Na edição deste mês de julho na Contra-Relógio temos uma matéria sobre o uso de substâncias dopantes entre os amadores. Não é algo novo, mas que vem crescendo. Em uma das partes do texto, na entrevista com a nutricionista Juliana Soeiro, do Rio de Janeiro, citamos três produtos mais consumidos. E, por uma ótima e benéfica coincidência, na última terça-feira, a Anvisa soltou um comunicado alertando sobre o consumo do Jack3D, Oxy Elite Pro, Lipo-6 Black, entre outros, que podem causar graves danos à saúde das pessoas. Clique aqui e leia a portaria da Anvisa.
Já levantei essa discussão sobre o doping entre amadores também aqui no blog. De acordo com a Anvisa, como citamos na matéria da Contra-Relógio, “alguns desses suplementos contêm ingredientes que não são seguros para o consumo como alimentos ou contêm substâncias com propriedades terapêuticas, que não podem ser consumidas sem acompanhamento médico”. Ainda de acordo com o documento, “os agravos à saúde humana podem englobar efeitos tóxicos, em especial no fígado, disfunções metabólicas, danos cardiovasculares, alterações do sistema nervoso e, em alguns casos, levar até a morte”. Clique aqui e veja o comunicado completo da Anvisa, que usei como referência para este texto.
Segundo José Agenor Álvares, diretor de Controle e Monitoramento Sanitário da Anvisa, “o forte apelo publicitário e a expectativa de resultados mais rápidos contribuem para uso indiscriminado dessas substâncias por pessoas que desconhecem o verdadeiro risco envolvido.” O alerta da Anvisa volta a informar que muitos desses suplementos não estão regularizados junto à Agência e são comercializados irregularmente no Brasil. “Esses suplementos contém substâncias proibidas para uso em alimentos como: estimulantes, hormônios ou outras consideradas como doping pela Agência Mundial Antidoping.”
Um dos grandes problemas é o consumo da substância dimethylamylamine (DMAA), um estimulante usado principalmente no auxílio ao emagrecimento, aumento do rendimento atlético e como droga de abuso. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já emitiu alerta a esse respeito.
De acordo com a Anvisa, o DMAA tem “efeitos estimulantes sobre o sistema nervoso central, podendo causar dependência, além de outros efeitos adversos, como insuficiência renal, falência do fígado e alterações cardíacas, e pode levar a morte”. “O DMAA tem sido adicionado indiscriminadamente aos suplementos alimentares, apesar de não existir estudos conclusivos sobre a sua dose segura”, afirmou Álvares no comunicado da Agência. No Brasil, o comércio de suplementos alimentares com DMAA também é proibido.
No dia 3 de julho, a Anvisa incluiu o DMAA na lista de substâncias proscritas no Brasil, fato que impede a importação dos suplementos que contenham a substância, mesmo que somente por pessoa física e para consumo pessoal. Jack3D, Oxy Elite Pro e Lipo-6 Black estão nessa lista.
Resumindo a história: quer ter desempenho na corrida? Quer emagrecer? Alimente-se corretamente e treine. Fórmulas mágicas só existem nos contos de fadas. Saiba que a conta sempre (sempre mesmo) chegará. É uma opção de cada um. Mas não há como fugir dela. Não deixem de ler a matéria na Contra-Relógio de julho.
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Anfetaminas, do ponto de vista de quem quer ver o fim do doping (ou, pelo menos, dos dopados), tem a grande vantagem de causar um grande estrago em um curto espaço de tempo.
Mas uma coisa me chamou a atenção lendo a sua matéria na CR deste mês, que recebi ontem. Na página ao lado ao seu texto havia um anúncio de uma corrida qualquer, em algum lugar do Brasil (não vou citar, mas é fácil encontrar) com uma foto de uma pilha de dinheiro para os alopr.. ganhadores.
Premios em dinheiro não são, é claro, a única ou sequer a principal razão para o doping amador. Mas se tem uma coisa que os economistas conhecem bem hoje em dia é como os incentivos influenciam o comportamento. Quando você oferece incentivos para que as pessoas busquem um determinado objetivo, cuidado com as consequencias.
Não é de se estranhar, portanto, que quando as corridas começam a premiar amadores, inclusive nas faixas etáreas, a coisa desande.
Discordo totalmente. No triatlo, especialmente na modalidade Ironman, a inscrição é caríssima e não há premiação em dinheiro nas faixas etárias, e é sabido que o triatlo amador tem doping. Se acabarem com as premiações nas faixas etárias todas as corridas virariam uma provinha Track and Field, isto é, sem graça nenhuma.
Tem doping no triathlon, Julio, e não é pouco.
Mas, como eu disse, “premios em dinheiro não são, é claro, a única ou sequer a principal razão para o doping amador”. Aliás, nenhum problemas complexo tem uma única causa ou solução. Mas não tenho qualquer dúvida que os prêmios em dinheiro para amadores são parte do problema sim.
Luis espero que não coloque os maus corredores em distaques, nosso esporte está muito carente em incentivo. Precisamos nos fortalecer e pedir que os organizadores das provas tenha exames anti-doping em seus eventos. Sou a favor de faze-lo em forma de sorteio e também através de denuncia,Nos que amamos o esporte não devemos pagar pelos mutantes. Abraços
O problema não é o dinheiro, a questão está no EGO, o atleta amador, na sua maioria, não se preocupa com valores em dinheiro, não por acaso a cada dia que passa vemos mais e mais pessoas divulgando em suas redes sociais, cada treino que fazem.
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Rogerio, acredito ser uma união dos dois fatores. Há sim a questão do dinheiro, principalmente para uma geração que tem 23 a 27 anos, faz 10 km para 33 minutos, por exemplo, e sabe que para melhorar, só treinando não conseguirá. E quer chegar a 31, 30 min para entrar em uma equipe, ganhar prêmios maiores… Isso está na matéria na Contra-Relógio deste mês de julho. Porém, há um grupo enorme (acredito até o que mais usa o doping), que se enquadra no que você comentou, sobre o ego, a competição interna com os amigos e principalmente dentro de assessorias, a questão social. Quer fazer um sub 3h na maratona, sub 38 ou sub 37 nos 10 km, para se destacar e “ganhar moral” no grupo em que convive.
Abraço
André
Como eu disse, Rogério e André, não há um único fator. Se não houvesse importância para dinheiro, os promotores não ofereceriam, não colocariam fotos de maços na publicidade e o Júlio Cesar não iria achar que é isso que dá graça.
Respeito a opinião do Júlio (até porque não o conheço para duvidar de sua sinceridade), mas discordo.
De mais a mais, parece claro que existem mesmo outros motivos para o doping, tantos quantos são os dopados. Assim como existem diversos motivos para praticar esportes, tantos quantos os esportistas. Não cabe fazer julgamento moral destes motivos, pois isso não leva a nada.
Aceitação social, competição no grupo, destaque entre os amigos são todos traços perfeitamente saudáveis, dentro de certos limites. O problema é que estes limies são cada vez mais tênues. Em uma sociedade que resolve quase todos os problemas com uma droga milagrosa (nem vou citar exemplos), uma saída mais fácil e rápida como o doping é muito, muito atraente. Dá pra justificar quase tudo.