História admin 29 de março de 2016 (0) (422)

A FAÇANHA DE ZATOPEK NA OLIMPÍADA DE 1952

Na agradável tarde do dia 27 de julho, os mais de 70 mil espectadores se posicionavam em suas cadeiras do Estádio Olímpico de Helsinque, Finlândia, palco das Olimpíadas de 1952. A tão aguardada maratona olímpica estava para acontecer às 15h30 e, já na pista, alternando entre trotes, breves estímulos de velocidade e alongamento, estava o inglês Jim Peters. Principal maratonista daqueles tempos, tinha sido recordista mundial algumas semanas antes e, um ano depois, iria ser o primeiro homem a quebrar a marca de 2h20 na maratona.
Nem é preciso dizer que era o franco favorito para a disputa, como jamais houve anteriormente. Alongava, trotava, enfim, se mexia, tentando conter a ansiedade de estar próximo da prova da sua vida, aquela que daria o reconhecimento de sua brilhante carreira com uma medalha de ouro. Seu fluxo de pensamentos positivos foi interrompido quando ele foi abordado por um rapaz magro e calvo, que sorridente se apresentou, estendendo a mão. "Olá, eu sou Zatopek".
Emil Zatopek, então com 29 anos, dispensava apresentações a essa altura do campeonato. Ele já tinha vencido os 10.000 metros e os 5.000 metros nesses Jogos Olímpicos, caindo na graça do público por seu carisma e suas caretas em pista. No entanto, e Peters se questionava, o que ele estava fazendo, se aquecendo para correr uma maratona? Ele nunca tinha corrido uma prova de tal distância na vida, e Jim Peters também sabia muito bem disso.

LOCOMOTIVA HUMANA. Afinal, o inglês era o grande nome dos 10.000 m nas Olimpíadas de Londres em 1948, quando conheceu a grandeza da "Locomotiva Humana", que pulverizou o então recorde mundial da distância. O massacre foi tão estrondoso que Peters nunca mais correu a distância novamente, e migrou para as longas distâncias, e com muito bom êxito. E, agora, o mesmo tagarela tcheco queria lhe desafiar numa prova que nunca correu antes? O sorriso e o braço estendido soaram como provocação, e o inglês apenas devolveu o aperto de mão e saiu de perto: não era hora de conversa fiada. Estava claro que somente um ali ficaria marcado para a história dos Jogos Olímpicos.
A figura enérgica e carismática de Emil Zatopek é bem conhecida pela História do Esporte, e foi justamente pelo que fez em Helsinque em 1952, que ele se tornou uma figura tão interessante de pesquisa. O que seria bem diferente se o menino Emil tivesse conseguido sucesso na sua maior ambição de infância: ser professor. Seus insucessos acadêmicos e a necessidade de ajudar com as despesas da família levaram-no, aos 14 anos, a uma fábrica de calçados, onde trabalhava durante o dia e concluía os estudos à noite, em Zlin, hoje localizada na República Checa.
Quatro anos depois, em 1940, o tutor de Zatopek nessa fábrica obrigou que o jovem Zatopek participasse de uma tradicional prova de rua na cidade. Emil não queria participar, inclusive afirmando que estava doente, mas o tutor chamou um médico que confirmou que o rapaz, de então 18 anos, nada tinha. Ele gostava de correr, mas não se sentia à altura dos competidores talentosos que ali estavam, e via que não era lugar para ele, como mais tarde recordou em suas memórias. Mas, mesmo contrariado, foi para a corrida e terminou em segundo lugar. Foi prontamente convidado para se juntar ao clube de atletismo local.

SEM TREINADOR. Aceitou, contudo, como característica de sua personalidade, fez as coisas do seu modo, desenvolvendo seu próprio regime de treinamento. Estudou os treinos daquele que era o maior ícone do atletismo na época, o finlandês Paavo Nurmi, e chegou à conclusão de que "Correr é facilmente compreensível: você deve ser rápido o suficiente e ter resistência suficiente", disse ele. "Ou seja, correr rápido para ganhar velocidade e repeti-la muitas vezes para ganhar resistência."
Logo, seu sistema de treinamento baseava-se na combinação de sprints e corridas mais longas. Ingressou nas fileiras do exército tcheco ao final da Segunda Guerra Mundial, e, com isso, enquanto atleta militar, largou a fábrica de sapatos, e teve mais liberdade para passar mais tempo treinando e aprimorando seu sistema. Daí, quando vinte estímulos de 400 m passaram a ser relativamente fáceis, Zatopek fazia 30, depois 40, chegando a até 70 tiros por sessão. Percebia que quanto mais fazia, mais rápido ficava, e foi empurrando isso a volumes homéricos, como os famosos 100 estímulos de 400 m que chegou a fazer. Porém, com um detalhe: estes foram feitos em duas seções; 50 estímulos pela manhã e 50 no final da tarde, e não numa toada só, como se é contado.

PRIMEIRA OLIMPÍADA. Aos 24 anos, enfim o tcheco fez sua primeira corrida internacional, em Berlim, e venceu com facilidade, o que lhe deu a certeza de que estava no caminho certo. E assim, entre treinos exaustivos, ou em condições totalmente adversas, como na neve, usando botas, carregando uma tocha para iluminar a pista em total escuridão, o tcheco foi para sua primeira Olimpíada, em 1948, não somente preparado fisicamente, mas, e sobretudo, psicologicamente. Afinal, como ele mesmo dissera, "É melhor treinar em condições ruins, pois a diferença é um tremendo alívio em uma corrida."
Essa sua auto-confiança que, por vezes, soava como arrogância, o fez disputar, de última hora, os 10.000 metros, além dos 5.0000 m. Até então ele só corria provas menores e esse era o principal alvo para os Jogos Olímpicos em 1948, mesmo porque tinha participado única vez de uma competição de 10.000 metros, dois meses antes. Mas foi o suficiente para lhe dar certeza que poderia competir bem em ambas.
Curiosamente o ouro veio nos 10.000 m, juntamente com o recorde mundial. Na prova de 5.000 conquistou a prata, mas de maneira eletrizante para o público. Cansado, após ter transformado uma simples e fácil bateria num infantil duelo de sprint contra o sueco Eric Ahlden, e enfrentando uma chuva torrencial que transformou a pista em pântano, Zatopek ficou muito atrás, dando sinais de que abandonaria a qualquer instante. Na última volta, ele estava a 100 metros do líder, o belga Gaston Reiff, e num esforço descomunal acelerou de maneira a ultrapassar os demais e a diminuir a diferença para apenas 0,2 segundo de Reiff. Foi uma prata com sabor de ouro. Talvez mais saborosa do que as suas primeiras medalhas foi ter encontrado sua grande companheira de vida, a lançadora de dardos Dana Zátopková. Também tcheca e nascida no mesmo dia e ano de que ele, 19 de setembro de 1922, ficaram juntos até a morte de Emil, em 2000.

69 PROVAS, 69 VITÓRIAS! A fama internacional e a alcunha de "Locomotiva Humana" vieram do período entre 1949 a 1951, quando Zatopek competiu em 69 corridas de longa distância e ganhou todas. Em condições normais de tempo e pressão, ele era, naquele momento, invencível. Seu prestígio na sua terra natal já extrapolava o campo esportivo. Às vésperas do embarque da delegação da Tchecoeslováquia, foi informado de que Stanislav Jungwirth, atleta dos 400 e 800 m, tinha sido cortado da delegação pois seu pai era um prisioneiro político, segundo a central do partido comunista, que influenciava as ações políticas no país.
Nem o presidente tinha conseguido interceder a favor do atleta. Foi então que Zatopek tomou as dores do colega e fez uma declaração pública, afirmando "Se ele não for, eu não irei". Confrontou ainda mais o poder ao realmente não embarcar com a delegação para Helsinque. Resultado: dois dias depois, a "locomotiva" e Jungwirth estavam seguindo para disputar os Jogos Olímpicos.
Os problemas políticos que Emil Zatopek encontrou eram bem rasos perto de outra adversidade, que foram os diversos reverses de saúde que ele passou pouco antes das Olimpíadas. Em 1951, se feriu gravemente ao se chocar contra uma árvore enquanto estava esquiando. Dois meses antes dos jogos na capital finlandesa, foi diagnosticado com uma infecção e os médicos determinaram que ele não competisse, o que foi solenemente ignorado. E ao chegar em Helsinque, contraiu uma gripe que o deixou acamado até a véspera da prova dos 10.000 m e foi recomendado, novamente a se poupar dessa prova e correr os 5.000 metros. Não é preciso dizer que os médicos foram novamente ignorados.

EM HELSINQUE. Mesmo não estando nas condições ideais, a "locomotiva de Praga" se alinhou para a largada dos 10.000 m no dia 20 de julho. Ao lado de mais 32 competidores, o tcheco ficou um pouco atrás dos líderes, nas primeiras cinco voltas. No entanto, a partir da sexta, tomou a liderança e começou a aumentar a velocidade a cada uma das 25 voltas. Somente o francês Alain Mimoun conseguia o acompanhar, pelo menos até a volta 21, quando lutava apenas para manter a prata, pois Zatopek já se encontrava à meia pista dele. Com tempo de 29:17, Emil não apenas levava o ouro olímpico, como batia seu próprio recorde olímpico em 42 segundos. E para se ter ideia de como aquele "field" estava forte, dos 32 concluintes, 16 terminaram com tempos mais rápidos que o medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de quatro anos antes.
Além da extraordinária prova, o que também chamava a atenção da imprensa era o estilo nada convencional de Zatopek correr. O seu jeito era descrito pelos jornais desde o simples "desajeitado", até comparações como "um homem que corre com uma corda no pescoço", ou como "uma alma atormentada por tortura física e espiritual", como sentenciava o famoso jornal The New York Times, em função de suas caretas. O corredor tcheco não se abalou com as comparações e respondia à altura. "O atletismo não é patinagem no gelo. Não é necessário sorrir e fazer uma impressão maravilhosa para os juízes."

CONCORRENTE ARGENTINO. Havia alguém que, assim como Jim Peters, sabia muito bem quem era Emil Zatopek e da sua audácia. Era o argentino Reinaldo Gorno, um dos poucos que poderia atrapalhar a vida de Jim Peters na sua quase garantida medalha dourada.
Segundo o relato de George Hirsch, articulista do New York Times, e que ajudou diretamente na empreitada de Fred Lebow de criar a Maratona de Nova York, em 1970, o maratonista argentino sentou ao lado dele no terceiro dia de competição, estranhamente interessado na prova dos 5.000 m. Não foi difícil descobrir o motivo: quando Zatopek apareceu no aquecimento, ele logo apontou para o mesmo e abriu um grande sorriso de satisfação. Ele tinha já como certo que a maratona era uma carta descartada do baralho do tcheco. Afinal, nunca ninguém tinha tentado ganhar as três distâncias clássicas da longa distância (os 5.000 m, os 10.000 m e a maratona) em um mesmo evento.
De qualquer forma, o argentino cogitava a possibilidade do tcheco querer correr também a maratona, apesar de que sua especialidade estava nos 5.000 e 10.000. E Reinaldo Gorno sabia das façanhas de Zatopek entre 1949 a 1951, como ter sido o primeiro homem a fazer 20 km abaixo dos 60 minutos, fato acontecido um ano antes da Olimpíada na Finlândia.
Assim, Zatopek garantindo a vaga para a final, que aconteceria no dia 24 de julho, 3 dias antes da maratona, seria improvável que um atleta, por mais bem condicionado que esteja, dispute e bata o recorde mundial nos 10.000 metros, dois dias depois faça a seletiva dos 5.000 metros, participe da final dessa prova e, em apenas 3 dias, esteja plenamente recuperado para uma prova que nunca disputou (a maratona), concluía o fundista argentino.
Gorno nem ficou para ver que, durante as baterias, um nome, e não era de Zatopek, tinha se destacado a ponto de se tornar favorito. Era o alemão Hebert Shade, que durante a segunda bateria bateu o recorde olímpico, com impressionantes 14:15, sendo que ele aliviou o ritmo nos dois quilômetros finais. Zatopek, dessa vez, foi prudente e não quis cometer o erro de outrora, sendo apenas o terceiro na sua bateria, suficiente para se classificar para a final.

OS 5.000 METROS. Durante a prova, o próprio Shade liderou até os últimos 600 metros, mas não muito distante do francês Alain Mimou e da Locomotiva Humana. Quando o sino que indica a última volta soou, Zatopek tomou a dianteira, disputando eletricamente, passo a passo, contra Shade, Mimoun e o britânico Chris Chataway, ultrapassando os três na última curva e cruzou a fita e não apenas garantindo o ouro, como o mais novo recorde olímpico, com 14:06.
O francês Mimoun amargou sua segunda prata nos Jogos Olímpicos e segunda derrota para seu amigo tcheco (o que seria recompensado quatro anos depois, quando o francês venceu a maratona olímpica em Melbourne, e esperou Emil Zatopek, que chegaria em sexto lugar, para o abraçar, num dos momentos mais bonitos que os Jogos Olímpicos proporcionou ao mundo). Ao terminar a prova, não deu nem tempo de Emil Zatopek se recompor: ficou na pista, onde assistiu, dez minutos depois de sua façanha, sua esposa ganhar sua primeira medalha de ouro no lançamento de dardo.
Assim, estava tudo tranquilo e favorável não somente ao tcheco, que levava dois ouros e dois recordes para casa de mãos dadas com uma esposa também premiada, bem como para aqueles que desconfiavam que a "Locomotiva Humana" correria a maratona, uma vez que não teria tempo para se recuperar e tampouco não iria querer "manchar" seu grande feito em Helsinque com uma participação pífia.
Assim Jim Peters, Reinaldo Gorno e outros teriam caminho livre. Contudo quem estava realmente em êxtase era o público, que assistia aos recordes olímpicos sendo pulverizados, prova após prova. Das vinte e seis competições de atletismo, apenas cinco não tiveram o recorde olímpico ou mundial quebrado. O melhor tempo olímpico da maratona ainda datava de 1936, quando o japonês K. Son completou a prova nos jogos de Berlim em 2:29:19. Dezesseis anos depois, os principais maratonistas já flertavam com o sub 2h20, logo, era esperado mais um recorde olímpico. A data e o lugar já estavam agendados: dia 27 de julho de 1952, às 15h30, em Helsinque. Faltava somente saber quem iria levar os milhares de espectadores presentes à loucura com mais um índice quebrado.

INSCRIÇÃO NA ÚLTIMA HORA. A temperatura na largada, de 18 graus celsius, hoje é considerada adversa a recordes olímpicos, mas para a época, era favorável aos corredores. E o inglês Jim Peters e o argentino Reinaldo Gorno, na surpresa de reencontrar com um simpático e vívido Emil Zatopek, tiveram formas diferentes de surpreender e não ser surpreendido pelo tcheco durante a prova.
Peters, logo após ter devolvido e cumprimento a Zatopek e se afastado, considerou que a melhor defesa seria o ataque. Já o argentino ponderou que não era hora de mudar de estratégia: faria o que estava programado e pagaria para ver o estrago que Zatopek faria com os outros atletas ou com ele mesmo. Não há um motivo unânime de qual motivo levou o tcheco a tomar a decisão, de uma hora para outra, de correr a maratona.
O único fato é que no dia, pela manhã, ele convocou a comissão técnica de seu país, disse que estava muito bem e que gostaria de correr a maratona, considerando que tinha chances de vencer. Iria acompanhar os especialistas da prova durante a primeira metade e depois faria o que fosse necessário para o ouro. Como só havia um único inscrito pela Tchecoeslováquia para a maratona, e cabe a cada delegação definir os métodos de seleção dos atletas para suas provas, o pedido foi deferido e a inscrição feita, literalmente, na última hora.

A MARATONA. Assim que foi dada a largada, o inglês saiu em um ritmo considerado "suicida", na volta que eles deram na pista olímpica, antes de irem para as ruas da capital finlandesa. Não satisfeito, manteve esse ritmo até o km 13, quando gradativamente foi sendo alcançado pelo sueco Gustav Jansson e por Zatopek. Ao chegar no 15º km, Zatopek, fazendo jus a sua fama de tagarela durante as competições (fluente em seis idiomas, brincavam que ele fazia muitos amigos durante as corridas), encostou em Jim Peters e perguntou se esse seria o ritmo da prova. O inglês blefou, dizendo que ainda estava muito lento.
O blefe foi aceito pelo tcheco, que o acompanhou por mais alguns quilômetros e, aos poucos foi disparando na liderança. Na metade da prova, a diferença já era de 10 segundos e na marca dos 30 km, de mais de um minuto. No km 32, pagando o alto preço da sua esdrúxula tática camicase, o favorito inglês sucumbiu e abandonou a prova, com fortíssimas cãibras. Pegou um dos ônibus oferecido pela organização e voltou para o estádio: o feitiço se virou contra o feiticeiro.
Ao contrário do que o público estava acostumado a ver, Zatopek estava longe de parecer a "Locomotiva Humana", com caretas e se contorcendo. As imagens em vídeo disponíveis do evento mostram o tcheco sorridente, conversando e brincando com os repórteres que o acompanhavam e, ainda assim, se afastando do sueco Jansson, a ponto de no km 40 estar a mais de dois minutos de diferença.
Enquanto isso, Gorno fazia uma excepcional prova, comendo pelas beiradas, e alcançando o sueco a poucos metros da entrada do estádio, garantindo a medalha de prata e colocando os argentinos no rol de grandes maratonistas; afinal, o vencedor da prova quatro anos antes, Delfo Cabrera, também era argentino.

70 MIL APLAUDINDO. Com a blusa levemente levantada por conta do calor, a "Locomotiva Humana" entrava num Estádio Olímpico já ansioso, e fez a última volta na pista sobre os gritos de "ZA-TO-PEK", cantado sem uníssono por um coro de 70 mil vozes. A prova foi tão tranquila, que ele estava com o mesmo sorriso no rosto de quando se apresentou a Jim Peters, mas mesmo assim, bateu com folga o antigo recorde olímpico, com o tempo de 2.23:03.
Ao chegar, a equipe de revezamento da Jamaica, que também tinha feito história naquele jogos e que estava na pista, imediatamente pegou Zatopek e colocou-o nos ombros, reverenciando aquele feito que até então ninguém tinha alcançado, nem até hoje… Muitos chegaram até perto, como o finlandês Lasse Viren nos Jogos Olímpicos em Montreal, em 1976, onde ganhou os 5.000m e os 10.000 m, mas chegou em quinto na maratona. E atualmente, levando-se em conta a distribuição das provas "clássicas" durante a olimpíada, é improvável que alguém tente correr a maratona e os 5.000 m, que são separados por menos de 24 horas.
Emil Zatopek foi o principal elemento para que os mais temerários esquecessem de que era a primeira olimpíada dentro do contexto da Guerra Fria. Uma olimpíada que teve ameaça de boicote por parte de chineses, uma vila olímpica separada para os soviéticos e o temor de que conjunturas políticas pudessem manchar um evento marcado pela paz.
E naquele 27 de julho, todos os presentes esqueceram que estavam aplaudindo efusivamente um militar do bloco comunista. Naquele instante, eles aplaudiam a um homem que resolveu desafiar não aos outros competidores, mas a si mesmo, como se desafiava nos treinos extenuantes, sozinho, na pista. Momentos que, como ele disse, "a dor e o sofrimento separavam homens de meninos".

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