História admin 15 de junho de 2018 (0) (1006)

“MENINO ATÔMICO” CONQUISTA A MARATONA DE BOSTON DE 1951

por Nelton Araújo

Só os mais fortes sobreviveram à 122ª edição da Maratona de Boston, realizada no último 16 de abril. A chuva, o frio, e, sobretudo, o vento contra, iam se revezando na tarefa de desestimular os maratonistas a concluírem o percurso. Os favoritos ao título desistiram um a um, até a liderança chegar ao japonês Yuki Kawauchi (capa da edição de maio da CR).
E aí, as péssimas condições climáticas não foram suficientes para derrubar o “Imperador da Dor”, que colocou seu país de volta ao lugar mais alto do pódio, o que que não acontecia desde 1987. Apesar desse hiato de 31 anos, o Japão é um dos países com mais tradição de vitórias na mais antiga maratona do Ocidente, com nove títulos – perdendo apenas em número de vitórias para os EUA, Quênia e Canadá, respectivamente.
A história vitoriosa do Japão em Boston, na qual Kawauchi (considerados por muito, um “amador”) agora faz parte, teve início no início dos anos 1950, quando quatro maratonistas nipônicos, usando shorts e camisetas brancas com duas listras grossas, que iam do ombro direito até o quadril esquerdo, alinharam-se na faixa de largada da competição. Eles viam uma vitória dentro do maior palco do pedestrianismo mundial, como uma maneira de restaurar a dignidade do seu país após a Segunda Guerra Mundial, quando os EUA fizeram os bombardeios atômicos nas cidades de Hiroshima e Nagasaki.
E, ironia do destino, o principal nome desse grupo era, nada mais, nada menos, aquele que vivenciou mais de perto o ataque em Hiroshima. E é ele o protagonista da nossa história deste mês: Shigeki Tanaka, mais conhecido como o “Menino Atômico”, o homem que impactou toda uma geração de corredores asiáticos, depois da sua participação na Maratona de Boston, em 1951.

HORROR EM HIROSHIMA. O único momento na história em que armas nucleares foram usadas em guerra e contra alvos civis aconteceu nos dias 6 e 9 de agosto de 1945. Os Estados Unidos desejavam demonstrar ao mundo (e, em especial, à então União Soviética) que os horrores da Segunda Guerra Mundial não tinham os enfraquecidos. Estavam fortes o suficiente para tirar do papel a construção de uma inédita bomba atômica.
Aproveitando que as forças militares do Império Japonês, aliadao da Alemanha de Adolf Hitler, ainda tinha focos de resistência, o comandante da Forças Aliadas, Douglas MacArthur, autorizou o plano de bombardear o Japão. A escolha das cidades de Hiroshima e Nagasaki foi pensada pelo efeito psicológico que as bombas causariam à população japonesa. Assim, às 8h15 da manhã (horário local), a bomba americana “Little Boy” foi lançada contra Hiroshima, província ao Sul do Japão, de relevância industrial e marítima. Menos de 45 segundos depois do lançamento, uma “nuvem de cogumelo” de cerca de 10 km de diâmetro ergueu-se, fazendo o dia se tornar noite no centro da cidade.
A 130 km dali, na vila de Samishin, que faz parte da província de Hiroshima, o jovem Shigeki Tanaka, aos 14 anos, enquanto corria os 4 km entre a sua casa e a escola, reparou na quantidade de flashes no céu, seguido de um ruído. Ele e os habitantes de sua vila presumiram que era só mais um corriqueiro terremoto que tinha ocorrido na região industrial do centro de Hiroshima. Somente dezoito horas depois, quando uma vítima foi socorrida por alguns habitantes de Samishin, foi que descobriram que os flashes a quem tinham assistidos eram decorrentes da bomba estadunidense que mudou a vida no planeta.
A vítima assistida pela aldeia era uma entre os 70 mil feridos pela “Little Boy”, que ceifou a vida de 80 mil pessoas, 30% da população de Hiroshima em 1945. Quase uma semana depois, Shigeki Tanaka e sua vila foram informados que, no dia 9 de agosto, um avião norte-americano tinha lançado a bomba “Fat Man”, de maior potencial destrutivo, em Nagasaki, a pouco mais de 500 km de onde viviam. Os danos psicológicos atingiram não somente os sobreviventes, mas todos que vivenciaram a tragédia, inclusive Tanaka, que cresceu sob o ódio aos EUA.

JAPONESES E NÃO COREANOS. Já no ensino médio, Tanaka passou a ganhar todos os eventos de longa distância que participava. Os 8 km que corria, indo e voltando da sua casa para a escola durante todo o seu ensino fundamental, tinham lhe dado base aeróbica suficiente para passar a sonhar com os Jogos Olímpicos de 1948 e trazer, de “verdade”, um ouro para o Japão na maratona olímpica.
De “verdade”, entre aspas, já que o ouro que o país recebeu na maratona olímpica de 1936, não foi conquistado por um nativo, mas por Sohn Kee-chun, um coreano. Colônia do Japão desde 1910, os atletas da Coréia só podiam competir fora do seu país com o uniforme japonês. Contudo, o sonho de Tanaka teve que ser adiado quando soube que o COI e a IAAF, em 1946, decidiram proibir a participação das delegações alemã e japonesa de todas as principais competições internacionais até segunda ordem, incluindo os Jogos Olímpicos. Era a sanção, em nível esportivo, contra os dois países considerado culpados pela deflagração da Segunda Guerra Mundial.
Porém, cinco anos depois, as atenções do mundo inteiro estavam voltadas à Coréia, a qual, uma vez independente do Japão, enfrentava um conflito interno pelo controle total da península, e que escondia o agravamento das tensões entre os EUA e a União Soviética. E isso se refletiu na política de convite da Associação Atlética de Boston (BAA), a organizadora da maratona que surgiu em 1897.
Em 1951, o presidente da BAA, Walter Brown, pronunciou que “enquanto os soldados americanos estão lutando e morrendo na Coréia, todos os coreanos devem lutar para proteger seu país, em vez de treinar para maratonas”. Ou seja, a Coréia não era mais bem vinda em Boston, mesmo depois que três atletas do país tivessem conquistado os três primeiros lugares na edição de 1950.
Enquanto o presidente da BAA mantinha sua palavra que não aceitaria inscrições coreanas “enquanto a guerra continuar lá”, o diretor da prova, Will Cloney, mandou um convite à Associação Japonesa de Maratona para enviar uma equipe para a competição. Com todos os olhos focados na Guerra da Coréia, as sanções contra Japão e Alemanha foram deixadas de lado. Ir à Boston não era o primeiro evento internacional do Japão pós-Guerra, mas era o que possuía mais visibilidade internacional.
Dentro do grupo que recebeu o convite, havia uma ala a qual desejava que a solicitação fosse declinada, uma vez que era contraditório participar de um evento dentro do país que traumatizou o Japão com suas bombas. Todavia, venceu a ala comanda pelo diretor da equipe, Hita Okabe. E o raciocínio proposto por ele era que não havia melhor oportunidade para restaurar o orgulho de sua raça do que dominar um dos maiores eventos dos Estados Unidos.

TANAKA VENCE A SELETIVA. Para ter certeza que levaria os melhores atletas, a Associação Japonesa de Maratona organizou uma seletiva para formar uma equipe com quatro corredores. Foi quando Shigeki Tanaka, com apenas 19 anos, impressionou a todos ao vencer a prova experimental em 2:28:16, seu recorde pessoal, superando o então campeão japonês, Shunji Koyanagi. Ninguém conhecia Tanaka, que não tinha desistido do sonho olímpico, e treinava anonimamente. E via em na competição em Boston, que tinha status de um campeonato mundial, oportunidade única de se firmar na equipe olímpica, caso seu país fosse convidado para disputar os Jogos de 1952.
Além disso, Shigeki Tanaka ainda enxergava os Estados Unidos como um inimigo. Não estava sozinho, pois ao saber que representariam o Japão em solo americano, a comunidade ao redor da delegação japonesa passou a ajudar com doações para custear a viagem, convicta que iriam se vingar dos norte-americanos.
Se num primeiro momento tal certeza podia motivá-los, logo depois se tornou uma fonte de pressão sobre os atletas. Sobretudo para Tanaka, que recebia diariamente os mais diversos conselhos e carregava o peso nas costas de que frustraria a todos se chegasse em qualquer colocação que não fosse a de primeiro lugar. Um dos seus ex-professores advertia que ele deveria estar preparado para lidar com o fato que a imprensa local reviraria sua vida, e qualquer passo em falso seria usado contra ele.
Sem muitos recursos financeiros, a delegação composta pelo campeão da seletiva, o vice Shunji Koyanagi, o terceiro e quarto colocado, Hiromi Haigo e Yoshitaka Uchikawa, mais o diretor da equipe, Hita Okabe, e o técnico da equipe, partiram para Boston, no dia 2 de abril. Era o voo mais barato que conseguiram, e, por isso, levaram quatro dias para chegar a Boston, fazendo paradas no Havaí, Los Angeles, São Francisco e Nova York.
Se entendessem o idioma inglês que estampavam as capas dos jornais publicadas na capital de Massachusetts, os quatro maratonistas entenderiam o alvoroço da imprensa sobre eles. Ao saber da presença japonesa em Boston, a imprensa conseguiu acesso aos resultados da seletiva e, se os quatro repetissem tempos feitos na corrida experimental, subiriam ao pódio. Em especial Tanaka, afinal seu tempo de 2:28:16 na seletiva era o suficiente para conquistar o título da maratona das últimas três edições.
No entanto, como o ex-professor de Shigeki Tanaka já havia alertado, a imprensa revirou a fundo a vida dos atletas da delegação japonesa, e encontraram o fato de que o favorito para ganhar a 55ª edição da Maratona de Boston, e que tinha acabado de completar 20 anos, era nascido e criado em uma aldeia pertencente à província de Hiroshima. Antes que pudesse explicar que não era um sobrevivente da explosão atômica, já que ele e sua aldeia não foram afetados pela “Little Boy”, Tanaka já havia ganho as capas dos jornais com seu mais novo apelido: “Atomic Boy” (Menino Atômico).

“MENINO ATÔMICO”. Os únicos concorrentes do “Menino Atômico” eram os próprios colegas de equipe, em especial Shunji Koyanagi, na busca de reconquistar o título de campeão japonês da maratona. Também era cotado o norte-americano John Lafferty, mecânico da Marinha, e que, treinando nas horas vagas, conquistou o quarto lugar na edição ocorrida em 1950, logo atrás do trio coreano que dominou o pódio. Também era veiculado o nome do grego Anasthasios Ragazos, que no horário comercial era funcionário de um banco em Atenas.
Todos eles eram atletas “amadores”, no sentido de viver “para” a corrida, e não viver “da” corrida, algo que só veio mudar, definitivamente, no final da década de 1980. Até mesmo Yuki Kawauchi, campeão de Boston este ano e considerado por muitos um “amador”, por ser funcionário público, tem uma relação quanto ao recebimento de material esportivo (embora não seja oficialmente patrocinado) e ao recebimento dos valores da premiação, que o coloca mais próximo dos atletas profissionais de hoje do que aos atletas amadores dos anos 1950.
Assim, em 19 de abril de 1951, os quatro maratonistas nipônicos, usando camiseta branca, na qual a bandeira japonesa, com seu círculo vermelho representando o sol nascente, estava estampada logo acima do número da corrida, juntaram-se aos outros 149 concorrentes à espera do tiro de largada, dado pontualmente às 12 horas daquela quinta-feira.
E, sim, eu falei quinta-feira: a Maratona de Boston, desde sua criação, em 1897, é realizada no Dia do Patriota. Até aí, nada de novo. Só que este feriado estadual de Massachusetts só passou a ser observado na terceira segunda-feira de abril depois de 1970. Até 1969, o feriado tinha dia certo: 19 de abril. Logo, a prova em Boston flutuava pelos dias da semana, e, em 1951, aconteceu em uma quinta-feira.

A PROVA DE 1951. Dada a largada, Shunji Koyanagi não quis cumprir o jogo de equipe e logo tomou a dianteira. Enquanto o ex-campeão japonês corria em ritmo de recorde do percurso, o “Atomic Boy” seguia junto com o primeiro pelotão. Era exatamente como o técnico da delegação japonesa imaginava que iria ocorrer, quando foi entrevistado horas antes da largada. Seiichiro Tsuda trabalhava como assessor de imprensa, intérprete e treinador da equipe japonesa. E antes de ser isso tudo, foi quinto colocado na maratona olímpico de 1932, em Los Angeles.
A principal preocupação dos japoneses era quanto a altimetria da maratona, que naquele ano mudou seu percurso por conta de obras na rodovia. Na véspera da competição, um jornalista sentenciava que, se o “Menino Atômico” tinha sobrevivido à bomba atômica, “ele deve sobreviver às nossas estradas e morros”. Tanaka e seus companheiros não eram tão otimistas assim, pois tinham se preparado prioritariamente em terreno plano.
A orientação técnica de Tsuda veio apenas na véspera da prova: que o grupo fosse paciente antes de atacar a parte mais desgastante da prova, as quatro subidas no distrito de Newton. Em particular, o treinador garantiu a Tanaka que, se obedecesse a orientação, venceria a prova.
O “Atomic Boy” parecia ter confiado em seu treinador, enquanto Koyanagi não deu a mínima para o conselho e continuou correndo em um ritmo no qual completaria a prova em 2h24, um minuto mais rápido que o recorde do percurso. Só que agora estavam diante do momento mais duro de maratona: a “Newton Hills”, trecho de 6 km onde havia quatro duras subidas, sendo a última, a famosa Heartbreak Hill.
Atrás de Koyanagi só restava Tanaka que, obediente ao plano de prova, esperou até aquele momento para forçar o ritmo, mesmo estando a mais de dois minutos do líder. Agora, com carta branca, passou a caçar o companheiro. Segundo o jornalista do Daily Record, que acompanhava a prova pelo carro da imprensa, a partir do km 16, “O `Menino Atômico´ correu mais rápido do que qualquer maratonista jamais fez antes”, atacando as subidas e acelerando ainda mais na Heartbreak Hill. Na altura do km 36, a caça de Tanaka pela liderança terminou, ultrapassando Koyanagi, que pagava caro por sua estratégia suicida e, sem oferecer resistência, abriu caminho para que o “Menino Atômico” avançasse rumo à vitória.

PERCURSO MENOR. Tanaka também estava desgastado pelo esforço em buscar seu rival e compatriota e, mesmo estando em um ritmo para concluir a maratona em 2h22, o que seria recorde mundial, reduziu a velocidade enquanto descia a rua Beacon. Faltando apenas duas milhas, o líder ouviu uma voz que, aos berros, dizia “Mais duas milhas! Você está seis segundos atrás do recorde!”, o que fez ele, instintivamente, voltar a acelerar. Mas não durou mais do que meia dúzia de passos: para Tanaka era melhor ser sensato e garantir sua vitória do que tentar abraçar o mundo, e, querendo ganhar e bater o recorde mundial ao mesmo tempo, ficar sem nada.
O ex-comandante supremo das Forças Aliadas, responsável pelo lançamento das bombas atômicas seis anos antes, fazia seu discurso de despedida, bem na hora que Shigeki Tanaka vencia a Maratona de Boston sem maiores sobressaltos, com o tempo de 2:27:45. O quarteto japonês terminou no “top 10”: mesmo pagando com juros e correção monetária pelo seu pace insano, Koyanagi ainda garantiu a quinta colocação. Yoshitaka Uchikawa e Hiromi Haigo terminaram em 8º e 9º. A sensatez de Tanaka em não ir atrás do recorde mundial foi recompensada em 1956, quando o percurso modificado foi aferido uma segunda vez e constatado que ele tinha 41,015 km.
A imagem que imortalizou aquele momento foi quando os jornalistas que cobriam a prova no carro da imprensa perceberam que tanto Tanaka quanto Koyanagi calçavam uma sapatilha que parecia ter sido feita de papel: era composta de uma sola finíssima de borracha e de uma parte superior feita de lona, que separava em dois os dedos do pé. Quando ambos concluíram a prova, os repórteres exigiam que retirassem as sapatilhas, que foram compradas em uma pequena fábrica que, anos mais tarde, seria conhecida como Onitsuka Tiger. Ao ver os pés dos atletas sem nenhuma bolha, ficaram admirados: a imprensa americana nunca tinha visto nada parecido.
O esporte, às vezes, cura feridas, e parecia ter curado a de Shigeki Tanaka, quem não demonstrava nenhum resquício de que, um dia, odiou mortalmente os EUA: não se importava de ser chamado de “Menino Atômico” e abria um sorriso de orelha a orelha para cada fotógrafo que, durante a coletiva de imprensa, pedia para tirar uma foto. Em seu país, era uma honra para um atleta ser fotografado.
Soube pela imprensa, que seu compatriota Hiromi Haigo tinha chegado na nona colocação, sendo enviado direto para um hospital, onde se constatou que estava com uma fratura no tornozelo. Na verdade, ele largou com essa lesão, escondendo-a de todos. Quando confrontado para explicar qual a razão para ter corrido mesmo assim, respondeu: “Nosso povo deu dinheiro para me mandar até aqui; eu só tive que correr para eles.”

MEDALHA ROUBADA. Na longa viagem de volta, parando novamente em Nova York, Los Angeles, São Francisco e Havaí, discutiam sobre o que poderiam melhorar para que pudessem retornar em 1952 e fazer um pódio só de japoneses. A cada escala, recebiam o carinho dos compatriotas que viviam nos EUA, que agora poderiam falar orgulhosamente de onde vieram. Quando chegou à Estação de Hiroshima, Tanaka foi colocado em um caminhão de carvão, para desfilar pelos 130 km até a cidade natal. O caminho estava lotado de pessoas que empunhavam pequenas bandeiras do Japão.
Mas ele não voltou a Boston em 1952. Na verdade, uma séria lesão no joelho tirou o “Menino Atômico” até da Olimpíada de Helsinque, seu maior desejo esportivo. Daquele grupo que fez história em Boston um ano antes, apenas Uchikawa foi para os Jogos Olímpicos, mas não concluiu. Sem conseguir se recuperar plenamente da lesão, ao mesmo tempo em que sua carreira como dono de uma loja de departamento em Tóquio crescia, Tanaka foi deixando o treinamento e o esporte de lado. Mas nunca foi esquecido.
A organização de Boston reconheceu seu feito, convidando-o para participar da 100ª edição da corrida em 1996, e comemorar os 50 anos da sua vitória, em 2001. Em 1998, a BAA, ao saber que a medalha de Tanaka tinha sido roubada, fez uma réplica e a entregou para o “Atomic Boy”. A medalha original foi recuperada e se descobriu que o autor do roubo tinha sido um brasileiro de descendência japonesa.
A vitória de Shigeki Tanaka na 55ª edição de Boston também nunca foi esquecida entre seus pares. Pelo contrário: a sua história foi responsável pela mudança de mentalidade da nova safra de corredores japoneses, os quais, desde então, passaram a desejar vencer a Maratona de Boston como prova última de que eram atletas de elite mundial.
E os nove títulos conquistados em Boston, de 1951 a 2018 (veja os ganhadores japoneses no quadro), só comprovam a importância que esta competição exerce, até hoje, sobre a cultura esportiva nipônica. Para ser possível a vitória de Yuki Kawauchi, o “Imperador da Dor”, que surpreendeu a todos na congelante Boston deste ano, existiu um “Menino Atômico”, que mostrou ao mundo que era possível se curar dos horrores da guerra, dentro da maratona mais tradicional do mundo.

VENCEDORES JAPONESES
NA MARATONA DE BOSTON
ANO VENCEDOR TEMPO

1951
Shigeki Tanaka
2:27:45

1953
Keizo Yamada
2:18:51

1955
Hideo Hamamura
2:18:22

1965
Morio Shigematsu
2:16:33

1966
Kenji Kimihara
2:17:11

1969
Yoshiaki Unetani
2:13:49

1981
Toshihiko Seko
2:09:26

1987
Toshihiko Seko
2:11:50

2018
Yuki Kawauchi
2:15:58

Veja também

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