A São Silvestre é muito mais do que uma corrida. Tenho diferenças com a organização da prova, mas não deixo de exaltar a importância e a mística dela. Que a faz gigante.
Antes de começar a correr, já queria completá-la. Imaginava ser algo impossível.
Fiz jornalismo na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, no 5º andar do prédio da Fundação. Quando ainda havia a Gazeta Esportiva (nossa fonte de conhecimento esportivo) e o Notícias Populares (dividido e “devorado” no intervalo), entre outras publicações. Internet? Ainda engatinhava. A redação era repleta de máquinas de escrever. O telex funcionava 24 horas.
De 1992 a 1995, frequentei aqueles corredores e conheci grandes amigos de vida. Fizemos uma promessa, de todos corrermos juntos a São Silvestre no ano de formatura. Éramos (ou melhor somos) em cinco amigos. Por motivos diversos, quatro pularam fora. Inclusive eu.
Somente um, o Carlos Mateus, cumpriu o combinado. Ele sempre foi mesmo o mais correto. Por mais de uma década anualmente esteve na São Silvestre. Tempos depois, eu também. Chegamos a correr a prova duas vezes juntos, nos encontrando na largada e na chegada. Mas a promessa não foi cumprida inteiramente.
Os anos se passaram. Cada um seguiu o seu rumo. Nesta temporada, finalmente, após 17 anos, a promessa será cumprida. Carlos está machucado, recuperando-se. Então, já está convocado: terá a função de nos aguardar no meio do caminho, com isotônico geladinho e muita festa!
Caio Mandolesi virá de Jaraguá do Sul, Eugene Pierrobon do Rio de Janeiro e Danilo Chamadoira, de São Paulo mesmo. A aposta é que a ordem de chegada será essa mesmo! Mas isso pouco importa (ou melhor, no pós-prova fará parte da diversão e durará por anos, como o pênalti perdido pelo Caio na semifinal do campeonato de futsal da faculdade… triste lembrança).
O que vale mesmo é que estaremos juntos, finalmente, cumprindo o que prometemos numa época em que éramos mais sonhadores, mais inconsequentes, mais idealistas, solteiros, sem filhos (Eugene e Carlos precisam entrar nesse grupo de pais), menos tecnológicos, sem celular, iPhone ou internet de 10 megas…
Sei que há muitas outras histórias relacionadas à São Silvestre. Essa é apenas uma, mas que comprova a mística de ser muito mais do que uma corrida.
Foto: Ronaldo Milagres/ZDL