Os alimentos representam provavelmente a maior carga potencialmente alergênica que estamos expostos durante a vida, já que se comermos apenas 1 quilo de alimentos ao dia, aos 70 anos de vida teremos entrado em contato com mais de 25 toneladas de alimentos. E estes mesmos alimentos, tão indispensáveis, trazem junto aos nutrientes essenciais, proteínas potencialmente alergênicas, agrotóxicos, contaminações ambientais, parasitos e outras substâncias pouco toleradas pelo organismo de algumas pessoas.
Hoje se sabe que cerca de 20 gramas por dia (ou 500 quilos durante a vida) de substâncias inapropriadas chegam à corrente sanguínea. Para nos defender destas substâncias nosso sistema imunológico trabalha duro, eliminando os agentes tóxicos, porém dando ao organismo um aviso, através de manifestações que ocorrem em diferentes órgãos.
ALERGIAS TARDIAS. Alguns alimentos podem causar reações severas e imediatas em determinados indivíduos. Um exemplo clássico é a alergia ao camarão. Neste caso o diagnóstico é mais fácil e o alimento é excluído da dieta. Porém existem também as alergias tardias que se manifestam dias ou semanas após a exposição a um alimento (especialmente se o consumo acontecer repetidamente, por vários dias seguidos).
Os sintomas das reações tardias são muito variados, podendo atingir qualquer local no corpo: trato gastrointestinal, pele, trato respiratório, garganta, sistema cardiovascular, articulações e sistema nervoso central. Como somos seres únicos, cada pessoa tem um órgão de choque diferente. É por isto que alguns espirram após consumir determinado alimento, outros desenvolvem coceiras na pele, ou sentem cansaço ou ainda dores articulares.
Qualquer alimento pode gerar uma reação de hipersensibilidade, porém os mais comuns são ovo, leite de vaca, soja, trigo, frutos do mar, amendoim e castanhas. Note que estes são alimentos muito consumidos. Ovo, leite e trigo fazem parte de um grande número de alimentos (pão, macarrão, bolo, tortas, omelete, vitamina, iogurte, queijo, proteína de soja etc) e por isto mesmo tendem a sensibilizar mais nosso corpo.
Mas como saber se o seu cansaço é fruto de uma hipersensibilidade alimentar? O diagnóstico baseia-se em três pontos principais: suspeita, realização de dieta de eliminação dos alimentos suspeitos até a recuperação clínica, teste de desencadeamento positivo após a re-introdução do alimento suspeito. Também é interessante notar que geralmente somos alérgicos aos nossos alimentos favoritos! Isto porque, ao nos defender contra substâncias impróprias, o nosso corpo também produz substâncias que nos dão prazer e provocam sensações de relaxamento. Assim, cria-se um ciclo vicioso: você come seu alimento favorito, espirra, tosse, mas também se sente muito bem e por isto come mais, fazendo com que tudo se repita.
DIETA DE ELIMINAÇÃO. A dieta de eliminação baseia-se na retirada do alimento suspeito até a melhoria dos sintomas. Os mesmos devem ser eliminados por pelo menos 30 dias para que os resultados apareçam. O quadro mostra alimentos a serem eliminados, justamente aqueles mais envolvidos em reações tardias.
Após a eliminação, o nutricionista vai acompanhando os sintomas, sendo que com a melhoria os alimentos vão sendo re-introduzidos em grupo ou individualmente. Se com a re-introdução aparecerem novamente os sintomas você saberá que deve evitá-los.
Porém, como já comentado, alguns sintomas só aparecem após dias ou semanas. Assim, o melhor é não abusar de nenhum grupo de alimento, mas proceder a uma dieta de rotação. Esta dieta é baseada no acompanhamento de 4 cardápios diferentes que devem ser seguidos em ordem, de forma que os alimentos só sejam repetidos após 5 dias. Isto dá um descanso ao sistema imunológico, facilitando a eliminação de substâncias estranhas pelo corpo e evitando uma sobrecarga no organismo.