Depois de realizar o grande sonho de completar a nossa primeira maratona no Velho Mundo, precisamente em Paris, resolvemos então, correr as cinco maiores maratonas do mundo (Nova York, Chicago, Boston, Berlim e Londres). Foi neste ímpeto que eu e meu marido Marcelo partimos para um novo desafio: fazer a Maratona de Berlim. Inicio este relato, descrevendo o quão importante é a Contra-Relógio na vida dos corredores, ao percebermos que além das excelentes informações que ela nos passa, a revista também pode nos transformar em celebridades porque fomos identificados ao longo de nossa viagem por diversos corredores, devido à reportagem publicada "10 anos de Amor e Corrida" no mês de abril.
Chegamos a Berlim na sexta-feira, após uma longa e cansativa viagem (Montes Claros, Belo Horizonte, São Paulo, Frankfurt, Berlim), e fomos diretamente para a feira de esportes, onde pegamos o nosso kit de corrida e tivemos a oportunidade de conferir uma grande confraternização entre os corredores. Lá sentimos também que organizar um evento como esse não deve ser fácil, pois assim como muitos corredores não recebemos o cartão de confirmação pelo correio e, em nosso kit, não havia o passe do city-tour comprado anteriormente durante a inscrição, o que nos fez perder alguns minutos em filas. Após tudo resolvido fomos para o hotel.
Na manhã do dia seguinte, ao invés de fazer um treino leve, optamos por conhecer a cidade, especialmente o portão de Brandenburgo onde seria a largada/chegada, e retornar cedo para descansar, pois, diferentemente do nosso objetivo em Paris, que era apenas completar a prova, agora o nosso desafio era baixar tempo e quem sabe conseguir a melhor marca.
O domingo amanheceu em Berlim e o tempo conspirava a nosso favor, pois não fazia tanto frio como em Paris e nem excessivo calor como no norte de Minas Gerais. Tomamos um leve café da manhã e fomos para o metrô. Pegamos o trem e a cada estação entravam pessoas de diferentes nacionalidades.
Descemos na Potsdamer Platz, e de longe já avistávamos mais e mais pessoas e a cada minuto que passava a emoção e a ansiedade tomava conta de nós; parecia nossa primeira prova. O parque Tiergaten estava cercado dando acesso apenas aos corredores. Guardamos nossas roupas e a câmera, vestimos uma capa amarela oferecida pelo patrocinador da prova e em pouco tempo os milhares de corredores se encontravam emaranhados, naquele amarelo ouro, aguardando o início da prova.
Deu-se a largada e saímos confiantes de que o nossa meta seria alcançada. Mas com 15 km de prova sentimos que iríamos ter dificuldades para atingir nosso objetivo, pois diferente de Paris, não observamos uma oferta de frutas e carboidratos para podermos repor a demanda energética imposta pela prova. Fomos repondo com os poucos carboidratos em gel que levamos conosco. No km 21, apesar de estarmos mais cansados do que na nossa maratona anterior, o tempo (1h53) nos animava. Após o km 37 iniciaram-se fortes dores; eu senti demais a coluna e as pernas, enquanto Marcelo estava com sinais de hipoglicemia, devido à baixa ingesta de carboidratos. Mas fomos em frente e um incentivando o outro, acabamos conseguindo cruzar a linha de chegada em 3h48.
O nosso próximo desafio nos espera! Chicago 2009 abaixo de 3h45.
Josiane Santos Brant e Marcelo Eustáquio Siqueira Rocha são assinantes de Montes Claros, MG