O ponto de parada era no Pentágono, onde foi montada uma mega estrutura em um estacionamento, com tendas, banheiros e caminhões guarda-volumes. Tudo muito bem organizado pelo Corpo de Fuzileiros Navais! Eu ainda não tinha nem trotado pra aquecer, e resolvi só alongar um pouco – na verdade estava com receio de que o joelho voltasse a doer como nos treinos anteriores, e me tirasse da prova. Depois de treinar duro por 5 meses visando essa maratona, três semanas antes da prova o meu joelho começou a pedir água… Treinei pensando em fechar a prova abaixo de 3h15, mas depois que começaram as dores no joelho, meu objetivo passou a ser terminar a prova, nem que fosse caminhando.
Na concentração, grandes placas marcavam o local destinado aos corredores pelo objetivo de tempo de cada um. Achei que seria uma aglomeração só, mas que nada! Ali o pessoal respeitava o ritmo designado, e ficava cada um na sua área! Fui até a baia que marcava a conclusão da prova entre 3h45 e 4 horas.
Já na largada dava pra ver aquela enorme festa! Quase 20 mil corredores no asfalto e dos dois lados muita gente com cartazes, apitos, sinos, gritando e incentivando os corredores sem parar. O joelho já começou a incomodar um pouco, mas não passava de uma dor leve. Como eu estava impressionado com tantos corredores e tanta gente nas ruas, acabava nem lembrando do problema.
A largada aconteceu bem quando o sol estava nascendo, pontualmente às 8 horas da manhã, e alguns pontos da cidade ainda tinham um pouco de névoa. Ao subir o acesso para a ponte que nos levaria a Georgetown, era como se estivéssemos entrando nas nuvens! Tudo isso me fazia esquecer o joelho, e mesmo rodando a um ritmo confortável, aos poucos eu ia aumentando o passo. O povo foi para as ruas com cartazes para incentivar seus amigos e familiares, e aí se via de tudo! Além dos cartazes, os incentivos gritados a todo o momento pelo público: "Good Job!", "You can do it!". E também: "Hello, Brazil!" – já que corri com uma bandeira presa no peito, abaixo do número.
Em um ambiente desses, não dava mesmo pra lembrar do joelho! E a corrida continuou tranqüila, ainda mais com os longos trechos planos, que são maioria.
A partir do km 32, o bicho naturalmente começou a pegar! A temperatura já tinha subido um pouco e o cansaço começou a aparecer. Mas mesmo assim eu mantinha a pegada, já decidido a deixar de lado a preocupação com o joelho e fazer o melhor tempo que desse. Faltando 5 km resolvi apertar um pouco mais e depois do km 40 eu acelerei de vez e fui passando os corredores à minha frente.
O último trecho era em subida – cerca de 150 m. E que subida! Íngreme mesmo – que terminava bem em frente ao memorial de Iwo Jima (aquele em que um grupo de soldados está hasteando uma bandeira americana)! Apertei mais uma vez o passo e fui assim até finalmente fechar a prova em 3:33:51! Comemorei muito, pois completei em um tempo bem melhor do que o esperado, e apenas 7 minutos a mais do da minha primeira maratona, em Curitiba (2006).
Depois da prova, outro show de organização: rapidamente recebíamos as medalhas e aquelas "mantas" térmicas em alumínio (nem estava tão frio assim), pegamos água, isotônico, e frutas, em uma área de dispersão que era enorme. Voltei para o hotel feliz da vida – quase nem sentia as dores nas pernas. Por toda a cidade, os corredores desfilavam com seus medalhões no peito, orgulhosos.
Pelos resultados oficiais, 18.249 corredores terminaram. Achei outros cinco brasileiros na classificação final: Antonio Lima Filho 3:37:24, Daniel Oliveira 3:37:24, Aracy Leite 4:08:11, Fernando Abrahão 4:45:25 e Wells Trigueiro (mora nos EUA) 4:59:14.
Recomendo a todos essa belíssima prova! O astral é ótimo, a cidade "respira" a maratona desde a semana anterior, e a participação popular (tanto no asfalto quanto nas calçadas) faz juz ao slogan da corrida: "A Maratona do Povo!". Mais detalhes no site http://www.marinemarathon.com/
André Choma é assinante de Curitiba