
As ruas da Cidade Universitária da USP, na capital paulista, foram palco neste domingo (24/08) de mais uma edição da Maratona FILA, que ao contrário de outras provas na distância de 42 km oferece a opção do revezamento em duplas e quartetos, além do solo. Com isso, o evento acaba sendo uma enorme confraternização, permitindo a corredores muito ou pouco preparados participarem da competição.
O percurso foi definido em 10,5 km, exigindo então que os maratonistas fizessem 4 voltas, e muitos constataram terem conseguido bons resultados, mas que não poderão ser validados porque a distância não alcançou o mínimo exigido, que é 42,2 km, para homologação das marcas.

O corredor Nilson Paulo de Lima, de Uberlândia, conhecido pelo grande número de maratonas que completou (na Fila, foi a 410ª!), nos informou que seu GPS (de última geração) marcou 41,47 no final. Ele ficou surpreso com seu resultado de 3:45:16, 7 minutos a menos que seu melhor este ano (3:52:20 em Campo Grande), mas vendo a metragem no GPS entendeu o porquê. Ele comentou que, em suas inúmeras maratonas oficiais, NUNCA fechou uma prova com seu relógio de pulso marcando menos que 42,2 km.
Como se sabe e comentado aqui no site pelo post “Nenhuma maratona tem os famosos 42.195 metros…”), em provas com percurso aferido, necessariamente o GPS dos corredores deve marcar um pouco mais que 42,2 km no final, porque eles não fazem um trajeto tão “econômico” como o pessoal da medição, deixando de tangenciar corretamente nas curvas e retornos, principalmente. E Nilson foi taxativo: “Acredito que a prova da Fila teve 1 km a menos que o correto e acho difícil que Boston aceite seus resultados para a inscrição.”

O corredor André Souza também percebeu a diferença e decidiu correr alguns metros a mais até completar os 42,2 km em seu relógio. “Eu só parei o relógio quando cheguei na distância de 42,2. Quando cruzei a chegada ainda faltavam muitos metros”, disse. Ele compartilhou o print de sua atividade no Strava para comprovar a diferença e destacou que o erro parece ter ocorrido no ponto de retorno na Avenida da Escola Politécnica. “Um amigo fez a prova no ano passado e, comparando os percursos, vimos que em 2025 o retorno estava antes do que deveria (veja abaixo). Quando percebi o problema na demarcação até desisti de fazer as tangentes certas”, completou.
Diversos outros corredores também registraram nas redes sociais a inconsistência da distância, com prints de seus GPS e comentários sobre o erro no percurso.
O mais grave é que esse erro no percurso já tinha acontecido no ano passado, segundo muitos participantes, apesar de contestado pela organizadora Beta Sports. E, nesse sentido, demonstra uma falta de respeito para com os participantes da corrida solo, notadamente, que lá estiveram pensando em ter suas marcas homologadas e inclusive válidas para o Ranking Brasileiro de Maratonistas.
Melhor seria se fosse assumido se tratar de um evento festivo, para confraternização dos corredores, sem rigor técnico, informando-se que as voltas teriam “aproximadamente” 10,5 km e, da mesma forma, a maratona em torno de 42 km.
Não se pode deixar de comentar que, quando as maratonas erram para mais no percurso (fato muito raro), os participantes costumam colocar nas redes sociais suas reclamações, culpando a maior distância pelos resultados pífios. Mas o contrário geralmente não acontece, daí que muitas vezes deixa-se de constatar uma falha como a acontecida na prova da Fila, assim como se deu na de Blumenau este ano.
Até quando vai continuar esse amadorismo e desleixo na organização de nossas maratonas? Vamos aguardar o pedido de desculpas da Fila e da Beta aos participantes do evento na USP.




