Esta maratona foi disputada no dia 16 de março em Ushuaia (veja onde fica), cidade no extremo sul da Argentina, numa região conhecida como Terra do Fogo. Devido à sua proximidade da Antártida, a região apresenta clima frio mesmo nesta época, "verão", com a temperatura variando entre 5 e 17ºC.

Na véspera ocorreu a entrega do kit, no Club Náutico Ushuaia, situado junto ao Canal de Beagle, que continha número de peito, camiseta e alguns souvenires da cidade, entregue em clima de cordialidade. O jantar de massas foi muito bom, com o detalhe de que até às 21h o dia ainda estava claro. Pouco antes do jantar foram dadas informações gerais da prova e que naquela noite acabava o horário de verão, o que foi muito bom, pois além de termos uma hora a mais para descanso, largaríamos com uma temperatura agradável. Ao final teve uma apresentação de dança típica.

No domingo todos se encaminharam para o ginásio de esportes da cidade, de onde partiram os ônibus levando os corredores para a área de largada na Baía Lapatia, dentro do Parque Nacional Tierra del Fuego, na qual havia banheiros químicos, pórtico, ônibus com guarda-volumes, água, Gatorade e chá quente preparado num veículo militar para amenizar a sensação de frio, visto que a temperatura neste local era mais baixa que no centro, obrigando a permanecer com algum agasalho até momentos antes da largada às 9 horas. Apesar da simplicidade, tudo foi muito bem organizado e eficiente.

Procurei me posicionar mais a frente próximo ao pórtico de partida e após pequeno atraso ocorreu a largada dos 280 participantes, que percorreriam os primeiros 18,5 km pela Ruta 3 (estrada de terra) dentro do Parque Nacional. Apesar do inicio forte de muitos corredores devido ao trecho inicial não apresentar grandes desníveis, procurei manter um ritmo mais conservador e constante para enfrentar as diversas subidas e descidas dentro do parque e aos poucos fui ultrapassando alguns corredores.

Os postos de água estavam posicionados a cada 5 km e ao longo do percurso havia várias pessoas da organização indicando o caminho a seguir e nos incentivando, assim como os turistas caminhando (o tráfego de veículos no interior do parque estava proibido durante a prova) conforme nos aproximávamos da portaria do parque, local onde havia uma maior concentração de público. A partir deste ponto, com sol e temperatura amena, o tráfego era liberado e precisávamos estar mais atentos, porém não observei nenhuma situação de perigo.

De volta à cidade. Já com a rodovia e ruas pavimentadas, seguimos então em direção à cidade num trecho com predominância de descidas suaves, até chegarmos a metade da maratona na via de acesso ao aeroporto, onde fizemos um percurso de ida e volta e pude ver todos os corredores à minha frente e saber que estava na 14ª posição, a 10 minutos do queniano que liderava a prova.

Pouco depois contornamos a Baia Encerrada e próximo ao km 29 chegamos ao centro com algumas vias fechadas ao tráfego, atingindo finalmente a San Martin, principal rua de Ushuaia, onde ao final virávamos a esquerda numa forte subida onde apesar de reduzir bastante o ritmo consegui ultrapassar outro corredor e ficar na 10ª posição. Ao final desta ladeira voltamos a Ruta 3, seguindo até o km 37 com alternância entre subidas suaves e trechos planos, com sol, temperatura amena e nenhuma sombra. Ao longo deste trecho outro corredor me acompanhou e ultrapassamos mais dois atletas, passando a alternar entre a 8ª e 9ª colocações.

No km 37 havia um trevo, e começamos a descer em direção ao nível do mar. A partir deste ponto o corredor que me acompanhava começou a se distanciar e não pude mais acompanhá-lo. Já na quase plana Av. Perito Moreno junto ao mar, com trânsito aberto e policiais nos cruzamentos para garantir a passagem dos corredores, os quilômetros e ladeiras percorridos começavam a fazer efeito e não conseguia manter o mesmo ritmo, porém continuei forçando para alcançar outro corredor a frente que aparentava estar mais cansado que eu. Pouco a pouco fui me aproximando e numa suave ladeira finalmente o passei. A partir de então foi uma corrida solitária com poucos espectadores até próximo ao local da chegada, onde havia bastante público aguardando.

Logo após a chegada recebi uma linda medalha e os cumprimentos de várias pessoas. No local da chegada havia água, Gatorade, frutas e barras de cereal à vontade, atendimento médico, jornalistas etc, num grande acontecimento para a cidade. A premiação ocorreu no mesmo local, sendo que no caso das categorias ocorreu depois de duas horas dos primeiros cinco colocados, com os corredores indo aos hotéis e retornando mais tarde. Confirmei então minha 8ª colocação no geral, recebendo meu primeiro troféu como 3º na categoria 35-39 anos. Cabe ressaltar que eles optaram por premiar os primeiros cinco colocados na classificação geral e também nas categorias etárias de cada um, prejudicando alguns dos demais competidores que poderiam receber um troféu.

Enfim, posso dizer que participar da Maratona Fin Del Mundo vale a pena, principalmente conciliada num roteiro de férias pela região patagônica com suas inúmeras atrações naturais. Para se chegar a Ushuaia, existe a opção de sair de Buenos Aires de avião ou ônibus, ou então vindo pelo Chile através das cidades de Punta Arenas ou Puerto Natales, as quais possuem ligação aérea ou terrestre com Santiago.

O campeão foi o queniano Paul Rotich, de 41 anos, que fechou em 02:45:09.O site oficial da prova é www.findelmundomarathon06.com