Sem categoria André Savazoni 8 de dezembro de 2011 (22) (147)

Bom senso nas corridas. Não faz mal para ninguém

De vez em quando, gosto de colocar um tema em discussão aqui no blog para conversarmos, discutirmos e também para ouvir a opinião de corredores de vários cantos no país. Uma coisa que tem me chamado muito a atenção é a completa falta de bom senso no meio das corridas. Está certo que, nesse caso, é um reflexo de nossa sociedade. Não há como separar uma questão da outra, infelizmente.

Critico demais as empresas organizadoras de provas, sem exceção, pela falta de largadas separadas por ritmos aqui no Brasil. É algo tão raro quanto um queniano perder uma maratona! Ou melhor, até mais difícil de acontecer. Acho, inclusive, que para resolver esse problema a CBAt deveria criar uma regra (só com imposições, de cima para baixo, que as coisas funcionam, uma pena): todas as corridas, sem importar a distância, com mais de 3 mil inscritos, deveriam ter a separação por ritmo nas largadas.

Agora, sinceramente, um pouco de bom senso não faz mal a ninguém. Nós, corredores, temos de fazer nossa parte. Nas provas mais lotadas, como São Silvestre, Meia do Rio e Volta da Pampulha, por exemplo, essa falta de bom senso é clara. E, consequentemente, de desrespeito com quem está ao seu lado.

Não é questão de se achar melhor ou mais rápido, longe disso, mas se a pessoa quer correr a 6:00 por km, por que sair na “fila do gargarejo”? Vai travar quem está vindo atrás, num ritmo mais rápido. Se largar mais atrás, fará os mesmos 6:00 por km, mas não irá bloquear ninguém.

Em algumas corridas, na hora de se inscrever, você pode colocar o ritmo que pretende correr, como a Meia de São Paulo. Na hora da largada, não há qualquer controle (um erro, a meu ver), então, nada funciona. Mesmo assim, muitos escrevem na inscrição ritmos incompatíveis com seu rendimento ou treinamento. Roubam de si mesmos!

Há provas no exterior nas quais, se você der esse jeitinho brasileiro largando onde não deve, ou sai dando tiros de 100 m ou levará empurrões e cotoveladas de todos os lados. Na Maratona de Paris, confidencia um amigo corredor, é assim. O Sérgio Rocha já viu isso ocorrer em prova da Corpore também: o corredor saiu na baia errada, foi trombada e cotoveladas para todos os lados! Será que aprendeu?

Junte-se a isso os fantasiados, com faixas, que ficam lado a lado e querem praticamente largar na elite. Na Volta da Pampulha, por volta do km 3, um rapaz parou (isso mesmo, parou) no meio da corrida, com gente de todos os lados, para dar tchau para os bombeiros, quase causou um acidente daqueles! Cadê o bom senso?

Resumindo, a corrida é mais do que democrática, defendo e aplaudo isso, junta o rico, o pobre, o experiente, o iniciante, que corre a 4:00 ou 6:30 por km, mas vamos respeitar uns aos outros. Se você quer fazer festa ou corre num ritmo mais lento, por favor, fique mais atrás. Garanto que irá correr melhor e com menos riscos. Bom senso é muito importante na vida (e nas corridas). Não adianta criticar se você não faz a sua parte. Não é?

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22 Comments on “Bom senso nas corridas. Não faz mal para ninguém

  1. É interessante este tema André. Gostei da abordagem que você e o Sérgio deram no podcast. Ultimamente nas provas que participo (pequenas na maioria) mas que igualmente sofrem com esse problema, tenho me posicionado no fundo da largada e, dessa forma consigo desviar dos sem noção que saem atropelando na largada e depois de 200 metros se foi o fôlego. Infelizmente falta uma preocupação por parte dos organizadores com isso e uma união dos corredores amadores que procuram performance para que uma mudança comece. Abraço.

  2. Não há coisa melhor do que vc correr uma prova com marcadores de ritmo. Participei da Asics Golden Four Brasília, que foi uma prova bastante diferenciada nesse aspecto. Sem tumulto, cada um correndo dentro do seu ritmo. As etapas do circuito Adidas tb adotam as baias, mas ainda faltam os marcadores. Que essas provas sirvam de referência para as demais organizadoras.

  3. Na Volta da Pampulha de 2010 vi uma cena no mínimo curiosa. Estava eu na posição de largada quando um atleta pede licença para passar por mim e se colocar um pouco mais à frente. De mão dada a ele vinha a namorada. Quando fui ver, a namorada estava de calça jeans! Era um tanto gordinha e com certeza não ia participar da prova. Mas estava lá, juntinho ao namorado e guiada por ele para um local onde ela nem deveria estar. É muito amor não é mesmo?!?!? Abcs.

  4. E aí André, e o Código de Defesa do Consumidor ? Quando a SS entregou as medalhas antecipadas muita gente invocou o CDC e houve até quem entrasse na justiça contra a Yescom por causa disso. Qual organizador vai querer impor rigidex nas baias de largada e ficar sujeito à ter dor de cabeça com o CDC ou mesmo processos na justiça ? Afinal, o “consumidor” corredor pagou pelo produto e muitos não vão querer obedecer as baias de largada. Já vi gente em provas da Corpore que foram barradas na baia de largada por estarem com a pulseira de outra cor e fizeram um escarcéu, gritando que pagaram pra estar ali e poderiam largar onde quisessem. E não é um staff adolescente que está ali por um sanduíche que vai comprar briga e ficar controlando com regime militar a entrada das pessoas. Falam tanto nas tais assessorias, acho que essa consciência na largada devia partir das assessorias, orientando seus alunos a largarem de acordo com seus ritmos. Tô cansado de ver gente largando com a faixa no peito que larga trotando e alguns caminhando.

  5. Como estou lesionado, este ano fiz pacer para minha esposa na Volta da Pampulha. Ela correu a 6:11/km e ainda assim tivemos que ultrapassar “corredores” durante a prova inteira. Passamos por pessoas, na sua maioria acima do peso, que já estavam andando no km 3, foi fazer o que lá. Além da falta de bom censo na largada, estas pessoas estão prejudicando a própria saúde.

  6. Oi André, concordo com você e algumas medidas simples poderiam ser tomadas.
    Em algumas provas onde há disputa de várias distâncias (p.ex. 21,10 e 5) a separação do horário da largada de cada uma seria de grande valia; por exemplo, recentemente a meia de Blumenau (que não é uma prova muito grande) fez assim e foi muito interessante.
    Outra medida simples seria exigir na inscrição a estimativa de tempo/pace para a prova. Caso o atleta concluísse com uma diferença muito grande em relação ao informado ele poderia ser “multado” em alguns minutos no tempo final; algo semelhante a isso foi usado este ano no Mountain Do da Lagoa da Conceição.
    Finalmente, todas provas deveriam ter sinalização na área da largada com divisões por pace/tempo; já fui em algumas assim mas em todas a marcação era muito discreta e creio que muitos sequer perceberam que ela existia (os kits poderiam trazer esta informação).
    Abraço!

  7. na mesma pampulha eu passei pelo tapete praticamente 10min apos a largada. ate um grupo que tava caminhando eu tive que furar… trombei em sei la quantas pessoas. Tangenciamento? impossivel até a metade da prova. Bem no inicio eu seguindo em linha reta e uma mulher do nada vira na minha frente sem sinalizar (tentando ir para a calçada) trombamos e ela quase foi ao chao, sem falar no susto e que voce tem que parar e recomeçar tudo de novo.
    Devo ter feito o maior split negativo da historia (da minha, pelo menos).

  8. Isso é resultado do modismo que se tornou a corrida… Boa parte das pessoas hj em dia corre pra fazer social e acaba não se importando com os que correm efetivamente pra fazer tempo. Parei de participar de determinadas provas (como o circ. adidas) por causa disso.

  9. Luiz Felipe, você falou uma coisa muito certa. Essas pessoas estão lá para seu “lazer” (como é incansavelmente vendido nas revistas e nos sites da net) e atrapalhando nosso esporte “corrida”.
    Se quer ir para uma prova passear, vai, é legal, pode caminhar os 18 km da Pampulha ou os 15 km da SS, mas larga lá atrás que não vai ser empurrado e não vai atraphlar e nem ser atrapalhado.
    Deviam até criar uma baia de largada: Corredores por lazer (ou corredores por modismo).

  10. André, desculpe, mas nesta eu vou discordar. O bom senso é insuficiente para te dizer onde se colocar em uma prova. Isso tem que ser feito por quem todas as informações.

    Como saber a quantos metros eu, que quero fazer, por exemplo, 5 min/km, devo me colocar da largada se eu não sei quantos caras estão inscritos pretendem (ou tem potencial para) fazer ritmos mais rápidos? Pode ser que sejam uns 20 ou 30 metros, podem ser 300 metros, podem ser 3 quarteirões. Não é contando a finura das canelas ou a circunferência abdominal.

    Claro, existem casos gritantes, mas normalmente eles são protagonizados por pessoas sem muitra experiência em corridas. Eles não fazem por mal, mas por desconhecimento. Cabe sim aos organizadores, se me permite a tautologia, organizar a corrida, inclusive a largada.

    ———————————

    Luiz, o discordar é sempre benéfico. Sei que só com bom senso, não adianta. Mas o que quis mostrar com o texto, e escrevi isso, é que a solução realmente está na mão das organizadoras, que devem organizar, e CBAt, porém, dá para melhorar.

    Por exemplo, no que você citou, sobre onde largar, nas provas grandes que citei no texto, todas, têm aquelas bandeiras do ritmo, 5:30, 6:00 por km, por exemplo. Não há qualquer controle, é só a bandeira, mas já serviria de referência para as pessoas.

    Abraço
    André Savazoni

  11. Post mais do que benvindo. Creio que a maioria dos sem noção são justamente aqueles que tem pouco contato com o mundo da corrida e que vão só passear. Na maratona de SP, respeitei meu local de largada e demorei 12 minutos para passar pelo portal. Só consegui correr no meu ritmo no quilometro 3.
    Penso que baias de largada, com comprovação no ato da inscrição seriam a melhor solução. E muita informação aos novatos, para não usarem o “jeitinho brasileiro”.

  12. Falta bom senso mesmo. Meu ritmo é de 5:20, 5:30 atualmente. Geralmente, se é corrida grande, tento largar o mais atrás possível ou no meu ritmo, se tiver a plaquinha indicando.

    Além de eu não atrapalhar ninguém, ainda me sinto bem passando um monte de gente. Problema é, como você falou, aquele pessoal que fica na frente só pra aparecer na foto ou sei lá o que mais. Atrapalha. Se a largada não for organizada e separada, vai sempre acontecer isso.

  13. Perfeito André! Conversamos a respeito via Twitter, na Volta da Pampulha deste ano isso ficou bem claro.

    Esse tema deveria ser levado de maneira forte aos organizadores e confederação, o esporte (corrida) cresceu muito nos últimos anos, as provas têm o dobro ou triplo de participante de uma década atrás e a maioria delas ainda não conseguiram organizar uma forma legal de largada definida por pace.

    No Circuito das Estações da Adidas e nas as 3 etapas da Mizuno que já participei, eles têm tentado algo para organizar, mas ainda precisam rever alguns pontos. As provas maiores precisam urgentemente ver esta questão, pois muita gente se prepara o ano inteiro para fazer seu melhor tempo em uma prova e no 1° e 2°Km veem suas provas perdidas pelo “engarrafamento humano”.

    Abraço

  14. Será que não tem aí um pouco de ignorância de quem corre com relação a tempo bruto/tempo líquido? Algo do tipo, “se eu largar na frente perco menos tempo antes de largada”? Sei que isso é superbatido e conhecido de todos que frequentam esse espaço aqui, mas não sei se o cara de Cerquilho pensa em tempo líquido.

  15. Fala André…o bom senso por parte dos corredores deveria ser uma marca, especialmente quando nós, com toda razão, reclamamos da falta de organização de algumas empresas envolvidas com a corrida (ou com os lucros que esta proporciona). No entanto, nas corridas em geral, o bom senso passa longe. O Leo Mesquita citou um exemplo do cúmulo da falta de bom senso e vemos atos semelhantes em todas elas. Quem, numa corrida maior, se posicionou com antecedência na área de largada (na indicação de ritmo correta) e no aperto já tomou uma pesada de um fdp pulando a grade? Ou numa corrida de duas voltas em que as pessoas correm com mp3, em turma, impedindo a passagem? Ou fazendo caminhada em grupo 100m após a largada? Então não espero bom senso. O que seria fácil era a largada por ritmo mas com fiscalização por parte da organização, especialmente nos paces mais rápidos. Costumo largar no pelotão intermediário para não atrapaalhar ninguém, mas acabo sendo atrapalhado pela galera que vai pra conversar ou caminhar. E o problema é geral. SS nem comento…Pampulha ano passado quando o percurso estreitou corri pela grama…Integraação mesma coisa…fora o Circuito da moda onde a galera vai atrás do kit e fica impossível correr bem o começo da prova. É osso!!!! Abç.

  16. Bom tema.

    Concordo com o Luiz Fernando, muitas vezes é difícil saber onde se colocar na largada. Eu acho que quem vai correr a 6:00, 6:30 mim/km, não tem muita diferença se vai largar no meio pro fim ou bem no fim, mas para quem vai correr a 5:00, 5:15 é difícil saber. Eu corri uma prova da Série Delta, onde pretendia fazer meu primeiro sub 50, mas como não tinha muita experiência acabei saindo muito atrás. Trombei com um monte de gente e quase apanhei de um cara que me disse: Porr*, por que você não saiu lá na frente? Mas seu eu saísse muito na frente, tomaria cotovelada dos caras de 4min/km. Difícil.

    Com relação a CBAt baixar um decreto obrigando as provas com mais de 3.000 participantes de ter largadas em ondas de ritmo, acho perfeito.

  17. Terrível mesmo foi na Maratona de SP deste ano. A largada das 4 modalidades 42, 25, 10 e 5 km aconteceu ao mesmo tempo. Havia a separação por ritmo mais ninguém respeitou . Deveria ter havido, além da separação por ritmo, a separação por distâncias. Para piorar, havia uma mulher levando um bebê no carrinho. Uma criatura como essa não posso chamar de mãe. Um absurdo levar uma criança tão pequena, vai que aparece um louco e tromba no carrinho.

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    Eduardo, realmente, tem de haver a separação tanto por ritmo como por distância.

    Agora, não diria nem um louco, como há muita gente na largada, qualquer um ao desviar poderia não ver o carrinho de bebê, ou esbarrar em algum corredor e “jogá-lo” para cima do carrinho. Um absurdo.

    Abraço
    André Savazoni

  18. E acho que bom senso é pouco, o que está faltando pra moçada é educação mesmo. Você achar que vai melhorar seu tempo largando numa posição à frente do seu pace além de ser ingenuidade é pra mim falta de educação. Falei sobre isso aqui http://migre.me/745s6. Como o André disse tanto aqui quanto no Podcast, quando você faz isso você prejudica o atleta que vem atrás.

    Em 2006 participei de uma prova da Nike em SP que foi colocada na inscrição o pace pretendido e distribuído pulseiras com cores respectivas. As baias foram separadas e só entrava na baia com a pulseira, não adiantava espernear. Quem nâo tinha pulseira por algum motivo, era direcionado para a última baia sem choro nem vela. Pq as pessoas não chiaram? Simples, porque foi detalhadamente escrito no regulamento da prova.

    Já falei isso antes e acho pertinente o comentário sobre o Codigo de Defesa do Consumidor, porém o corredor só pode reclamar do que não foi expressamente explicado no regulamento ou manual da prova. Pq ninguém reclama das waves na Maratona de NY?

    Organizadoras brasileiras precisam se impor, e brasileiros precisam aceitar as regras.

    Vitoria

  19. Ola, conheço pessoas lerdas da minha antiga assessoria que largam na frente. Eles nao querem perder tempo pq se largar lá tras nao chega logo. Fora aqueles que querem acompanhar os mais rapidos achando que vai detonar o tempo e começa a andar ja no 1ºkm. Sei que é lamentavel, mas acontece. E fazer o q?? É tentar gritar ‘dá licença!!!’ e seguir em frente. Tempo?? Esquece, curta a corrida como dá. Abraços a todos.

  20. Aqui nas Estações em Salvador fui obedecer as baias e me dei mal com lentos pela frente tive que ziguezaguear por 3Km, na outra fui para frente em baia mais rápida que eu e a saída foi tranquila. Enquanto não houver fiscalização física nada vai mudar…

  21. A meu ver as organizadoras deveriam fazer um controle pelo pace médio que cada um faz e ter largadas em horários diferenciados para cada grupo, com intervalos entre meia hora para cada faixa, como por exemplo quem faz um pace médio no intervalo entre 4:00min-4:30min por Km., e identificando por cores de pulseira ou número cada grupo.
    Sou novo no mundo das corridas (participei somente de 4 provas no total, todas nesse segundo semestre), e tive muitas dificuldades para manter o meu ritmo em razão de ter pessoas mais lentas na minha frente. Isso ficou evidente nas duas primeiras provas que participei: a comemorativa do Corpo de Bombeiros e a Maratona de Revezamento Pão de Açucar em que há um grande número de inscritos.

  22. na prova wrun passei por uma edição de 2012 em São Paulo onde tinha “corredoras” com cachorro e ainda uma que reclamou comigo gritando…_vê se vai mais devagar…(reclamando por quase ter esbarrado nela), gente!!! isso é uma corrida..CORRIDAAAAAAAAAAAAAA.

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