Os integrantes da seleção brasileira de atletismo que participaram do Campeonato Mundial de Doha, encerrado neste domingo (dia 6), no Estádio Internacional Khalifa, consideraram muito boa a campanha da equipe na competição – a segunda melhor da história por pontos. “Faltou apenas uma medalha para ser brilhante”, disse o presidente do Conselho de Administração da Confederação Brasileira de Atletismo, Warlindo Carneiro da Silva Filho.
“De fato tivemos resultados excepcionais e batemos na trave. Mostramos evolução e que estamos no caminho certo para os Jogos de Tóquio-2020”, disse o presidente. “O Darlan Romani, o revezamento masculino e a Erica de Sena fizeram excelentes provas, o Thiago Braz voltou a saltar bem, apresentamos ao mundo o Alison dos Santos e o 4×100 m feminino foi infeliz, cometeu um meio erro e acabou desqualificado”, acrescentou.
O treinador-chefe do Brasil, João Paulo Alves da Cunha, concorda com Warlindo e dá como exemplo o fato de a equipe ter somado 25 pontos na competição. Com isso, a campanha de Doha só perde para a do Mundial de Sevilha-1999, quando a equipe acumulou 26 pontos. Até o início da última etapa, neste domingo, o Brasil ocupava o 14º lugar entre os 62 países que pontuaram.
“Não veio a medalha, mas nossa participação foi excelente. Mostramos que temos atletas com chances reais de brigar por medalha em Tóquio e de ir para a final. Mostramos foco na evolução dos atletas”, afirmou João Paulo.
O treinador diz que o planejamento para os Jogos de Tóquio está bem encaminhado. “A preparação se inicia em janeiro e fevereiro, com treinamento e competições indoor. Em março e maio, os campings de treinamento e competição, principalmente nos Estados Unidos, algumas provas específicas em outros locais, como maratona e marcha atlética, em altitude. E finalmente em junho e julho, praticamente com a equipe olímpica definida serão realizados campings de treinamento e competição na Europa, de onde já embarcamos para Saitama, no Japão”, explicou João Paulo.
O Brasil fez seis finalistas entre os oito melhores em Doha
4º – Erica de Sena – 20 km de marcha atlética
4º – Darlan Romani – arremesso do peso
4º – Revezamento 4×100 m masculino (com recorde sul-americano)
5º – Thiago Braz – salto com vara
6º – Fernanda Borges – lançamento do disco
7º – Alisson Santos – 400 m com barreiras (com recorde sul-americano sub-20)
8º – Revezamento 4×400 m misto
Dois finalistas (provas de campo) entre os 12 melhores
10º – Augusto Dutra – salto com vara
12º – Almir Cunha – salto triplo
Quase medalha. A prova do arremesso do peso masculina foi a mais forte da história dos Mundiais. Um exemplo disso é com os 22,53 m obtido por Darlan Romani no sábado (dia 5) ele seria campeão em todas as 15 edições anteriores da competição. Em Doha, porém, acabou em quarto lugar, atrás dos norte-americanos Joe Kovacs, com 22,91 m (recorde do torneio) e de Ryan Crouser, com 22,90 m (recorde pessoal) e do neozelandês Tomas Walsh, também com 22,90 m (recorde da Oceania).
No revezamento masculino 4×100 m (foto), os brasileiros Rodrigo Nascimento, Vitor Hugo dos Santos, Derick de Souza e Paulo André Camilo de Oliveira fizeram a lição de casa. Quebraram no sábado o recorde sul-americano que durava 19 anos – desde a Olimpíada de Sydney-2000 -, com 37.72. Qualificado para a Olimpíada de Tóquio, acabou em quarto lugar, sendo superado por três equipes fantásticas.
Os Estados Unidos conseguiram a melhor marca da temporada, com 37.10, seguidos da Grã-Bretanha, com 37.36 (recorde europeu), e do Japão, com 37.43 (recorde asiático).
Maratona. Disputada a um minuto para a meia noite de Doha, no sábado (dia 5), Paulo Roberto de Almeida Paula foi o brasileiro mais bem colocado na maratona do Mundial de Atletismo. Na prova, realizada em circuito de 7 quilômetros montado na zona turística de Corniche, Paulo Roberto foi top 20 – terminou em 19º lugar, com o tempo de 2:15:09 para os 42,195 km da prova. Wellington Bezerra da Silva, o Cipó, ficou em 49º (2:21:49) e Vagner da Silva Noronha em 51º (2:26:11). Um total de 79 corredores largaram, mas apenas 55 concluíram, dentre eles os brasileiros.
Dois etíopes ficaram com as primeiras posições. Lelisa Desisa ganhou a medalha de ouro, com 2:10:40, sua melhor marca da temporada para a maratona. Desisa correu o tempo todo com o pelotão e definiu a prova com um sprint. O também etíope Mosinet Geremew (2:10:44) ficou com a medalha de prata e o queniano Amos Kipruto (2:10:51) com a de bronze.