O atletismo brasileiro perdeu hoje o triplista Nelson Prudêncio, aos 68 anos, vítima de câncer no pulmão, diagnosticado recentemente. Recordista mundial e dono de duas medalhas olímpicas e duas pan-americanas, foi um dos atletas que melhor fez a transição após a aposentadoria das competições.
Nascido em Lins, no interior paulista, em 4 de abril de 1944, era professor da Universidade Federal de São Carlos desde os anos 1970. Em 2006, obteve o título de doutor em Atletismo, pela Universidade de Campinas (Unicamp).
Ao lado de Adhemar Ferreira da Silva (que está no hall da fama da IAAF) e de João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, é apontado como um dos maiores triplistas de todos os tempos.
Prudêncio ganhou duas medalhas pan-americanas de prata (em Winnipeg-1967 e em Cali-1971). Em Olimpíadas, foi prata na Cidade do México, ao saltar 17,27 m em 17 de outubro de 1968. A marca se constituiu em recorde mundial no momento e deu o vice-campeonato ao brasileiro, já que em seguida o soviético Viktor Saneyev saltou 17,39 m, batendo o recorde novamente e levando o ouro. Quatro anos depois, nos Jogos de Munique, Prudêncio saltou 17,05 m e subiu ao pódio com o bronze.
Em 1968, após a medalha olímpica, surpreendeu os jornalistas ao afirmar: “Quero agradecer a todos os brasileiros pelo apoio que me deram. Eu não desapontei o Brasil. Agora, por favor, deixem-me só que quero chorar. Acho que nunca chorei na minha vida, mas agora vou chorar.” Nesse período da vida, Prudêncio treinava somente duas vezes por semana na pista de atletismo do Bolão em Jundiaí. Trabalhava simultaneamente como torneio mecânico e fazia um curso técnico de projetista mecânico no período noturno.
“Educador nato, em todos os sentidos, homem de conciliação, jamais utilizava uma palavra áspera para se referir a pessoas ou fatos. Com sua fala cadenciada e pensamentos sempre elaborados com precisão, às vezes usando de fina ironia, transmitia com naturalidade seus conhecimentos e suas ideias, quer no exercício da cátedra quer no contato diário com aqueles que dele se acercavam”, afirmou o presidente da CBAt, Roberto Gesta de Melo, em nota oficial distribuída pela entidade.
“Vice-Presidente incomparável da CBAt, convidei-o para ser presidente da entidade certo tempo atrás. Levei três amigos para procurar convencê-lo. Da forma fidalga que sempre o caracterizou, declinou da indicação. Uma pena, para quem tinha o perfil ideal para exercer qualquer função que escolhesse, em razão de sua formação completa. Ele fará muita falta aos novos dirigentes do atletismo”, completou Gesta de Melo.
O velório está sendo realizado no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo, em São Carlos, no interior de São Paulo, cidade onde morava, e o sepultamento ocorrerá às 16h30. Prudêncio deixa dois filhos e a mulher, Maria Lúcia Saldanha Vianna Prudêncio.
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Uma pena que era fumante.
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Verdade, Julio, realmente, uma pena.
Abraço
André
Descanse em paz Prudêncio.É lamentável e surpreendente que um atleta do nível dêle tenha sido fumante.
Os maiores triplistas brasileiros já não estão mais entre nós.