A Olimpíada é o ápice de uma carreira. O sonho de 11 entre 10 atletas.
Classificar-se não é fácil, mesmo quando a disputa é em “casa”, como aqui no Brasil. Em alguns países, como nos EUA, há seletivas tão difíceis como as finais dos Jogos Olímpicos.
Fico pensando o que passa na cabeça de uma garota de 16 anos, como a nadadora canadense Penny Oleksiak, ouro nos 100 m livre, além da prata nos 100m borboleta e dois bronzes, no revezamento 4x100m livre e no 4x200m livre.
A vida praticamente nem começou e ela já atingiu o ápice de uma vida esportiva. O que vem a seguir?
Aqui no Brasil, há uma série de dificuldades. Todos sabem. Fala-se muito da questão de estrutura, de investimento, de condições de trabalho. Há casos e casos. Inclusive, dentro de uma mesma modalidade. O atletismo é um ótimo exemplo disso.
A disputa olímpica chega a ser cruel. Primeiro, uma “briga” para estar lá. Depois, os que estão lá são os melhores dos melhores. Deve ser a mesma sensação de você entrar para fazer um vestibular, olhar para o lado e a sala inteira está lotada de japoneses. Apenas você com a camisa verde e amarela, cantando “sou brasileiro, com muito orgulho…”
Tudo o que escrevi acima é verdade. Porém, acaba por aí.
Me cansa o discurso seguido (e olhe que completamos apenas a primeira semana de provas hoje) de que o sonho era estar na Olimpíada e tudo bem. Como assim? Você piorou o seu tempo em 10 segundos (como ocorreu na natação) e tudo bem? Não corre sangue nesse corpo? O que aconteceu?
Tocar nesse ponto, questionar, não te faz menos patriota. É preciso, sim, analisar os erros. Na vida cotidiana não é assim? Seja no estudo, no trabalho, na família, na organização de uma viagem… Não dá para saber na hora o que ocorreu ao acabar a competição na Olimpíada, mas uma certeza existe: houve erros se um atleta fica muito aquém do que ele pode. Não é compará-lo com o adversário da raia ao lado ou do quimono azul, mas sim avaliar-se pessoalmente e coletivamente.
Claro que exigir medalhas e pódio, é uma outra realidade. O esporte é feito de vitórias e derrotas. De aprendizado. De tombos. Mas, também, de ambição, de vontade, de garra, de preparo psicológico e físico… e, ainda, me desculpem a palavra, de ficar puto.
O trabalho, a periodização, o planejamento, no meu modo de ver, devem focar o melhor de cada um na Olimpíada. De fazer a “prova da vida”, em qualquer modalidade. Se esse melhor é o suficiente para ser medalhista, quarto colocado, décimo ou cair na semifinal ou eliminatórias, é outra história e essa realidade, extremamente aceitável.
Não concordo, porém, com o pensamento de derrota, de aceitar qualquer coisa, de que estar na Olimpíada já é o suficiente. Inclusive, é preciso valorizar a presença na competição, pois há centenas, ou melhor, milhares de atletas que treinam para estar lá e nem chegarão perto.
Se o que vale é apenas participar, vamos criar uma nova categoria: a medalha para todos, igual corrida de rua.
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Apoiado, só de receber uma medalha de participação já motiva o atleta para uma nova superação e o destaca pelo esforço no treinamento e mostra a todos o que o que ele abdicou para chegar lá.
Nossas corridas a tempo deixaram de ser eventos competitivos para se tornarem eventos participativos, se isso acontecerem nas Olimpíadas será um retrocesso esportivo. Serão apenas Olimpíadas de participação e festividades.
Claro que ser o primeiro é o máximo, porém está no top8 é bastante coisa.
Isso, mesmo, Alex Cisne. Estar no top 8, no grupo dos finalistas, lhe garante prestígio e retorno financeiro.
Inclusive, em provas que não há classificatórias e uma final direto (como maratona e 10.000 m), que fica entre os oito primeiros tem o status de finalista olímpico. Na maratona, do 4° ao 8° recebem um diploma e isso influencia muito, no convite para provas internacionais, no cachê, no “nível” do atleta nos anos seguintes. É bastante coisa, realmente.
Abraço
André