às provas de 2019, e relacionados à performance dos participantes em cada uma das maratonas consideradas para o Ranking.
Como já se falou muito aqui no site, o Ranking Brasileiro de Maratonistas montado pela CR é seletivo, por ser necessário concluir uma maratona brasileira oficial abaixo dos tempos-limite de cada faixa etária, para ingressar na listagem. Dessa forma, este acaba sendo um terceiro critério para se avaliar quanto “rápida” é uma maratona, ou seja, quanto mais gente ranqueada numa prova (proporcionalmente ao total de
concluintes), melhor ela deve ser para obtenção de boas marcas.
E a dupla citada acima (percurso e clima) é mesmo fundamental, como se verá a seguir. A Maratona de Porto Alegre foi a mais “rápida” em 2019, pelo critério do Ranking, na medida em que 48% dos concluintes conseguiram se ranquear, seguida de perto por Goiânia, Foz do Iguaçu e Florianópolis (a que ocorre em agosto).
Curiosamente, a 2ª e a 3ª têm percursos desfavoráveis, mas o oferecimento de prêmios em dinheiro nas categorias de idade fez com que muitos corredores bem treinados estivessem por lá e, para estes, o que vale mesmo é o excelente condicionamento, pouco importando as subidas e o calor. Já Floripa junta as três características também presentes em PoA, ou seja, percurso plano, clima ameno/frio e muitos participantes em busca de resultados, e que se preparam devidamente para os 42 km.
Também em Uberlândia, Salvador, Curitiba e na SP City se constata bom número de maratonistas “sérios”, mas os trajetos e clima dessas provas não ajudam muito. Para as demais, em que menos de 25% dos concluintes conseguiu entrar no Ranking da CR, vale o trio: participantes pouco treinados + percurso não muito favorável + clima idem. Com as largadas sendo antecipadas (mais por pressão das autoridades de trânsito e menos por decisão dos organizadores), este último aspecto vem sendo menos grave.
Mas, por outro lado, com os tempos médios em maratonas brasileiras aumentando a cada ano, fenômeno que se repete lá fora também, a temperatura ambiente acaba pesando para quem chega depois de 4 horas, o que por vezes representa até mais que a metade dos concluintes.
Em outros posts aqui no site, a tabela de tempos-limite por faixa etária para ingresso no Ranking Brasileiro de Maratonistas 2022, assim como o calendário das maratonas que devem valer para ingresso na listagem.
Foto: Márcio Rodrigues/Foco Radical. Chegada na Maratona de Porto Alegre 2019
AS MARATONAS OFICIAIS BRASILEIRAS CONSIDERADAS PARA O RANKING 2019