Muitos corredores se mostram ansiosos para a execução das tarefas da preparação, aguardando de seus treinadores as planilhas com treinos cada vez mais desafiadores e que os alçarão a um novo patamar da condição atlética. Intervalados, rodagens em ritmo crescente, corridas em aclives, longos, musculação e circuitos, competições… Todos que gostam de correr, mal esperam por esses momentos!
Entretanto, dois aspectos fundamentais para a realização de uma ótima sessão de treinamento ou de uma competição são o aquecimento e o relaxamento – muitas vezes negligenciados ou executados às pressas pelos corredores, seja pelo reduzido tempo de que se dispõe para o treinamento ou mesmo por não entenderem o seu real significado.
Considerando que uma sessão de treino consiste de três partes básicas (aquecimento, tarefas da preparação e relaxamento), o aquecimento é a primeira delas e nunca deve ser deixado de lado, assim como a última etapa do mesmo.
Mas para que serve o aquecimento? Qualquer corredor terá pronta a resposta: preparar o corpo para treinar ou competir. Exato. Aquecer, portanto, constitui a primeira parte da sessão de treino e tem como objetivo a obtenção de um estado físico e psicológico adequado, auxiliando no preparo dos músculos para os exercícios mais intensos, focando o corredor nas tarefas que deverá executar e, também, como um meio de se prevenir lesões.
AQUECIMENTO EM DUAS FASES. O bom aquecimento divide-se em duas partes: geral e específico. Assim, na fase geral, o corredor deverá providenciar a elevação gradual da capacidade orgânica, como um todo, passando para um estado mais ativo, trabalhando para isto com exercícios que mobilizem grandes grupos musculares. O aumento da temperatura corporal e a transpiração são indicadores de que tal processo está em andamento.
Os corredores, em sua maioria, cumprem com esta primeira parte, realizando um trote inicial, entre 10-20 min (a depender, por exemplo, da condição física do atleta, idade, hora do dia e temperatura ambiente). Entretanto, muitos praticamente encerram o aquecimento nesse momento ou, às vezes, fazem alguns breves e desnecessários alongamentos e já partem para a ação.
Ao atingir o estado de aquecimento geral, o corredor deverá passar para a segunda etapa do processo. No aquecimento específico (dos corredores, no caso), os exercícios devem solicitar a coordenação muscular própria ao gesto da corrida. Nesta ocasião, portanto, os exercícios de técnica, com saltos, e as acelerações em ritmo progressivo (50-100 m) completarão o processo.
Além do que já foi dito, também é importante que o corredor, no momento em que se aquece, inicie a mentalização das tarefas da preparação, pois isto lhe proporcionará um nível de concentração ideal para a execução dos exercícios mais intensos que virão a seguir.
DEPOIS, O RELAXAMENTO. Finalizadas as tarefas, muitos corredores acreditam já terem encerrado a atividade. Outro equívoco. A sessão de treinamento, para ser completa, deve atender igualmente suas três partes. Assim, o relaxamento é o próximo e derradeiro passo para que o corredor complete, com sucesso, mais um dia de treino.
O relaxamento consiste em promover o retorno das funções orgânicas – alteradas pela elevada intensidade ou longa duração das tarefas da preparação – a um nível funcional estável e tranquilo. Isto deve ser feito de modo gradual – como no ato de aquecer – por meio de um trote, uma caminhada e alguns alongamentos suaves.
Assim como aquecer prepara o organismo para exercitar-se melhor – e há evidências sobre isso -, o relaxamento predispõe o corpo à recuperação e ao descanso.
Aquecimento e relaxamento, portanto, são procedimentos indispensáveis de uma sessão de treinamento ou de uma competição e, como tal, devem ser observados por todos os corredores, sejam eles principiantes, experientes ou de alto rendimento atlético.