Estamos acompanhando, ao longo da semana, notícias sobre falhas na Vila Olímpica. Problemas que também foram constatados em Londres nas vésperas dos Jogos de 2012, mas que deveriam ter sido corrigidos aqui no Brasil.
Organizar um evento não é fácil. Extremamente complexo. Ainda mais porque deve-se pensar em diversos detalhes. Como o acabamento, as torneiras e o sistema elétrico nos prédios que receberam os atletas. Como a limpeza dos mesmos. Simples, não é?
Vale o mesmo para uma corrida de rua com 15 mil inscritos divulgados pelos organizadores, como a são Paulo City Marathon. Que não é “apenas” uma corrida de rua.
Não é questão do famoso “Complexo de vira-latas”, citado por Nelson Rodrigues, mas em termos de evento, ainda engatinhamos na organização. E a maratona/meia paulistana é apenas mais um exemplo.
Houve uma atenção especial ao percurso, ao trajeto, à largada, hidratação, alimentação, aferição, como fica claro no texto exclusivo escrito pelo Tomaz Lourenço, editor da CR. A Expo também foi montada com atrativos, distante do que vemos no exterior em grandes provas, mas superior às da América do Sul. Merece elogios nos dois casos.
Porém, não é apenas isso. Vamos pensar no todo. Desde a sexta-feira até o domingo. O evento é especificamente, de três dias. Largada em um ponto, chegada em outro e Expo em um terceiro! Complicando para todos, seja de São Paulo ou de fora.
Há provas no exterior de ponto a ponto? Sim. Claro. Quem garante o transporte? A organização. Incluso no preço da inscrição. Primeira questão. Em São Paulo, há uma cobrança extra e ainda “sujeito à disponibilidade”. Transporte público distante cerca de 1,6 km da chegada e da largada (metrô ou trens da CPTM).
E para a Expo? Estacionamento a R$ 46,00! Pelo divulgado no material oficial da prova. Distante, em uma região de tráfego intenso e a 1,7 km da estação de metrô/trem mais próxima. O que isso irá fazer? Afastar as pessoas da feira. Básico.
Em provas no exterior, o transporte público está localizado na frente dos prédios ou, se não está, há transporte da organização. Como em Nova York, que a Asics conhece muito bem pelos anos de patrocínio. Ônibus que ficam circulando por Manhattan levando e trazendo os corredores para a Expo, quantas vezes quiserem. Com pontos diante ou ao lado do metrô.
Ah, mas Nova York é Major, estamos anos-luz dela, não vale a comparação. Então, em uma prova com pouco mais de 15 mil concluintes (em próxima dos números de São Paulo), a Maratona de Barcelona, o entroncamento do metrô/trem/ônibus é na Plaza de Espanya, absolutamente na frente da Expo e da largada/chegada.
Outro exemplo de prova ponto a ponto, com transporte da organização antes e depois da prova, com o local da Expo diante de três estações de metrô/trem é Boston. Até mesmo Buenos Aires, nos dois anos anteriores, teve a feira com fácil acesso pelo metrô e ônibus (testei o serviço tanto em 2014 quanto em 2015).
Para reforçar e deixar bem claro, todos esses casos que estou citando (Barcelona, Boston, Nova York e Buenos Aires), eu acompanhei. Não é o comentar por comentar. Toda essa parte do sistema público de transporte e a preocupação da organização em facilitar o acesso, também. A Disney é outro caso de evento que pensa em todos os detalhes.
A São Paulo City Marathon tem tudo para ser uma grande prova no domingo, porém, ainda, como um grande evento, há muitos detalhes que foram deixados de lado.