Pela terceira vez participei da Meia-Maratona de Berlim (www.scc-events.com/events/berliner_halbmarathon/2008/index.en.php), dia 6 de abril. Sem dúvida é a mais impressionante de todas que conheço e cada vez me encanta mais pelo que acontece durante o percurso, pelo cenário e pelo passeio turístico que proporciona.

A concentração para início da prova se dá no centro histórico, em frente à Catedral, onde estão concentrados vários edifícios históricos, museus e monumentos, todos eles reconstruídos no pós-guerra. Passa-se sob o Portão de Brandemburgo, um dos monumentos mais famosos do mundo, que fica bem próximo do pouco que restou do Muro de Berlin. Segue por larga e bela avenida, a Unter den Linden, em direção à Berlin Leste, passando-se ao lado do Parque Tiergarten, com alamedas e ruas estreitas. Chama a atenção, no km 15 uma igreja, quase toda destruída, e preservada dessa forma.

A organização é impecável, destacando-se as "escolas de samba", a cada 4 km, formadas por alemães que adoram a batucada brasileira. Os participantes respeitam as baias de largada pelo tempo previsto de conclusão, o que torna a saída mais rápida e sem atropelos (como vem defendendo a Contra-Relógio em nossas provas mais concorridas). Mas os organizadores têm problemas: nos últimos 3 ou 4 km, o excesso de espectadores torna a passagem dos atletas estreita demais. E, na chegada, para deixar o local, é um sufoco. Muito aperto, misturando corredores e público.

Berlim deixa a  impressão  de que toda população vem às ruas torcer pelos parentes e amigos, levando faixas, cartazes, bandeiras, apitos. E, com outros aparatos para fazer barulho, esforçam-se para empurrar todos para frente. Esperava-se  150 mil espectadores no percurso!  Mais um detalhe: os berlinenses são muitos simpáticos e atenciosos, oferecendo ajuda  sempre que vê o turista atrapalhado ou necessitando de informação.

 A 28ª edição bateu o recorde de participantes – 20.660, representando nada menos do que 86 países. Há eventos paralelos que elevam esse número para 24 mil: são cadeirantes, skatistas, corrida infantil.

O vencedor, queniano, completou a prova em exatos 60 minutos – Patrick Makau Musiock. Ele é recordista na prova, com 58:56, no ano passado. A vencedora, também queniana, Peninah Arusei, fechou em 1:08:22. Completei, junto com meu genro, Andrew Cordery, em 1:57:51.

Ainda que o tempo tenha ajudado, nesta época do ano é sempre um risco correr na Europa. Em Berlim choveu durante a noite, amanheceu com temperatura de 3 graus e, durante a prova, oscilou entre 5 e 10.  Na Inglaterra, onde correríamos na semana seguinte, a prova foi cancelada pelos efeitos de uma incrível chuva de pedra que inundou e enlameou o percurso, em torno de um lago.

Mesmo sujeito a esses embaraços, correr a Meia de Berlim sempre será um risco que vale a pena correr.

Especialista em meia

Darci Garçon já correu 42 meias-maratonas, sendo 23 no exterior: Buenos Aires (4 vezes), Berlim (3), Lisboa (2), Paris (2), Inglaterra (2), Budapeste, Praga, Noruega, Copenhague, Polônia, Madri, Estocolmo, Gotemburgo, Las Vegas e Santiago do Chile (uma cada). Neste mês estará fazendo a de Riga e Letônia, sempre levando um exemplar da CR para os organizadores, que ficam surpresos com a qualidade da revista.