Em setembro de 2009 tive a oportunidade e o prazer de competir pela primeira vez na Europa, tendo participado da Meia Maratona de Estocolmo. Minha única corrida fora do Brasil anteriormente havia sido a Meia Maratona de Assunção de 2003, prova em que fui campeão da minha faixa etária e fiz meu melhor tempo para esta distância.
Neste ano me impus o desafio de superar uma série de lesões e competir provas longas, mas por prudência desisti de participar na Maratona Hans Christian Andersen, em Odense, na Dinamarca, na semana seguinte à Meia de Estocolmo. Isso não diminuiu em nada a felicidade de ter conhecido um país tão bonito e organizado, onde tudo funciona tão bem. Como brasileiro, não pude deixar de visitar o Estádio Rasunda, onde o Brasil conquistou a Copa do Mundo de 1958, mas muito me emocionou também caminhar pela pista do Estádio Estocolmo, onde foram realizados os Jogos Olímpicos de 1912. Uma obra impressionante para a época e que conserva sua aparência clássica, em tijolo e madeira, até hoje, apenas sendo a pista modernizada, e instalado um placar eletrônico. Também estive no Globen, um ginásio poliesportivo com seu domo lembrando uma bola, com 86 metros de altura e que no topo possui uma casinha de madeira.
Passei 4 dias numa pequena cidade ao sul da Suécia treinando e na quarta-feira, 9 de setembro, voei para Estocolmo, onde fiz meu último trote na quinta. Pude passear pela parte histórica da cidade e fazer o tradicional passeio de barco circundando as ilhas. A prova aconteceu sábado, com largadas a partir de 16h30 e eu saí no pelotão B, juntamente com a elite. Havia feito calor na semana, inclusive sábado pela manhã, mas após o almoço o tempo mudou, e havia nuvens pesadas e frio. Mas a chuva não veio, e as condições do tempo estavam ótimas para correr, algo em torno de 15 graus. As ruas de Estocolmo não são tão largas e isso justifica as largadas a cada 5 minutos em grupos de 2000 pessoas, sendo que o resultado é dado pelo chip (tempo líquido). Concluíram 8.800 no tempo limite de 2h45.
CASTELOS PELO PERCURSO. A paisagem é sempre espetacular, com largada e chegada próximo ao Castelo Real, passando por castelos e construções antigas, misturado com a parte moderna da cidade, mas que conserva equilíbrio arquitetônico, com poucas construções altas. Estocolmo é um conjunto de ilhas históricas no Lago Malaren, com pontes interligando estas ilhas, algumas tão próximas que nem se percebe que você trocou de ilha. Passamos por vários parques, mas nesses pontos corríamos por pistas estreitas e ciclovias.
A organização da prova foi muito boa, porém nada muito diferente do que temos por aqui. Apenas lamentei o fato de em alguns trechos haverem carros estacionados, já que as ruas eram bloqueadas momentos antes da largada. Havia inclusive "marcadores de ritmo" correndo com uma bandeirinha presa a um cinto e que ficava acima da cabeça do corredor, indicando o tempo previsto.
No terceiro km eu encontrei um brasileiro que por acaso trabalha na mesma companhia que eu, chamado Paulo Cesar Ramalho Dias, conversamos um pouco, mas cada um seguiu seu ritmo.
Minha expectativa era terminar a prova abaixo de 1h30, mas não consegui, fechando com 1:31:32, bastante emocionado, feliz e exausto. O percurso é praticamente todo plano, as mudanças de terreno eram suaves e seria realmente um local ideal para fazer resultado, se você está em boa forma. Já com dificuldade a partir do km 18, passei a correr com a bandeira brasileira na mão e muitas pessoas, principalmente crianças me saudavam "brazilien, brazilien".
Esse final de prova teve para mim um sabor especial pela realização de um sonho de 16 anos bem como pela superação daquela lesão que tem me acompanhado há tempos. Trouxe orgulhosamente uma medalha de participação que contém o desenho da Prefeitura de Estocolmo, umas das construções mais belas da cidade, e talvez seu maior símbolo. Espero um dia voltar, para correr a maratona, que acontece em maio. O site da prova é http://www.stockholmhalvmarathon.se/
Carlos Eduardo Valim é assinante de Ribeirão Pires, SP