Sem categoria admin 4 de outubro de 2010 (0) (157)

Quer emagrecer? Esqueça a caminhada. Corra!

Esta seção não tem o objetivo de polemizar, nem de ir contra a corrente, apesar do título. É apenas o relato de situações vividas pelo editor da CR, que não se enquadram nas recomendações ou "verdades" repetidas por especialistas, técnicos e corredores em geral.

Assim foi para a questão de se entrar numa prova com uma meta pré-estabelecida, ou um ritmo definido, quando o correto é deixar o corpo nos dizer o que está em condições de fazer naquele dia. Ou seja, como dizia o título da matéria (ed. 158), "Contra o relógio sim, escravo dele não", se a temperatura está mais alta do que o previsto ou o percurso é pior do se imaginava, deve-se esquecer o tempo que se pretendia fazer; por outro lado, se tudo está a favor (até o vento) então o negócio é ir em busca do recorde pessoal e não ficar segurando o ritmo, eventualmente estabelecido pelo treinador.

Ainda na edição de novembro do ano passado, que teve como matéria de capa "Agora é para beber só quando tiver sede", com base em trabalhos de pesquisadores preocupados com os exageros na hidratação, o editorial trazia observações a respeito do assunto, comentando a indicação generalizada de que se deve beber um copo de água a cada 20 minutos como algo sem muito sentido, pois vai depender da temperatura/clima no dia, e do ritmo que se está correndo. É uma típica recomendação irreal encontrada em publicações e sites, como é a de se tomar o café da manhã 2 horas (!!!) antes de se começar a treinar.

Na edição seguinte (159) publicamos o artigo "É possível fazer uma maratona sem treinar?", novamente com base em experiência pessoal. Aqui a questão era de certa forma contestar a idéia de que são necessários vários meses de treinamento para enfrentar os 42 km. Se a pessoa já tem uma certa base e não objetiva um resultado rápido, bastam uns dois longos (de 25 e 30 km, por exemplo) para completar uma maratona.

Continuando no assunto, na edição 160 a seção trouxe a matéria "Maratonas seguidas! Loucura ou racional?". Neste caso o que se pretendeu foi mostrar que não há nada demais em correr duas maratonas em seguida, ou espaçadas de 1 ou 2 semanas. Para muitos treinadores, publicações e professores, são necessárias várias semanas de intervalo, para uma completa recuperação, o que vale notadamente para atletas de elite, mas não para amadores, que geralmente fazem uma maratona sem chegar ao esgotamento. Dias depois já estão trotando e como não se perde o condicionamento de uma hora para outra, não é raro que a segunda maratona seja corrida até melhor do que a primeira.

Na edição 164 o que se procurou desmistificar foi que treinar para uma maratona é algo só para poucos, porque os treinamentos são extremamente desgastantes. A seção abordou a preparação do editor para os 89 km de Comrades, em que treinos de 40 a 60 km foram comuns, naturalmente acontecendo esses longões de forma crescente e gradativa. Assim, na matéria "Para correr a Comrades, maratona é só um treino", comentou-se a participação na prova de Porto Alegre e de São Paulo, no caso como trabalhos de ritmo e nem tanto como longos, mostrando a relatividade das coisas.

E na última revista (ed. 165) foi a vez da Contra-Corrente complementar a matéria "Quer parar de fumar? Corra!", com o artigo "Menos 15 cigarros = menos 15 quilos". Aqui se contrariava a imagem de que ao se parar de fumar necessariamente se engorda. Depende! Se essa parada vem acompanhada da corrida, pode acontecer até o contrário, como foi o caso do editor, que ao começar a correr (e largar o cigarro) acabou por emagrecer 15 quilos em 6 meses.

Emagreça correndo. Neste mês a revista publica a matéria "Emagreça correndo: é fácil e rápido!". Novamente decidimos complementar com um artigo na seção, desta vez abordando a corrida x caminhada, no que se refere a perder peso.

Como se apresenta naquela matéria, de Nanna Pretto, a idéia de que a caminhada ajudaria aos que pretendem emagrecer está sendo agora (finalmente…) contestada, ou melhor, de que caminhar numa boa não adianta quase nada (em qualquer sentido, com exceção talvez para se fazer o intestino funcionar melhor). Para se queimar calorias é necessário andar bem rápido, a ponto de transpirar, e então surge a dúvida: se para emagrecer é necessário caminhar quase como se fosse marcha atlética, por que então não correr, mesmo que lento, que é mais natural, e se transpira muito mais?

Na Contra-Corrente deste mês a proposta é que a pessoa esqueça a caminhada e comece a correr, ou melhor, vá aos poucos trocando de uma para outra e os resultados virão com certeza. Nesse sentido, ao contrário das recomendações dos especialistas e assemelhados, somos de opinião (com base exclusivamente em nossa experiência, diga-se de passagem, mais uma vez) que se deve logo sair correndo, mas bem devagar. Cansou, caminha-se e ao voltar a respiração normal, novamente a correr.

Essa seqüência tem que ser, obviamente, gradativa, sem regras rígidas, porque vai depender de cada um, especialmente do ânimo da pessoa. Mas, de forma geral, o que se sugere é que inicialmente o ritmo seja mesmo muito lento e se vá aumentando o tempo da corrida, até o ponto em que não será mais necessário se descansar caminhando.

Bem, mas onde entra o emagrecimento nessa situação? Ao correr, é bem maior a transpiração do que na caminhada, mesmo que rápida, e portanto maior a queima calórica. Ao retornar dos treinos a pessoa deve privilegiar a reposição hídrica, até porque não aparece aquela vontade de comer alguma coisa, talvez porque o corpo, inteligentemente, nos informa que a prioridade é a ingestão de líquidos, ainda mais nestes meses quentes que estão chegando. 

Assim, a pessoa começa a constatar que o ponteiro da balança vai indo para trás, paulatinamente, e a corrida vai ficando cada vez mais fácil, não só pela prática, mas também porque a redução de peso afeta (e muito) a disposição para se correr, já que os quilinhos a menos dão uma sensação ótima, as dores musculares são menores, as subidas já não assustam e as descidas não doem tanto.

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