Blog do Corredor André Savazoni 4 de agosto de 2016 (10) (109)

Regulamento, as redes sociais e o comportamento das pessoas (parte 2)

Na semana passada, escrevi sobre o tema, falando da “venda” de inscrições nas redes sociais (algo proibido no regulamento) e de outros exemplos de como a corrida de rua (ou qualquer outro evento) demonstra como está o comportamento do brasileiro hoje em dia.

Em muitos pontos, não é algo exclusivo de nosso país, longe disso. É do ser humano. Valores estão sendo esquecidos ou, o que é pior, nem são aprendidos.

Aguardei alguns dias para esse texto. Até para que a organização da São Paulo City Marathon (a prova em questão) pudesse agir ou não. Felizmente, em muitos casos, agiu e merece elogios.

A triste realidade é que, gostando ou não do que escrevi, concordando ou não, a prova ratificou o post anterior. Infelizmente.

A começar pelo “pipoca”, um tema nem citado, com a camisa da prova, que simplesmente entrou na frente do vencedor da maratona e “cortou” a fita no pórtico de chegada. Simplesmente estragou a comemoração de Raphael Magalhães. Ainda saiu rindo e xingando os fotógrafos. Com a camisa da prova. Há vídeo disso.

Depois, pessoas que cortaram caminho e acabaram recebendo a medalha top 100 ou top 20, seja nos 21 km ou 42 km. Corrigir ou acertar 100%, com esse comportamento, é praticamente impossível com a premiação na hora, no momento da chegada.

Apenas eu vi três pessoas cortando caminho (em dois pontos, por falha da organização pois não havia tapete nos retornos dos vaivéns dentro da USP na maratona). Sem falar, por relato de assinantes, de gente cortando o caminho com poucos quilômetros no Centro Velho.

Um terceiro ponto, os homens correndo com números de mulher e alterando completamente a classificação feminina nos 21 km. Alguns casos documentados pela amiga Valéria Mello Cattaruzzi e enviados pela organização. Por isso, inclusive, que aguardei. E a organização agiu, como citei acima.

O caso da Valery é simples e foi “fácil” para comprovar. Ela foi top 20 e, então, ao sair a classificação, estava em 36 no geral. Tudo bem, há o tempo líquido, mas seria uma diferença muito grande, até porque, no ritmo abaixo de 1h35, foram poucas. Hoje, na atualização, ela está em 16º.

Bastou comparar os números de peito com as fotos da prova…

Houve, ainda, casos em que as passagens de 5 km foram melhores que a do Marilson! Recordes brasileiros e sul-americanos na distância no feminino, incluindo os dos 10 km… Ou seja, não eram reais. Pode ter falha do equipamento, claro,  e em alguns casos isso se justifica, mas por coincidência, esses tempos “loucos” estão em alguns dos desclassificados.

Isso não é uma novidade. Nem uma regra. Há quem corra intencionalmente para ter um índice ou uma classificação (só lembrarmos do Desafio Boost do ano passado com namorados ou maridos correndo para classificar as namoradas ou esposas para o 1 km). Melhor nem comentar.

Esse (e o caso dos idosos) é muito simples de resolver. Já escrevi essa sugestão e fica novamente para os organizadores. Número de mulher com cor e marcação diferentes, de fácil visualização e identificação. Chegou no pórtico, é homem com número de mulher, desclassifica na hora. Precisará de poucos funcionários para organizar isso.

No caso dos idosos, idem. Número de cor diferente e com alguma marcação de destaque. Cruzou o pórtico e não é idoso, não só desclassifica como emite a cobrança dos 50% que foram descontados na inscrição (com isso constando no regulamento).

A análise da prova, ficou para uma segunda etapa e estará na cobertura da edição de setembro da Contra-Relógio.

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10 Comments on “Regulamento, as redes sociais e o comportamento das pessoas (parte 2)

  1. Estive numa prova recente aqui na região de Ribeirão Preto-SP, onde os números foram diferenciados e os velocistas não chegaram com tanta discrepância. Abraço a todos.

  2. Concordo plenamente com tudo. Diferença na numeração e maior fiscalização. Outra coisa que tenho observado nas corridas em salvador, principalmente nas premiações femininas, é mulheres de um determinado grupo de corrida representando outra para receber troféu ou medalha. quem sabe se não foi um homem que correu no lugar? Deveriam só entregar o prêmio à própria pessoa, se não estiver presente, deve receber a que chegou depois na classificação.

  3. Verdade, José Luis. Ocorre isso mesmo e acaba gerando uma dúvida.
    Abraço
    André

  4. Reuvande, boa noite
    Nossa, que notícia legal. Não sabia disso.
    Tomara que o exemplo crie frutos e que tenhamos em outras provas.
    Inclusive, com essas medidas, será possível até fazermos uma comparação de resultados.
    Abraço
    André

  5. No ano passado na Gold for Asics 21k já teve um monte de gente cortando caminho para ser top100. Ai em São Paulo é foda acontece em quase todas as corridas.

  6. André, algo que as organizadoras podem adotar fora suas sugestões, é a retirada do kit ser somente pela própria pessoa que fez a inscrição (acabar com a retirada para terceiros), dois numerais sendo um na frente e outro nas costas com número e nome (como é na competição da Volta a Ilha), só permitir quem tiver número a entrar na área da largada (como fizeram na finada Corrida da Ponte Rio-Niterói) e o controle na chegada já ser feito com no minimo 200 a 300m já retirando os possíveis pipocas e pessoas com numeral trocados de categorias. E vou além: Cortou caminho, correu na pipoca ou está usando número de outra pessoa, ela teria que ir para uma espécie de “lista negra” e proibida de participar de outras corridas. Mas sabemos que na prática, é difícil que isso aconteça.

  7. Bom dia!

    Queria saber qual a satisfação da pessoa cruzar a linha de chegada agindo dessa forma.
    Ainda prejudicando outras pessoas tirando medalhas merecida ex: top 100 ou 20 seja lá qual for e podium também, mais o que chama mais atenção é que essa mesma criatura, para não falar outra palavra, que um país melhor etc…
    Vocês que cometem esse tipo de absurdo, pode te certeza que não engana seus amigos que correm sempre com sua pessoa.
    Podem enganar seus filhos,pais, avós, tios(as) primos, irmãos, pessoas do trabalho, colégio, faculdade, curso etc…
    Muitos desses que citei acima não conhece a palavra (pace).
    Muitos não sabem o quanto é correr em um ritmo de 15km/h ou até mais, estou falando de atletas amadores como eu pois profissionais chegam muito mais.
    Gostaria de saber uma coisa, qual sua satisfação quando olha para seu quadro de medalha?
    Esses objetos que estam pendurados na sua sala para todo mundo ver, são apenas latas nada mais, só que os meus esse sim eu tenho muito orgulho pois não tive que trapacear, quando eu for avô falarei com muito orgulho para eles o quanto sofri para conquistar cada medalha.
    E você terá esse prazer de fazer o mesmo?

  8. O problema é que o tal do chip criou uma espécie de dependência nos organizadores, como se ele fosse capaz de resolver todos os problemas de classificação. Não, o chip não resolve tudo. É preciso planejamento e investimento em formas de controle. Infelizmente!!

  9. Bom Dia !!!

    Na golden Run RJ muito atletas correram com numeração de idoso !!!

  10. André, todos os comentários acima são bastantes pertinentes.
    Pelo que me recordo, em nenhuma das várias ocasiões em que recebi um troféu me foi solicitado um documento de identificação. Se eu não estivesse no momento da premiação, alguma outra pessoa má intencionada poderia ter pego o troféu e ninguém questionaria!!!
    Com relação as trocas de números pelos participantes, entendo que a maioria absoluta dos organizadores poderiam mudar a forma “intransigente” de não permitir trocas, devoluções e alterações de inscrições e criar um canal oficial com eventual cobrança de alguma taxa/multa. As pessoas podem ter um imprevisto e perderão sua inscrição, ao mesmo tempo que muita gente esta querendo participar devidamente inscrito e não pode porque as inscrições se esgotaram.

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