Performance e Saúde admin 4 de outubro de 2010 (7) (119)

Para correr fácil a primeira meia-maratona

Nesta edição, elaboramos uma proposta de treinamento para os corredores que pretendem participar pela primeira vez dos 21 km e que, além do mais, estarão buscando uma ótima estréia na distância. A proposta é baseada na noção de cargas de treinamento, adaptada ao contexto em que estruturamos o plano de rendimento.

O treinamento para os 21 km está dirigido para os corredores que possuem experiência na distância de 10 km e que tenham participado recentemente desses eventos, porém, que ainda não estrearam na meia maratona.

Com a intensidade do esforço obtida pela melhor marca atual dos 10 km e o volume percentual de quilometragem sendo relativo aos 21 km, o treinamento deixa claro o objetivo da empreitada: correr fácil a primeira meia-maratona.

CARGAS DE TREINAMENTO. A carga de treinamento é um conceito muito discutido na Preparação Esportiva. Sem nos alongarmos no assunto, podemos dizer que a carga de treinamento é o estímulo proveniente dos exercícios físicos que promove os ajustes fisiológicos necessários para a melhora do condicionamento físico e rendimento na competição.

Podemos distinguir a carga de treinamento em seus dois aspectos básicos: intensidade e volume.

Pela intensidade do esforço, entendemos o ritmo em que o exercício é realizado, ou seja, a velocidade média de deslocamento. O volume diz respeito à quilometragem percorrida durante o treinamento, seja em uma única sessão, uma semana, um mês ou um ano.

Com os fatores intensidade e volume, podemos fazer uma classificação das cargas de treinamento, segundo a sua grandeza, ou seja, o seu grau de influência no organismo do corredor. Para determinarmos a grandeza da carga de treinamento pelos fatores intensidade e volume, vamos nos basear na distância de 10 km (velocidade média / intensidade) e nos 21 km (percentual da quilometragem / volume).

O que queremos fazer é permitir que o corredor de 10 km aumente de forma gradual e progressiva a sua quilometragem, acompanhada de uma intensidade de esforço relativa, que lhe permita concluir com êxito tanto as tarefas do treinamento quanto a própria competição.

Portanto, as cargas de treinamento podem ser classificadas como:

CARGAS PEQUENAS: relativas aos valores de até 60% do volume na distância de 21 km e de até 70% da intensidade na velocidade média nos 10 km, cujo objetivo é promover no organismo do corredor uma recuperação ativa;

CARGAS MEDIANAS: entre 60 e 80% do volume nos 21 km e entre 70 a 85% da velocidade média nos 10 km, cujo objetivo é promover no organismo do corredor a manutenção do condicionamento físico;

CARGAS CONSIDERÁVEIS: valores acima de 80% em volume na distância da meia e acima de 85% da velocidade nos 10 km, com o objetivo de promover no organismo do corredor o aumento do condicionamento físico.

Observe a tabela A com os valores de intensidade e volume de treinamento e a classificação das cargas de treinamento.

As cargas pequenas não exercem influência em termos de melhora do condicionamento físico, pois os estímulos provenientes das mesmas não são suficientes para tal. Entretanto, servem ao propósito de recuperar o organismo de corredor após treinos mais duros e no retorno após alguns dias sem atividade. Importante: o excesso de treinamento com cargas pequenas tende a estagnar e até mesmo deteriorar o condicionamento do corredor.

Em relação às cargas medianas, os valores de volume e intensidade são suficientes para manter o nível de condicionamento alcançado (estímulos moderados). São importantes para o corredor, pois regulam o seu nível de condicionamento e não levam ao estresse. Podem ser aplicadas com maiores frequências.

Já cargas consideráveis apresentam valores altos de intensidade e volume, desequilibrando o meio interno do organismo e promovendo novos fenômenos bioquímicos para os necessários ajustes fisiológicos, que permitem ao corredor alcançar um novo nível de condicionamento. Mas cuidado com essas cargas, pois geram alto nível de estresse e podem levar a um esgotamento.

PROPOSTA DE PREPARAÇÃO. Como já dito, o treinamento para a meia-maratona está fundamentado em dois alicerces básicos: a intensidade do esforço pelo ritmo médio dos 10 km (marca recente) e pelo volume relativo aos 21 km, segundo a noção de carga de treinamento aqui exemplificado.

Na tabela B, apresentamos uma relação de marcas nos 10 km entre 35 e 50 minutos, com os respectivos valores de intensidade que serão utilizados na planilha. Na tabela C, temos as distâncias de treinamento referentes ao volume relativo nos 21 km, as intensidades correspondentes aos 10 km e os objetivos do treinamento conforme esses valores.

A planilha apresenta quatro semanas de treinamento, sendo que ao final da quarta semana será realizada a meia-maratona. A cada semana, observamos o aumento do volume e intensidade gradual do treinamento, sendo as cargas pequenas, medianas e consideráveis distribuídas racionalmente ao longo da semana.

Os treinamentos são divididos em seis sessões semanais, sendo duas destinadas ao trabalho de reforço muscular. Sugerimos não alterar o treino de domingo, pois se trata de um trabalho com características muito próximas da realidade da competição que, geralmente, ocorre nesse dia. Assim, o organismo irá se adaptar ao fato de que domingo é dia de exercício longo e intenso.

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7 Comments on “Para correr fácil a primeira meia-maratona

  1. Marcelo, parabéns. O Treino apresentado é bastante sensato, não tirando o prazer de correr, e ainda possibilitando ao corredor divertir-se na luta contra o – seu próprio – relógio. Vou com ele !

    Luís.
    Porto Alegre.

  2. Gostei da matéria sobre como correr bem a meia maratona,obrigado.Sou corredor amador e já corri algumas meias maratonas também.

  3. Suas contas estão erradas.

    Na planilha B por exemplo, se você fala que o corredor tem que correr a 70% da intensidade, isso quer dizer que ele tem que correr a 70% da sua melhor marca de velocidade média nos 10km.

    Se ele corre os 10km em 40 minutos, ele teve uma média de velocidade de 15km/h logo, 70% seriam 10,5km/h de média. Completando a prova em 57 minutos e 8 segundos. Sendo assim, a velocidade dele seria de 5 minutos e 42 segundos e e não 5 minutos e 12. O mesmo segue para o resto da planilha onde os calculos estão feitos de maneira equivocada.

    Abraços

  4. Olá, Bruno! O corredor deve percorrer a distância de 21 km a 70% da média de velocidade dos 10 km (e não 70% de 70%). Esses 10,5km/h já são os 70% para você fazer o cálculo do ritmo dos 21 km. 1 abraço!

  5. Uma coisa engraçada (tragicômica) é os especialistas, os treinadores profissionais e “que tais” não conseguirem ter a remota noção do que é

    um camarada que nunca correu uma meia maratona, logo na primeira semana (domingo!) correr 16 km, MESMO que for no ritmo RL (rastejando que nem lesma).

    De acordo com a idade, o cidadão vai demorar meses (se não, anos!) para passar de 10km para 15km…

  6. Impressionante como tem gente que comenta besteira sem ter lido direito a matéria. Gostei do treino, me incluo nessa categoria, já corri várias provas de 10km e acabo de me inscrever na primeira meia, a do Rio em agosto, tempo mais do que suficiente pra treinar, até porque já cheguei a correr 15km num treino. Grande abraço.

  7. Meu tempo nos 10 km é de 50 min., portanto, de acordo com a Planilha B a intensidade do treinamento é de 6.30 min./km (70%), para o treino voltado aos 21 km devo fazer: 70% x 6.30 min./km = 4,41 min./km., por exemplo, aplicando a planilha, no treino de 12 km (70-77,5%) devo estar entre 4,41 min/km a 4,70 min/km. Está correto?

    Obrigado

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